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sexta-feira, 4 de novembro de 2016

NÃO RESPIRE...

★★★★★★★☆☆☆
Título: O Homem Nas Trevas (Don't Breathe)
Ano: 2016
Gênero: Suspense
Classificação: 14 anos
Direção: Fede Alvarez
Elenco: Jane Levy, Dylan Minnette, Daniel Zovatto, Stephen Lang
País: Estados Unidos
Duração: 88 min.

SOBRE O QUE É O FILME?
Três colegas resolvem assaltar uma casa, mas as coisas não saem realmente como planejavam.

O QUE TENHO A DIZER...
Se tem uma coisa que me irrita muito nos títulos em português é a deturpação do filme e do seu contexto. Isso é muito comum em filmes como esse, que quando chegam no Brasil sem fama alguma, sensacionalizam o título para ter venda fácil. O material promocional também o vende como um produto de terror, algo igualmente comum nas produções da Ghost House, produtora de Sam Raimi, que apenas investe neste gênero, dos quais raramente algum seja realmente bom ou realmente de horror.

Portanto, esqueça, não é um filme de horror, não é um filme gore (sanguinário) e muito menos macabro, como pode parecer. É puramente um suspense, no seu sentido mais cru, porque não há monstros, não há sobrenatural, não há um assassino em série ou qualquer outro elemento que pudesse caracteriza-lo como tal. E falar somente sobre isso já é o suficiente para não estragar algumas surpresas que ele segura.

Então, basicamente a história é de três conhecidos que ganham a vida assaltando casas facilmente porque o pai de um deles é dono de uma empresa de segurança, tendo informação e acesso fácil às casas asseguradas. Mas aquilo que roubam não lhe dão o retorno financeiro que esperam. É quando descobrem que, em uma casa isolada, onde mora um senhor cego, há uma grande quantidade de dinheiro suficiente para abandonarem essa vida delinquente. Resolvem fazer desse assalto o último golpe, mas como todo filme do gênero, as coisas não saem muito certas.

Por incrível que pareça, esse filme um tanto desconhecido pelos lados de cá foi um dos mais inesperados sucessos do primeiro semestre nos lados de lá. Seu orçamento foi de US$9 milhões, enquanto arrecadou mais de US$140 milhões no mundo.

De fato, é uma surpresa, porque o título original (que significa "não respire") é basicamente o que o espectador fará do começo ao fim devido a tensão que a história cria. Sendo mais interessante o fato de não demorar para essa atmosfera surgir, a qual é mantida até o final de maneira bem satisfatória. Os atores não fazem feio, e a idéia um pouco ousada do diretor uruguaio, Fede Alvarez, pode lhe render um ótimo futuro se ele souber cultivá-lo como fez com essa produção.

Alvarez, é o mesmo do remake de Uma Noite Alucinante (Evil Dead, 2013), que foi bastante criticada porque mexia com o clássico imexível do próprio Raimi. Por conta das negativas críticas recebidas pelo longa anterior, este atual filme é basicamente uma resposta a isso. Ele optou por um material original (o roteiro foi escrito por ele), sem grandes derramamentos de sangue ou que tivesse elementos sobrenaturais. Daí a razão do uso de elementos que, pelo senso comum, seriam inofensivos, pois seu exercício durante o desenvolvimento do roteiro foi criar uma história partindo totalmente do inverso daquilo que seria um filme de horror com elementos óbvios, onde tudo fosse explícito ou evidentemente ameaçador, além de desgastado como o gênero está.

A concepção é muito interessante e fazia tempo que eu não assistia um thriller como esse, que me deixasse naturalmente tenso com suas sequências e algumas boas sacadas que enganam o espectador com omissões sem subestimar sua inteligência, algo que é difícil se fazer. Mas assim como Hitchock afirmava, filmes de suspense dependem apenas da técnica. Alvarez definitivamente mostra ter habilidade com ela, e não é à toa que a história tem lá seus buracos, incoerências e absurdos, com um desenvolvimento muito pobre dos personagens e razões muito rasas para serem criminosos. Mas a tal efetividade da técnica consegue ser mais presente, deixando esses defeitos apenas como pano de fundo para a construção da atmosfera apreensiva.

De certo modo há até referências a clássicos como o próprio Uma Noite Alucinante (Evil Dead, 1981), Cujo (1983) e Silêncio dos Inocentes (Silence Of The Lambs, 1991), os dois últimos, muito bem referenciados, por sinal.

CONCLUSÃO...
Não é um daqueles filmes brilhantes, mas cumpre aquilo que promete, desde que não seja assistido como um filme de horror. Mesmo no visível baixo orçamento, ele se destaca de muito outros mais caros e muito mais comerciais do mesmo gênero, além de igualmente também oferecer muito mais.

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