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sexta-feira, 28 de outubro de 2016

ADORAMOS VÊ-LO FUGIR. SEMPRE!

★★★★★★★☆☆☆
Título: Jason Bourne
Ano: 2016
Gênero: Ação
Classificação: 14 anos
Direção: Paul Greengrass
Elenco: Matt Damon, Tommy Lee Jones, Alicia Vikander, Vincent Cassell, Julia Stiles
País: Reino Unido, China, Estados Unidos
Duração: 123 min.

SOBRE O QUE É O FILME?
Bourne está fora dos radares da CIA, até uma antiga agente desligada interceptá-lo com novas informações sobre seu passado.

O QUE TENHO A DIZER...
Uma coisa é fato, e indíscutível: Se não fosse Jason Bourne, os filmes de 007 não estariam tão bons. Jason Stathan não teria virado referência no gênero e Matt Damon seria apenas um ganhador de Oscar que continuou fazendo dramas medianos.

Acredite, a Trilogia Bourne original foi revolucionária no cinema de ação atual e o seu formato impactou diretamente a forma de se fazer filmes do gênero em Hollywood, a começar pelo dinamismo na edição e a câmera mais livre que Paul Greengrass adicionou a partir do segundo filme (já que o primeiro foi dirigido por Doug Liman), e isso deu a sensação de o espectador ser um grande observador ativo em toda a história.

Apenas a Trilogia Bourne arrecadou quase US$2 bilhões pelo mundo (somando bilheteria e home vídeo), além de respeitosamente figurar entre os 100 melhores filmes de ação da história. Mas as pessoas devem saber que foi gradual, e o sucesso do herói só foi tomar proporções mundiais de fato no terceiro filme.

Como dito, Bourne foi um divisor de águas no cinema de ação, e o que Tony Gilroy e Paul Greengrass fizeram, se tornou referência.

A trilogia foi baseada em uma série de livros de Robert Ludlum, uma série que foi continuada pelo escritor Eric Van Lustbader após a morte do colega em 2002. Depois do terceiro filme, Greengrass afirmou que não voltaria à franquia, tanto que, quando soube que haveria uma continuação com Jeremy Renner (que não teria Damon, mas aconteceria no mesmo universo), o diretor bricou, entitulando o filme como "A Redundância Bourne".

Mesmo sendo escrito e dirigido por Tony Gilroy, roteirista e produtor da trilogia original, O Legado Bourne (The Bourne Legacy, 2012) não causou o mesmo impacto principalmente porque seguiu uma estética muito similar ao primeiro filme, dando aquele ar de deja vu no decorrer da trama. Mas de qualquer forma, Renner deu ao personagem Aaron Cross possibilidades para crescer. E o fato de terem continuado a trama por outro ponto de vista apenas reinterou a informação dos filmes anteriores de que Jason Bourne nunca foi o único, expandindo o universo para novas possibilidades.

Questionado frequentemente se voltaria ao papel, ou se haveria possibilidade de um encontro entre Jason Bourne e Aaron Cross em algum ponto da franquia, Matt Damon sempre afirmou que só voltaria se Paul Greengrass dirigisse o projeto. E assim foi. Greengrass, que outrora zombou de continuações, voltou ao projeto e Damon também. Se foi excepcionalmente pelo dinheiro, não se sabe, o que sabemos é que a parceria funciona, e que Damon realmente gosta de Bourne.

O filme começa com Nicky Parsons (Julia Stiles, a mesma da trilogia original) já desligada da CIA e hackeando a agência para obter documentos dos programas secretos de segurança do Governo, já que está intencionada a expô-los publicamente, no qual incluem os projetos Treadstone, Emerald Lake, Rubicon, Spearfish, LARX, Outcome, Hourglass, Spectrum, Blackbriar e Iron Hand, dos quais alguns já foram mencionados nos filmes anteriores. Bourne foi um dos primeiros no projeto Treadstone, e Nicky a responsável por alertá-lo de que ele não era o único, e que havia outros projetos além do que ele participou (é daí que surge o personagem Aaron Cross, que fez parte do projeto Outcome, explorado em O Legado Bourne).

Óbvio que, sem saber, ela será rastreada durante o hackeamento, indo atrás de Bourne para ajudá-la a revelar as informações. Bourne, que estava desaparecido dos radares desde os acontecimentos do último filme da trilogia original, novamente se torna alvo da CIA juntamente com Nicky, e a partir daí começam as cenas de perseguição, fuga, combate e espionagem clássicas da série.

Algumas pequenas mudanças ocorreram. No lugar de Pamela Landy (Joan Allen), entrou Robert Dewey (Tommy Lee Jones) como novo diretor operacional da CIA, e a função de Nicky Parsons (Julia Stiles) agora é de Heather Lee (Alicia Vikander). A questão é que Heather é muito mais ambiciosa, e quer derrubar Dewey para inciar uma nova geração de operações na CIA.

É inegável que, apesar de o cenário ser sempre o mesmo e esta sequência nem ser uma das melhores da franquia, ainda consegue ser um excelente filme de ação. Por parte do enredo, é um dos mais fáceis dos quatro filmes, não há reviravoltas mirabolantes, pistas falsas ou excesso de informações sobre os programas secretos para ficarmos confusos. Nem diálogos há muito, sendo o filme em que Matt Damon menos fala nas mais de duas horas de duração, ganhando até mesmo de seu personagem em Perdido em Marte (The Martian, 2015).

Mas quem disse que Bourne precisa falar? Matt Damon sempre foi um ator mais expressivo do que performático, e ele fez disso a característica principal de Bourne, sendo o verdadeiro atrativo dos filmes, afora as cenas de ação que aqui podem não ter tanto quanto nos anteriores, se extendendo demais em perseguições de carro, mas que mantém o mesmo ritmo frenético de Greengrass. Portanto, tem festival de sobra para os fãs, e a qualidade sonora e visual é bem paga no alto orçamento de US$120 milhões.

As reviravoltas na trama são modestas, e o que fazem delas interessantes são os próprios atores. Tommy Lee Jones é sempre carrancudo, objetivo e determinado, algo que ele sempre foi e por isso se encaixa em papéis como esses, não sendo à toa que ele bata o recorde de personagens que sejam ou da CIA, ou do FBI. Em contraponto está Alicia Vikander, sempre na espreita, tentando manipular e chegar ao centro comendo pelas bordas. Sua personagem é uma das mais interessantes da franquia, justamente por Bourne nunca saber de que lado ela realmente se encontra, uma dúvida que ganha o espectador ao também deixá-lo na mesma situação, o que é algo difícil de acontecer. Tanto que o filme rende um dos melhores finais da franquia. Final simples, mas de uma engraçada e merecida frustração (e que não é do espectador), encerrando com chave de ouro essa história, mas deixando aberto para um provável futuro.

Jason Bourne é o filme mais fácil da série, na intenção de conquistar o público jovem que não o conheceu antes (já que existe um buraco de quase 10 anos entre o último filme e este), a geração Y que pouco se importa com o conteúdo. Entitulá-lo apenas com o nome do personagem dessa vez pode significar o recomeço que a franquia não conseguiu com O Legado Bourne, até mesmo porque o filme arrecadou mundialmente mais de US$412 milhões, o que já garante sua continuação e mostra que o personagem ainda tem fôlego para sobreviver, mesmo depois de tanto tempo. E não há como se discutir: todos nós amamos Bourne, e adoramos vê-lo fugir sempre.

CONCLUSÃO...
Não é o filme mais forte da franquia, mas também não é descartável. Talvez seja a retomada da série. E que seja, Jason Bourne é o fugitivo que sempre iremos adorar ver.

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