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domingo, 30 de outubro de 2011

FIQUE COM O LIVRO...

★★★
Título: Orgulho e Preconceito (Pride & Prejudice)
Ano: 2005
Gênero: Drama, Romance
Classificação: 12 anos
Direção: Joe Wright
Elenco: Keira Knightley, Matthew Macfadyen, Brenda Blethyn, Rosamund Pike, Talula Riley, Jena Malone, Carey Mulligan, Donald Sutherland
País: França, Reino Unido
Duração: 127 min.

SOBRE O QUE É O FILME?
Tem mil tramas dentro desta obra, mas a central delas (e que, vejam só, nem chega a ser a mais importante) é sobre uma jovem inteligente, impetuosa e instintiva do século XIX que conhece um inglês solteiro, rico, orgulhoso e introvertido, que passa a cruzar o seu caminho e a interferir em sua vida, enquanto ela e seus preconceitos acreditam que o que ele está fazendo é mais para impor sua posição social sobre a dela do que simplesmente por preocupação e pelo amor que nasce.

O QUE TENHO A DIZER...
É o primeiro grande filme de Joe Wright, não quebrando a regra de que os filmes mais fracos costumam ser o de diretores novatos. Porque embora o filme tenha concorrido a 4 Oscars, com excessão da categoria de melhor atriz, nenhum dos outros enaltecem o elenco ou o mérito de um bom filme, não para quem leu o livro e conseguiu captar o mínimo do que Jane Austen quis passar através dele.

Demorei muito tempo para assistir o filme porque nunca gostei da atriz principal e porque também nunca tinha lido o livro, e queria fazer isso primeiro antes de ter alguma opinião. Havia terminado de ler o livro essa semana, em seguida assisti a adaptação para saber se sua qualidade justificaria seu sucesso (custou em torno de US$ 26 milhões e arrecadou mais de US$120 milhões no mundo). As diferenças entre a obra e o filme é gritante. Infelizmente o filme não é bom por diversas razões.

O que faz esta obra de Jane Austen, em particular, ser um livro fantástico não é a história de amor entre Lizzy (Keira Knightley) e Darcy (Matthew Macfadyen), mas como ela foi capaz de elaborar uma história completa, cheia de personagens memoráveis e subtramas com tão pouco em suas mãos. Mesmo tendo sido escrito no século XIX, percebe-se que a autora teve a intenção de escrevê-lo para que pudesse ser adaptado de alguma forma em um futuro qualquer porque os capítulos são divididos como cenas, de maneira bastante leiga, mas é muito perceptível. Isso já é uma das características visuais principais do livro, e de como Jane Austen não era simplesmente uma autora, mas uma grande observadora social e visionária.

Os que estão familiarizados com seus livros sabem perfeitamente que a falta de lugares e de descrições que situem um personagem em seus cenários são pelo fato de ela ter sido uma escritora caseira e que foi solteira por toda a vida (tanto que ela também é conhecida como "a tia inglesa"). Isso tudo a limitou em seu espaço, não tendo viajado muito ou tido capacidade de conhecer outros lugares. Todas as descrições de lugares que ela faz é muito vago por conta de conhecer apenas os limites da propriedade onde morava. A impressão que se tem durante a leitura é que as descrições de cenários abertos são constantemente interrompidas por diálogos, uma artimanha que ela usa constantemente para evitar se aprofundar sobre uma natureza literária que ela não sabia dominar além de seus limites. Mas ela também era perspicaz o suficiente para fazer isso de uma forma que também desse aos leitores liberdade criativa de construir em suas mentes seus próprios lugares. Mas o maior interesse de Jane Austen foi descrever, através de ações e diálogos, como as pessoas eram capazes de se relacionar umas com as outras dentro da sociedade e de suas diferentes classes sociais numa era cheia de manias e costumes.

Ela era uma grande observadora, sabendo perfeitamente como traçar e transcrever a personalidade das pessoas para seus personagens, dando aos leitores a possibilidade de sempre diferenciá-los através de suas ações e, o mais importante, através dos seus diálogos e como ela os estruturava. Era possível saber a que classe social um personagem pertencia apenas pela forma como seu diálogo era descrito. Os ricos tinham um vocabulário e uma forma de falar mais nobre e fluida, enquanto os da classe média tinham um vocabulário rebuscado, forçado e sem estrutura para parecerem nobres, e os pobres um vocabulário simples, e isso no livro é feito de forma magnífica. Ela podia não ser capaz de descrever lugares, mas podia descrever perfeitamente e pintar com palavras uma personalidade.

Como o título diz, as engrenagens de todo o livro giram em torno das duas palavras, e Jane brinca com elas a todo o tempo e faz delas parte de cada um de seus personagens, às vezes sendo um mérito, às vezes sendo um defeito. Mas o filme não apenas boicota muito do que há no livro como também mal interpreta importantes significados e personagens. Além disso, também há a falta da sutileza, da ironia e do sarcasmo, que são as mais importantes características do estilo austeniano. E mesmo o filme utilizando muitos dos diálogos originais, os atores parecem não saber quem eles estão exatamente interpretando porque nunca dão o impacto ou as sutis características que Jane descreve.

O Sr. Bennet nos livro é descrito como um homem intensamente sarcástico, afogado há anos em um casamento que vagarosamente substituiu o amor pela consideração e conveniência do dia-a-dia, respeitando e sendo compreensível com todos, mas nunca sendo uma figura terna, completamente o contrário do que Donald Sutherland retratou no filme e no seu forçado sotaque britânico. O mesmo pode ser dito sobre outros personagens. Keira Knightley, em meu ponto de vista, não foi a melhor escolha, e sua indicação ao Oscar de 2006 ainda é uma dúvida na minha cabeça porque todos os anos sabemos que há uma campanha silenciosa para apresentar a mais nova estrela em ascenção, e isso não significa que esta pessoa seja boa, mas que tem condições de ser uma estrela, e 2006 foi o ano de Keira, porque sua interpretação no filme é comum, para não dizer irritante e inconveniente perto de uma descrição tão diferenciada existente no livro. O Sr. Darcy é um homem sério e cansado da sociedade hipócrita que o circunda e das formalidades comuns que ele tem que ter por ser uma figura pública. Jane o descreve de tal forma que percebemos que ele é praticamente um sociopata, amando e sendo acompanhado apenas por aqueles que ele tem afeto e convive, mas despreza os que ele não conhece, sendo um homem de poucas palavras, mas nunca grosseiro. Ele é sutil, inteligente e um grande observador, mas Matthew Macfadyen pode até ter uma presença forte, mas sua performance é fria e vazia, e não apenas contida e oprimida como Sr. Darcy realmente é. O Sr. Collins, assim como Jane o descreve, tem uma forçada e inconveniente formalidade, usando um vocabulário difícil quando fala para impressionar e parecer nobre, mas ele não é inseguro, esquisito e cômico como o filme mostra, pelo contrário, a sua seriedade e formalidade é tão imponente que chega a causar vergonha alheia.

Então percebe-se que boa parte do elenco desaponta, deixando os créditos apenas para aqueles mais experientes e que sabiam exatamente o que fazer, como Brenda Blethyn (como Sra. Bennet) e Judi Dench (como Lady Catherine), duas atrizes que dispensam qualquer comentário e que, obviamente, já devem ter lido a obra de Jane Austen incansavelmente, pois a caracterização de ambas é digna do que o livro descreve.

CONCLUSÃO...
Analizando o filme como um todo, acredito que Joe Wright poderia, com certeza, ter aproveitado mais as críticas sociais que Jane Austen joga de maneira tão discreta no livro, as relações entre as pessoas em torno de seus orgulhos e preconceitos, a sutileza e o sarcasmo dos diálogos, além da constante formalidade Britânica, que foi muito ignorada. É um filme pobre, desprezível e esquecível perto da riqueza presente no livro. Ainda está para ser feito uma adaptação digna.

domingo, 23 de outubro de 2011

HORRIBLE MOVIE!

Título: Quero Matar Meu Chefe (Horrible Bosses)
Ano: 2011
Gênero: Comédia
Classificação: 14 anos
Direção: Seth Gordon
Elenco: Jason Bateman, Steve Wiebe, Charlie Day, Kevin Spacey, Jennifer Aniston, Colin Farrel
País: Estados Unidos
Duração: 98 min.

SOBRE O QUE É O FILME?
Sobre 3 amigos que são maltratados pelos seus respectivos patrões e decidem acabar com seus problemas matando cada um deles.

O QUE TENHO A DIZER...
Este é mais um daqueles filmes que eu me pergunto por que assisti. É dirigido pelo novato Seth Gordon, que tinha experiências em direção com episódios de seriados. O trailer é enganoso e promove o filme como uma comédia de humor negro e interessante, já que todo mundo já quis algum dia matar seu chefe.

Mas ao contrário disso é uma comédia trivial e um dos filmes mais horríveis que assisti nos últimos anos, sendo impossível acreditar no alto índice de avaliação que este filme tem recebido pelas pessoas tanto no IMDb quanto no Rotten Tomatoes, além do filme ter arrecadado mais de US$200 milhões no mundo. O que há de errado com essas pessoas? Será que perderam completamente a capacidade de julgamento? O que elas tem assistido ultimamente para inacreditavelmente considerarem este filme algo assistível ou o que seja?

O tema é interessante, mas o roteiro é horrível, com personagens irritantes e muito, mas muito mal desenvolvido. Nunca achei Jennifer Aniston engraçada ou interessante mais do que vi em Friends, mas aqui ela excede a linha do que um ator nunca deveria fazer. Acho o mesmo sobre Jason Bateman, ele não é engraçado e nunca consegui entender porque os norte-americanos amam tanto ele. Os únicos atores que salvam alguns minutos são Kevin Spacey e Collin Farrell, ambos parecem apenas estar se divertindo e, mesmo numa caricatura exagerada, eles não fazem força para fazer uma cena ser engraçada, coisa que os demais atores não conseguem.

CONCLUSÃO...
Horrível, sem graça, desconfortável, uma perda de tempo e dinheiro. Terrível! Só pra quem gosta de pastelão vergonhoso mesmo.
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