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sábado, 2 de março de 2013

SUTILEZA E DISCRIÇÃO QUE CHAMAM ATENÇÃO...

★★★★★★★
Título: As Sessões (The Sessions)
Ano: 2012
Gênero: Comédia, Drama
Classificação: 16 anos
Direção: Ben Lewin
Elenco: John Hawkes, Helen Hunt, William H. Macy, Moon Bloodgood
País: Estados Unidos
Duração: 95 min.

SOBRE O QUE É O FILME?
Sobre um poeta que vive em um pulmão de aço e resolve contratar uma terapeuta sexual para perder a sua virgindade. 
O QUE TENHO A DIZER...
As Sessões é um filme que vaga entre a comédia e o drama de forma muito natural e sem exageros de nenhuma forma. Na verdade o filme não tem pretensões alguma de ser qualquer coisa, apenas uma forma de mostrar um ponto de vista humano e motivador mesmo dentro de uma vida limitada como a do poeta, jornalista e advogado Mark O'Brian, que contraiu poliomielite aos seis anos de idade. A doença fez com que todos os músculos do seu corpo deixassem de funcionar corretamente, o que o deixou em uma condição paralisada e extremamente limitada, com excessão do pescoço e cabeça, o que o obriga a viver dentro de um pulmão de aço, já que ele não tem força suficiente para respirar sozinho por um longo período de tempo.
A história contada no filme é baseada em fatos reais, em um artigo publicado por ele mesmo em 1990 a respeito de seus encontros com a terapeuta sexual Cheryl Cohen-Greene, com quem ele ficou amigo até sua morte, em 1999. A razão dele tê-la contratado é que, mesmo tendo uma relação muito próxima com diversas mulheres que o adoravam pela sua simpatia e genuíno senso de humor, aos 38 anos nunca conseguira ter uma relação sexual com nenhuma delas. Além disso ele sofria de ejaculação precoce, o que muitas vezes o deixava constrangido perto das pessoas, pois as faziam ter idéias erradas sobre o que acontecia, principalmente das que cuidavam dele, já que um simples toque era o suficiente para acontecer algo no qual ele não tinha controle e não sabia como fazê-lo. E então é com a ajuda de seu amigo padre, de sua terapeuta e de uma amiga igualmente deficiente que ele resolve entrar em contato com Cheryl, e as sessões serão justamente o limite de seis sessões de terapia que ela oferece aos pacientes.
Nos EUA a profissão de Cheryl é conhecida como "sex surrogate", ou seja, uma pessoa que "aluga" o sexo por algum motivo específico e terapêutico, o que as diferem de prostitutas, que vendem o sexo apenas pelo dinheiro, sem uma razão específica. O termo é traduzido como "terapeuta sexual", o que não é uma forma muito correta de tradução já que no Brasil os terapeutas sexuais são profissionais que lidam apenas com a psiquê e não com o físico, o que pode gerar uma certa confusão.
Mark é interpretado brilhantemente por John Hawkes, em um daqueles papéis que é quando temos certeza que um ator é bom frente a tantas limitações e obstáculos. Cheryl é interpretada por Helen Hunt, que não tem nenhum momento ou cena específica que destaque sua personagem para chamar a atenção de premiações, mas oferece uma atuação bastante sincera e emocionalmente contida, sendo até mesmo uma surpresa, já que a atriz dificilmente encontrou bons papéis depois de ter ganho o Oscar em 1998 por Melhor É Impossível (As Good As It Gets, 1997). Ambos atores conseguiram chamar a atenção com tanta sutileza e discrição, concorrendo a todos os principais prêmios da temporada como Screen Actors Guild, Golden Globes e o Oscar. Infelizmente levaram poucos dos prêmios que concorreram por ter sido um ano realmente bastante competitivo, mas deixaram evidente em como bons atores necessitam de pouco para transformar algo simples em grandioso.
CONCLUSÃO...
Um filme leve, delicado e bastante motivador, que até mesmo nos momentos dramáticos consegue ser sutil e natural. A relação construída entre Mark e Cheryl é bastante interessante e o ponto alto do filme. Há também as relações paralelas entre Mark e suas cuidadoras Amanda e Vera, que não apenas o compreendiam como também foram seus braços, pernas e a extensão para o mundo exterior que ele não tinha.
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