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segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

MAIS PRA "SS" QUE PRA "XXL"...

★★☆☆☆☆☆☆☆☆
Título: Magic Mike XXL
Ano: 2015
Gênero: Comédia
Classificação: 14 anos
Direção: Gregory Jacobs
Elenco: Channing Tatum, Joe Manganiello, Matt Bomer, Adam Rodriguez, Kevin Nash, Jada Pinket Smith, Elizabeth Banks, Andie McDowell
País: Estados Unidos
Duração: 115 min.

SOBRE O QUE É O FILME?
Mike agora leva a vida que sempre quis. Abandonou sua carreira de stripper e, com a boa grana que juntou, montou sua própria oficina de marcenaria, mas algumas coisas faltam, como a sua vontade de ter uma loja de móveis personalizados e... de voltar a dançar.

O QUE TENHO A DIZER...
Que Magic Mike foi a sensação de 2012, isso não é segredo pra ninguém, matando a vontade do público feminino e gay pelo mundo afora de ver os mais sarados atores de Hollywood dançando de jock straps, ou até mesmo sem elas.

Na verdade o primeiro filme foi uma novidade com uma história até interessante, já que o ator Channing Tatum era um stripper antes de ser famoso. Ele cultivava há muito tempo o interesse de produzir um filme baseado na sua história, não uma biografia, mas algo que se assemelhasse às experiências que ele teve nessa época. Sem encontrar diretores para o projeto, foi enquanto trabalhava com Steven Soderbergh no filme Haywire (2011) que o diretor se interessou pela história do ator e resolveu ele mesmo dirigir, porque Soderbergh também é um cara esperto e sabia que um filme sobre strippers profissionais masculinos chamaria a atenção de um público que ele ainda não tinha explorado.

Mesmo com o tamanho do elenco, a produção ficou na bagatela de US$7 milhões, arrecadando pelo mundo um pouco mais de US$167 milhões. Ou seja, ele se pagou, pagou todos os atores que tinham porcentagem de lucros, pagou o diretor e ainda sobrou um monte de grana para o estúdio e distribuidora. Óbvio que não demorou para uma continuação ser encomendada.

Esse segundo filme custou o dobro, mas não conta mais com Matthew McConaughey como o mentor Dallas, o responsável por colocar os garotões na linha e fazê-los serem o desejo numero um da mulherada no primeiro filme. Também não conta mais com Soderbergh na direção, embora ele tenha co-produzido.

Mike agora voltou a dançar porque caiu numa cilada de amigos, e na vontade de curtir com os velhos companheiros, embarca na onda novamente. É essa a história.

O fato é que é um filme ruim, arrastado, forçado e sem nexo algum. Não que o primeiro fosse diferente, mas ao menos tinha Soderbergh que, em toda a sua mais majestosa arrogância, é o mestre em dar embalagens caras a porcarias. Além de diretor, ele é um excelente marketeiro, com ótimos filmes no currículo, mas no geral ele adora ultravalorizar seus produtos sem qualidade, dando tons complexos a coisas simples e dificultando o caminho quando o acesso é muito fácil. As pessoas acreditam e, por incrível que pareça, essa acaba sendo sua maior virtude, tanto que ele figura na lista dos melhores diretores atuais. É por isso que o primeiro filme podia ser vazio, mas era divertido e cheio de cenas que... Enfim, cenas que todo mundo tinha ido pra ver.

Aqui é tudo muito mais artificial, e nem ouso falar do diretor porque mal conheço. Na trama, quem tenta comandar a situação no lugar de Dallas é Big Dick (Joe Manganiello), que no primeiro filme entrava mudo e saia calado, mas agora é piadista, fala mais do que matraca e tem crises de pirraça porque, de longe, é o ator que tem o maior corpão de todos, então tem que valorizar a primeira fila de protagonistas. Até porque o ator se interessou tanto pelo assunto que dirigiu um documentário sobre o mesmo tema chamado La Bare (2014), a respeito do clube mais famoso de strip para mulheres do mundo.

Então todo o filme é cheio de sequências bem fracas e até constrangedoras que nem Showgirls (1995) ou Striptease (1996) chegaram a ter, como no momento que Tatum está em sua oficina e de repente bate aquele tesãozinho nele em dançar sozinho, dando até um de Fred Astaire quando improvisa com os móveis que estão por perto, ou quando todos resolvem participar de um concurso de "nova Drag", em uma boite, ou quando Big Dick faz graça dentro de uma loja de conveniência para tentar redescobrir seu sex appeal. Não, definitivamente não são cenas engraçadas, são cenas mau executadas que, na falta de existir um motivo, qualquer motivo é motivo pra dançar por aí. Ok, o motivo do filme é esse, mas tudo perde a graça quando jogado sem motivo na tela.

De repente o filme envoca um empoderamento feminino que sei lá de onde saiu, mas que muito tem a ver com as declarações dos verdadeiros strippers no documentário de Manganiello e a filosofia de que eles são "curandeiros", ou seja, eles tratam as mulheres como deusas para compensar o tratamento modesto (ou a verdadeira falta dele) dos homens comuns do dia a dia. Tá... ter feito uma sequência sobre isso seria bonitinho, mas passar metade do filme batendo nessa tecla chega a ser esgotante, e contraditório quando, depois de todo esse discurso, durante as cenas de dança eles só colocam as mulheres em situações submissas.

É... realmente o roteirista acreditou ser PhD em mulheres. Errou rude, moleque!

O momento em que Andie McDowell entra em cena talvez seja o único momento que o filme perde o clima amador do "deixar rolar", mas desafina de novo quando um dos personagens começa a fazer uma performance um tanto safada de The Voice. E aí a buzina do constrangimento alheio bate novamente.

Enfim, existem vários momentos tão ruins ao ponto de causarem vergonha alheia, ao contrário de gerar interesse pela certa sensualidade que exalava testosterona do primeiro, naquele humor sulista e cafajeste que McConaughey conseguia puxar tão bem.

O roteirista Reid Carolin até tentou agradar o público gay, já que foram eles a maior porcentagem daqueles que consumiram com água na boca o primeiro filme, mas cai no cliché borrachudo de que gay ou é drag queen ou é travesti, o estereótipo tão fácil de dar bocejo. Ao invés disso ele podia ter feito algum dos dançarinos ser gay de fato e explorar as consequências disso em um ambiente tão machista. Teria sido interessante, por exemplo, ver algum deles finalmente demonstrando interesse por algum colega. Seria um conflito diferente e não teria descaracterizado a proposta.

Infelizmente o filme é intragável porque, convenhamos, não tinha mais história pra contar. Até teria, se tivesse um lado mais dramático como, por exemplo, mostrar que esse mundo não é tão feliz e amigável assim, que existem pessoas que se aproveitam de rapazes desesperados por emprego e dinheiro para explorá-los da mesma forma como acontece com as mulheres. As coisas não são tão bacanas e fáceis como o filme mostra, e no meio desses dançarinos existem garotos de programa, viciados em drogas, pessoas abusivas e com problemas reais. Eles não abordam nada do tipo em momento algum.

Faltou conflito, faltou história, faltou a diversão que Soderbergh criou no primeiro, faltou competência para fazer continuação de filme algum. Tudo é tão bonitinho e parceiro que parece um documentário forjado. Se for pra ser assim, fiquem com La Bare mesmo, disponível no Netflix, e que também é bastante fraco, mas ao menos tem uma realidade mais palpável.

CONCLUSÃO...
Fraco e sem tempero, sem roteiro, sem qualquer coisa que valha a pena. O XXL no título é só no título mesmo.

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