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sexta-feira, 28 de outubro de 2016

CONFORTAVELMENTE EFICIENTE...

★★★★★★★☆☆☆

Título: Warcraft
Ano: 2016
Gênero: Ação, Fantasia
Classificação: 12 anos
Direção: Duncan Jones
Elenco: Travis Fimmel, Paula Patton, Ben Foster, Dominic Cooper, Toby Kebbel
País: China, Canadá, Japão e Estados Unidos.
Duração: 120 min.

SOBRE O QUE É O FILME?
Baseado na série de jogos de RPG, a guerra entre Orcs e Humanos começou.

O QUE TENHO A DIZER...
Embora tenha sido um fracasso nos EUA, não conseguindo chegar nem a US$48 milhões nas bilheterias, no resto do mundo o filme foi um sucesso, arrecadando um total de quase US$434 milhões por conta da fidelidade dos fãs sobre um dos títulos multimídia mais famosos de RPG da história.

Warcraft é uma febre entre adolescentes e jovens adultos, e um filme com seu título demandava muita responsabilidade, já que a História nos revela a péssima reputação que adaptações de jogos tem nos cinemas.

Mesmo aqueles que não são fãs, ou que particularmente não conheçam nenhum dos jogos, irá entender tudo muito facilmente. Para aqueles que sejam familiarizados com o estilo, ou que ao menos tenha assistido aos filmes do Senhor Dos Anéis - ou lido os livros de Tolkien - já tem material suficiente para ficar satisfeito sem compromisso. Sim, Tolkien sempre será uma referência vívida em qualquer título de RPG, pois foi ele quem popularizou a tal gramática - ou protocolo - que envolve a criação desses mundos.

A história é simples demais, explicando brevemente que a guerra entre Orcs e Humanos vai ter início a partir do momento em que um ambicioso feiticeiro Orc abre um portal no mundo de Draenor para o mundo de Azeroth, onde poderão reconstruir sua raça. O problema surge quando os humanos começam a ser mortos em massa sem saberem os reais motivos disso, e então a guerra é declarada.

Por um enredo principal tão simples, poderia se esperar o pior. Mas a questão é que em RPG's o simples existe para dar espaço ao complexo, que no caso seriam as subtramas e uma maior densidade dramática nos personagens. Mas o filme, dirigido e escrito por Duncan Jones (filho de David Bowie), ao invés de seguir a estrutura dos jogos, conseguiu transportar com bastante objetividade apenas o necessário, incluindo subtramas, e o arco dramático dos personagens é bem brando, causando uma comoção aqui e alí, mas nada muito pesado ou profundo. Basta dizer que ele fez tudo isso sem estragar nada, tudo numa zona de segurança muito-muito segura mesmo. A razão parece óbvia o bastante: dar oportunidade para os espectadores serem mergulhados no mundo de Azeroth, com a atenção voltada apenas aos detalhes que fazem parte das estruturas de um típico RPG.

O mundo distinto, os diferentes mapas, as estratégias de guerra, orcs, humanos, elfos, anões, animais de estimação (os "pets"), cidades com arquiteturas próprias, choques culturais, línguas distintas, florestas, magos, magias, explosões coloridas, encantamentos, vegetação e clima variados, etc... Tudo que se pode esperar de um mundo fantástico, como é o de Warcraft, ou de qualquer outro RPG, está no filme, seja em presença ativa ou apenas uma mera referência. É uma adaptação simples, mas consistente no seu propósito, que abraça os principais ícones do gênero e do estilo para criar um mundo fantasioso e à parte, com sua própria mitologia. Isso faz parte do protocolo, e realmente é difícil sair do hors concurs, do senso comum, daquilo que partiu de uma fantasia RPGista.

Mesmo com um orçamento exorbitante de quase US$150 milhões em 10 anos de produção, o filme mais parece uma cena de 120 minutos de computação gráfica (CG) retirada de algum dos jogos do que algo filmado de fato. Claro que as animações são deslumbrantes, principalmente dos Orcs, que por vezes passam uma expressividade ou uma naturalidade nos movimentos ao ponto de ficarmos na dúvida se são atores reais em pesada maquiagem ou não, mas que por outras vezes a artificialidade também fique bem nítida. O mundo construído é extremamente detalhado, mas tudo, como um todo, parece muito plástico, sem aquela mesma beleza mais natural e realista que se vê, por exemplo, na trilogia O Senhor dos Anéis. Por vezes tive a impressão de estar assistindo mais um episódio de algum seriado do Sci-Fi Channel. Mas tudo bem, porque visualmente Warcraft consegue ser complexo, e o que Jones conseguiu fazer em cima disso ainda é admirável. O excesso de CG não estraga a experiência, mas chega um ponto em que nos perguntamos qual o motivo de atores reais estarem no meio de tudo? E sem dúvida, isso acaba reduzindo sua relevância como um filme, mas não como entretenimento.

A maioria do elenco parece bem amadora, e de todos apenas dois nomes são bem conhecidos: Paula Patton, como Garona; e Ben Foster, como Medivh. Há também uma brevísssima aparição de Glenn Close, mas é tão rápida que se piscar os olhos na hora errada, vai perder.

O filme pode ter um roteiro raso e um enredo simples, mas se fosse o contrário, todo o encarecido e plastificado visual se ofuscaria com facilidade. Ainda não é um filme que conseguirá representar o RPG como Peter Jackson fez, mas consegue ser uma das poucas boas ataptações de jogos para o cinema e que diverte sem ser presunçoso, principalmente porque nenhuma raça é verdadeiramente vilã, algo que Jones fez questão de deixar claro.

CONCLUSÃO...
O enredo simples existe para não ofuscar o visual ou fazer o espectador perder o foco além de simplesmente mergulhar na fantasia do mundo de Warcraft. Mas a zona de conforto no medo de estragar uma série de mundial sucesso fez de tudo apenas mais um entretenimento, com uma relevância quase inexistente.

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