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terça-feira, 23 de maio de 2017

PODERIA SER... MAS NÃO É...

★★★★★☆
Título: Mesa 19 (Table 19)
Ano: 2017
Gênero: Comédia, Drama
Classificação: 14 anos
Direção: Jeffrey Blitz
Elenco: Anna Kendrick, Lisa Kudrow, Craig Robinson, Tony Revolori, June Squibb, Setephen Merchant
País: Finlândia, Estados Unidos
Duração: 87 min.

SOBRE O QUE É O FILME?
Após recusar o convite de Dama de Honra do casamento de sua velha amiga, uma garota resolve aparecer na festa mesmo assim e completar uma mesa formada por pessoas que não se conhecem.

O QUE TENHO A DIZER...
Casamentos e situações inusitadas sempre foram temas para comédias ou dramas, como bem acontece em O Casamento de Muriel (1994) ou O Casamento do Meu Melhor Amigo (1997), coincidentemente, ambos do diretor P.J. Hogan. Claro que existem outros, mas foi esses que me lembrei de imediato quando comecei a assití-lo.

Neste filme o roteiro é assinado pelos irmãos Duplass (Jay e Mark), e tudo começa em uma confusão interessante a partir do momento que a protagonista, Eloise (Anna Kendrick), decide se aceita ou não um convite de Dama de Honra. Rapidamente os demais cinco personagens são apresentados de maneira breve e em situações cômicas, até o filme ser introduzido de fato mostrando um esquema de salão de festas, a disposição das mesas e a maneira como elas estão organizadas para receber os diferentes convidados, agrupando-os de acordo com afinidades bastante intencionais. Finalmente chega-se à mesa 19, a última do salão, aquela onde dá para sentir o cheiro do banheiro, como diz Jerry (Craig Robinson) à sua mulher, Bina (Lisa Kudrow).

Formada por pessoas sem qualquer afinidade com nenhum outro convidado, além de conhecerem de alguma forma a família dos noivos, a mesa 19 é aquela para cobrir o buraco do salão. Com excessão de Vovó Jo (June Squibb), todos os demais sabem que estão lá para isso, mas cada um presente por um motivo pessoal próprio.

Esses motivos aos poucos se revelam, e nenhum deles é muito surpreendente ou extremamente cômico. São motivos comuns, mas levados a sério por cada um deles. O problema é que essa seriedade não ultrapassa a tela, e tudo deixa uma sensação muito vaga e pouco explorada, como acontece com o personagem Walter (Stephen Merchant), que faz uma revelação um tanto chocante, que poderia ter rendido maiores interações e conflitos entre ele e outros personagens que aparecem apenas por aparecer, acrescentando nada à narrativa.

Tudo se desenvolve bem até o roteiro dar apenas atenção ao drama da protagonista, e os demais se tornarem tão coadjuvantes ao ponto do esquecimento. A festa e seus demais convidados, que poderiam ser grandes objetos para excelentes situações, até chegam a demonstrar alguma coisa, como no caso da personagem Freda (Margot Martindale, excelente e irreconhecível), e quando a gente finalmente acha que algo acontecerá para dar uma movimentada na história e tirar aquela sensação tediosa de festa movida a status e aparências, como o filme constrói, nada acontece além de um corre corre pra lá e pra cá, um entra e sai do salão, recheadas de lições de moral de uma vovó moderna com a única finalidade de dar um final feliz à mocinha da história numa confusão típica de Sessão da Tarde.

Anna Kendrick sempre à vontade em personagens desajustadas por uma razão óbvia, seus personagens são sempre assim. Já se tornou sua marca registrada, o que é um tanto ruim pelo estigma que acaba se sobrepondo a seu talento. E chega a ser incômodo ver Lisa Kudrow muitas vezes presente apenas para compor cenas de situação e nada mais, porque, como em todos os poucos filmes que fez até hoje, ela sempre consegue fazer da personagem mais coadjuvante a mais interessante, e aqui não é diferente.

Se os Duplass tivessem se importado em desenvolver melhor os personagens mais do que suas histórias um tanto vagas, interagido melhor todos dentro da situação e criado ocasiões mais convincentes entre eles próprios, talvez o filme tivesse sido mais feliz em sua intenção. Havia toda uma atmosfera propícia para ter como referência principal O Clube dos Cinco (1985), mas desperdiçou todo seu potencial para, no fim, entregar nada além de uma comédia romântica água com açúcar que até rende algumas risadas e olhos marejados, mais pela simplicidade cliché do que pelo conteúdo.

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