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sexta-feira, 8 de abril de 2016

CONTINUAÇÃO SEM SER SEQUÊNCIA...

★★★★★★★
Título: Rua Cloverfield, 10 (10 Cloverfield Lane)
Ano: 2016
Gênero: Suspense
Classificação: 14 anos
Direção: Dan Trachtenberg
Elenco: John Goodman, Mary Elizabeth Winstead, John Gallagher Jr.
País: Estados Unidos
Duração: 103 min.

SOBRE O QUE É O FILME?
Ao deixar sua casa e seu marido para trás, uma mulher sofre um acidente de carro e acorda em um abrigo subterrâneo enquanto o mundo enfrenta uma ameaça desconhecida.

O QUE TENHO A DIZER...
Em 2008, J.J. Abrams estava em ascensão na sua carreira de diretor de cinema e sua produtora, a Bad Robot, já muito bem estabelecida, trabalhava de vento em popa. E então ele produziu Cloverfield, que embarcou na moda das filmagens em primeira pessoa e deixou muita gente curiosa porque o marketing do filme pouco revelava algo. O filme foi um sucesso, embora pouca gente se lembre dele hoje.

Por conta do sucesso, desde seu lançamento, muito se falou de uma continuação. Abrams chegou a afirmar na época em que o filme ainda estava em cartaz que até já havia idéia para um próximo filme, mas que precisava ser maturada, pois a vontade era fazer alguma sequência que abordasse outros personagens dentro daqueles acontecimentos.

E agora, oito anos depois, é quando notamos que aquela idéia inicial realmente se maturou e se transformou nesse filme que de fato não é uma sequência, mas um fato paralelo que acontece dentro do mesmo universo e dos mesmos acontecimento do primeiro filme.

Não se pode ignorar que seja uma idéia interessante fugir da forma tradicional como a qual o cinema produz suas franquias, mas que poucos ousam fazer. Abrams agora está entre eles, e tal qual o primeiro filme, essa pseudo-continuação também foi entregue a um novato, o estreante Dan Trachtenberg, o qual, diga-se de passagem, consegue manter um nível de suspense que só vamos sentir quando o filme acaba e o corpo relaxa, de tão gradativa e pouco perceptível que é feita essa construção.

A história começa com Michelle (Mary Elizabeth Winstead) indo embora de casa e deixando seu marido para trás, mas no meio do caminho sofre um acidente de carro e acorda em um abrigo subterrâneo construído por Howard (John Goodman), que afirma que o mundo lá fora sofreu ataques biológicos que deixaram o ar tóxico.

Falar muito sobre a história é estragar o pouco que ela tem. Um pouco que funciona exatamente por ser simples, mas bem desenvolvida, e não fará a mínima diferença ter ou não assistido ao primeiro filme. Quer dizer... faz uma pequena diferença, tão mínima que pode ser ignorada.

Abrams tem uma mania de manter seus projetos sigilosos, e divulgá-los seguindo sempre esse mesmo esquema. Foi assim com o marketing de Cloverfield, e nesse filme não seria diferente porque todo o seu êxito é por conta disso.

Tanto o trailer, quanto as resenhas que surgiram depois, pouco revelaram da história, dos acontecimentos, ou dos personagens. É interessante que as pessoas realmente o assistam sabendo muito pouco, pois a experiência dele é justamente não saber do que se trata e o que sucede. Mesmo porque o roteiro não apenas constrói diversas dúvidas como também deixa muitas pontas soltas para que o próprio espectador interprete à sua forma e conforme sua experiência.

É garantido alguns tensos momentos, excepcionalmente pelas atuações. Goodman realmente é o casco de todo o filme, e Winstead também não fica para trás. Há um terceiro personagem pouco aproveitado que poderia facilmente ter sido riscado do roteiro. Mas no geral o desenvolvimento é da forma como se espera em um filme do gênero, e não deixa de ser previsível mesmo com tanto mistério. O bom é que os acontecimentos são bem divididos em um tempo de duração bastante aceitável, e mesmo que o final seja um pouco insosso, o grande trunfo é justamente não ser cansativo, mantendo tudo dentro de um ritmo ágil, sem tempo para ser disperso.

Foge do comum e mostra que continuações podem ter estruturas narrativas distintas, baixo orçamento e um pequeno espaço com bons atores. Claro, uma história que funcione, um bom diretor e um produtor que saiba como fazer espetáculo com pequenas coisas. E Abrams já provou várias vezes que sabe fazer isso da mesma forma como Spielberg, seu grande ídolo, já fez no passado.

CONCLUSÃO...
Mesmo sendo uma continuação, não é uma continuação. Ou é? Ou seja quase isso? O que é? Não se sabe. E é bom assim não saber, pois o filme brinca com dúvidas. Independente do que ele seja ou não seja, se goste ou não goste, Rua Cloverfield é uma idéia maturada e bem executada, que segue a linha da idéia original que o produtor Abrams tinha para possíveis continuações. Um fato paralelo dentro do primeiro filme, e por uma perspectiva bastante diferente.

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