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sábado, 27 de abril de 2013

IMPRESSIONA OS NOVOS, MAS NÃO OS MACACOS VELHOS...

★★★★★
Título: Oblivion
Ano: 2013
Gênero: Ação, Ficção Científica
Classificação: 12 anos
Direção: Joseph Kosinski
Elenco: Tom Cruise, Olga Kurylenko, Andrea Riseborough, Morgan Freeman
País: Estados Unidos
Duração: 124 min.

SOBRE O QUE É O FILME?
Um homem enviado a Terra para ajudar a explorar os últimos recursos existentes para a humanidade que agora habita um novo planeta após vencerem uma guerra contra alienígenas, começa a levantar questões fundamentais sobre sua missão e sua existência.

O QUE TENHO A DIZER...
Oblivion foi escrito e dirigido por Joseph Kosinski, o mesmo da continuação-tardia-mas-um-pouco-decepcionante-porém-boa-mesmo-assim de Tron: O Legado (Tron: Legacy, 2010). Ele não é um diretor de muitos trabalhos, não. Oblivion é seu segundo filme, e para quem assistiu o primeiro longa, vai notar muitas semelhanças nesta nova empreitada do diretor na ficção científica.

O filme conseguiu estrear em primeiro lugar nos EUA, mas não foi lá grandes coisas, arrecadando um pouco mais de US$35 milhões no primeiro final de semana. De qualquer forma é algo a se relevar, já que demonstra que, apesar dos pesares, Tom Cruise ainda continua sendo um forte nome no cinema.

Um nome forte no cinema, porém um ator já cansado. Cruise se esforça em se mostrar jovial e até consegue aparentar ter uns 15 anos a menos dos 51 que vai completar, mas sua atuação é a mesma desde de Top Gun (1986), fazendo as mesmas caras nas mesmas situações. Enfim, não há mais novidade para ele apresentar. Cruise ainda atrai público porque seu nome está sempre ligado a grandes produções que ele faz questão de pessoalmente interferir para garantir um selo de qualidade, seja como produtor ou não. As qualidades existem, mas nem por isso faz de seus filmes algo bom.

Fiquei bastante interessado no título ainda no ano passado, quando comentários sobre ele surgiram e os boatos pipocavam em torno de todo o visual futurista. Certamente, assim como Tron: O Legado, Kosinski exagera no deslumbre dos cenários grandiosos e inóspitos. Dessa vez estamos em um mundo pós-apocaliptico que, mesmo trazendo certa angústia, não deixa de ser belo. Junto a isso, novamente a trilha sonora é o grande destaque, pois outra vez segue os mesmos elementos do filme anterior do diretor. Claro que logo quando o filme começa, percebemos que muitas referências a Van Halen e sua icônica trilha sonora de Blade Runner nunca será o bastante, incrementando um clima sombrio mesmo sob o ardente Sol.

O suspense é sempre o ponto alto do filme. O diretor faz malabarismos com a câmera para dar agilidade e dinamismo nos momentos que o filme pede, mas boa parte do filme tudo é muito contidos, e a câmera geralmente está sempre de frente do protagonista solitário, que se interage apenas com o meio e a tecnologia, nos impedindo de saber o que está pela frente e ao seu redor, criando aquela expectativa de que a qualquer momento algo pode acontecer, numa tensão natural.

Mas assim como na trilha sonora, Oblivion também exagera em referências como um todo sobre clássicos desde Star Wars, 2001 e Jornada Nas Estrelas até os mais modernos como Matrix e o excelente, ignorado e raramente visto Lunar (Moon, 2009). Mesmo tentando dar um certo ar inovador, não é possível ignorar ou fingir que não existem semelhanças. O grande erro do filme é acabar entrando nos clichés comuns das ficções científicas que querem abranger um grande público, o mesmo erro cometido pelo fracassado Prometheus (2012), por exemplo. Tudo começa muito bem, mas depois de uns 40 minutos o espectador já manjado passa a simplesmente ver pratos repetidos de ficções científicas anteriores, numa miscelânia bastante identificável, além de se tornar previsível e, dizendo o bem da verdade, cansativo. Sem comentar que o momento em que Morgan Freeman aparece não poderia ter sido mais exagerado. Nos últimos 10 anos o ator parece que deixou de trabalhar por bons papéis e passou a trabalhar por uma necessidade, sua credibilidade só não caiu porque a popularidade que ele tem sempre foi alta, e eu não entendo o por quê. Morgan tem exagerado no cinismo e feito questão de aceitar os papeis sempre com aquele ar de que está zombando da cara do espectador, e eu não gosto de ter essa sensação.

Oblivion tenta ser ousado na medida do que é possível em Hollywood, mas não decola e muito menos convence. A falta de explicações de certas coisas importantes e o exagero de explicações para coisas menos relevantes deixam o filme com um um ar sonso, coisa de quem não tinha a mínima idéia do que estava fazendo ou para onde queria levar a história.

CONCLUSÃO...
Infelizmente é mais um filme que irá enganar bastante uma nova geração que pouco conhece a tragetória da ficção científica no cinema, ou o público que pouco saiba identificar as referências (ou genéricos) utilizadas(os), ou até mesmo aqueles que pouco ligam pra isso ou nada sabem. Bonito, sim. Visualmente deslumbrante, também. Mas só, pois a verdade é que ele não impressiona os macacos velhos. 
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