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segunda-feira, 20 de maio de 2013

DEL TORO E SUA FORMULETA JÁ CANSADA...

★★
Título: Mama
Ano: 2013
Gênero: Terror, Suspense, Drama
Classificação: 14 anos
Direção: Andrés Muschietti
Elenco: Jessica Chastain, Nikolaj Coster-Waldau
País: Espanha, Canadá
Duração: 100 min.

SOBRE O QUE É O FILME?
Duas irmãs ficam órfãs em uma cabana no meio de uma floresta. Alguns anos depois elas são encontradas agindo de forma selvagem pelo tempo que ficaram fora da vida civilizada. Elas são levadas de volta para seu tio, o único membro da família que restou e que procurou incansavelmente por elas durante esses anos. Em uma fase de readaptação social e familiar, as duas irmãs demonstram melhoras, mas ainda há algum segredo guardado por elas e que foi trazido junto da floresta.

O QUE TENHO A DIZER...
Mama foi escrito e dirigido por Andrés Muschietti, um diretor argentino que tem mais experiência como produtor de televisão no seu país. O filme é baseado em um curta metragem dele mesmo, chamado Mamá, de 2008. O filme tentou pegar carona no sucesso de Jessica Chastain e sua segunda indicação consecutiva ao Oscar, o que funcionou muito bem, arrecadando mais de US$71 milhões só nos EUA, quantia relevante para um filme que custou US$15 milhões. Esperava-se que ele tivesse um sucesso maior no resto do mundo, o que não aconteceu. No Brasil, por exemplo, ele foi ofuscado pelo lançamento de Homem de Ferro 3, e passou despercebido, quase esquecido.

O elemento chave pelo sucesso modesto foi por ter levado em seu cartaz o nome do também todo-poderoso-mexicano Guilhermo Del Toro, que ficou famoso pelo fantasioso e metafórico O Labirito do Fauno (Pan's Labirith, 2006). Depois desse filme Guilhermo se dedicou mais nas produções do que na direção. Foi dessa safra de homem produtor que saiu uma pequena pérola chamada O Orfanato (El Orfanato, 2007), que chamou atenção pela sua mistura homogênea de diferentes sensações e caracterizou um estilo de filme que o Sr. Del Toro vem incansavelmente repetindo em títulos como Os Olhos de Julia (Los Ojos de Julia, 2010), Não Tenha Medo do Escuro (Don't Be Affraid Of The Dark, 2010) e agora, Mama.

Para quem já assistiu todos esses filmes anteriores produzidos por ele, não vai se impressionar nenhum pouco com essa história. Pelo contrário, ficará bastante decepcionado porque ele é apenas mais um filme que repete tudo o que já foi contado nos demais e mantém aquele suspense dramático que Guilhermo conseguiu reinventar, mas não conseguiu manter. Junto a isso tudo há as pitadas dos japoneses enlatados como O Grito (The Grudge, 2002), O Chamado (Ringu, 1998) e todos aqueles filmes de terror obcecados pelo excesso de cabelo. E a trama também não foje muito do também recente A Mulher de Preto (The Woman In Black, 2012), um filme muito mais modesto, também cheio de fórmulas repetidas, porém muito melhor construído e mais coerente dentro de sua simplicidade.

Embora Muschietti exagere bastante na construção de tomadas dinâmicas e enquadramentos perfeitos que tentam flambar um lirismo que não se encaixa, o filme pode até ser visualmente bem feito, mas não sai daquela sensação barata de que já vimos isso tudo antes em algum lugar... e o "algum lugar" são todos os filmes que citei anteriormente. Soma-se a isso a incansável insistência de exagerarem nos (d)efeitos especiais, que mais causam constrangimento do que a tentativa de susto, ou personagens com uma construção sem nexo, como o fato da personagem de Jessica Chastain ser roqueira e toda tatuada, o que não traz acréscimo algum a qualquer ponto do filme.

Não é de hoje que o cinema vem mostrando cansaço nos filmes de horror, um cansaço que está levando o gênero para sua auto-destruição. Seria muito mais simples se levassem a produção desses filmes a sério ao invés de quererem tansformá-los em previsíveis blockbusters, o que não vem acontecendo há muito tempo, e mesmo assim a insistência persiste.


CONCLUSÃO...
Situações sem nexo e mal explicadas, além de demais defeitos recorrentes da repetitividade do estilo fazem de Mama um grande alarde para algo bem insignificante. Mais um daqueles que o público adolescente pode adorar, mas vai ser um pé no saco principalmente para aqueles que já devoraram todos os outros filmes produzidos por Del Toro, imaginando que pudessem ser igualmente surpreendentes, e não foram tanto quanto esse novamente não é.

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