Translate

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

BOM PRA QUEM GOSTA...

★★★★★★★☆☆☆
Título: Missão: Impossível - Nação Secreta (Mission: Impossible - Rogue Nation)
Ano: 2015
Gênero: Ação
Classificação: 12 anos
Direção: Christopher McQuarrie
Elenco: Tom Cruise, Rebecca Fergusson, Simon Pegg, Jeremy Renner, Ving Rhames
País: Estados Unidos,
Duração: 131 min.

SOBRE O QUE É O FILME?
Ethan Hunt agora trava uma batalha com uma organização que ninguém acredita que existe, justo em um momento em que a divisão do serviço de inteligência para a qual trabalha está a um passo de ser extinta.

O QUE TENHO A DIZER...
Que a série Missão Impossível é a maior herança que Tom Cruise deixará para sua filha Suri, não há dúvidas. Está entre as 20 maiores franquias da história, arrecadando mais de US$2 bilhões pelo mundo, do qual boa fatia dela é do próprio ator, que produz a série há quase 20 anos e que começará a produção do sexto filme em 2016.

Mesmo tendo sido um sucesso de bilheteria, depois da festa de absurdos e da cachoeira de críticas negativas em Missão: Impossível 2 (2000), a série quase morreu. Então, seis anos depois, J.J. Abrams foi chamado para o terceiro filme, considerado por muitos o melhor. Protocolo Fantasma (2011), o quarto filme, conseguiu ser tão equivalente quanto, e também trazia algumas novidades, como o fato de Ethan Hunt não ser mais jovem e seu corpo já não responder tão bem às exigências como antigamente, se tornando um cara passível de erros e alguns pequenos deslizes. Isso trouxe uma pitadinha de realismo pra série que nunca poupou nos absurdos e impossibilidades, além de ter feito de Ethan uma equipe fixa que agora conta com o especialista em tecnologia, Benjie (Simon Pegg) e o espião backup, Brandt (Jeremy Renner), além de seu fiel companheiro de anos, Luther (Ving Rhames).

Nação Secreta segue o mesmo estilo de sempre. Novo diretor no pedaço, novo roteiro, mesma fórmula. Ethan pega a deixa do filme anterior e dá andamento nas investigações de uma organização chamada Sindicato, um grupo terrorista que possui o mesmo nível de treinamento da divisão em que Hunt faz parte, porém utilizada para o crime organizado e terrorismo. Mas sua existência nunca foi comprovada, o que não convence o diretor da CIA, Alan Hunley (Alec Baldwin), de que investigações sobre a organização devam continuar. Pelo contrário, Hunley acredita que a Divisão de Missões Impossíveis seja ultrapassada e deva ser extinta por conta das constantes e complicadas situações na qual Ethan e sua turma tem deixado a CIA perante outros países, sendo o ponto alto da situação o ataque ao Kremlin que ocorreu no filme anterior. A divisão é dissolvida, Ethan está sozinho e apátrido justamente quando está prestes a descobrir quem está por trás da organização.

Hmm... parece que vimos um outro filme parecido este ano. Sim, este filme se chama Spectre. A similaridade entre as histórias é grande, tanto que o filme de 007 foi criticado por isso. Mas deixando essa comparação que a nada leva, Nação Secreta consegue ser o típico filme de ação por ação, que não há motivos para prestar atenção na história, nas continuidades e muito menos nas leis da física. É um filme que quem parar para prestar atenção nos pormenores ficará louco e achará tudo uma grande bobagem.

Se no segundo filme houve um festival de máscaras e de situações do tipo eu-sou-você-que-não-é-você-mas-é-ele-porque-ele-sou-eu (situação que volta brevemente nesse filme), aqui o festival são das viagens expressas. Um momento o personagem está nos Estados Unidos, no segundo seguinte está em Viena. Um momento em Viena, logo em seguida em Marrocos. Como se ir do Brasil ao Japão fosse apenas uma questão de chamar um taxi. Mas enfim...

É evidente que o título da franquia não nos esconde em momento algum que o que mais teremos do início ao fim serão absurdos, como a missão suicida, aquela que sempre algum personagem afirma ser impossível de ser executada, mas para Hunt isso é praticamente uma piada tanto quanto a maneira "trivial" com que ele lida logo na sequência inicial, em que Ethan se pendura do lado de fora de um avião em decolagem. A cena, vale dizer, não é computação gráfica, e quem está pendurado é o próprio ator, e não um dublê. Ele realizou a cena cinco vezes, tudo isso para uma sequência que dura menos de um minuto porque Cruise sabe que as pessoas pagam para assistirem esse tipo de coisa, da mesma forma que pagaram para vê-lo escalar o arranhacéu Burj Khalifa, em Dubai, no filme anterior.

Cruise pode ter as pirações que for com sua Cientologia, pode se comportar como maluco pulando em sofá e chacoalhando Oprah Winfrey pelas mãos, pode sempre estar fazendo as mesmas caras de meio sorriso e olhos cerrados, mas ele é um hitmaker com louvor. Ou seja, ele sabe exatamente do que o público gosta, desde a deixa para um alívio cômico no roteiro até na meticulosidade de como lidar com uma gigantesca produção. Ele sabe o que faz, o que deve ser feito e como ser feito para atingir a massa. E quando o filme começa a derrapar feio, seja em absurdos ou na história que pouco importa, os buracos são preenchidos com boas cenas de ação que facilmente fazem qualquer pessoa perder completamente a visão periférica, e tudo isso seria um grande defeito se o filme não fosse do gênero que é.

Claro que, em comparação com o filme anterior, faltou um pouco mais daquele humor metacrítico de que até Ethan envelhece e enferruja (há apenas uma referência a isso, quando tenta pular um carro), ou de uma pitada a menos de absurdez, como a de aguentar mais de três minutos embaixo d'água, algo que é difícil até mesmo para qualquer mestre em apnéia desportiva. Sem falar da equipe que ficou subaproveitada, e de um agente de campo forte e resistente como é Brendt, que se transformou em um conselheiro sem função alguma na história. Há também o não justificado desfalque da personagem Jane Carter (Paula Patton), que havia sido um grande acréscimo em Protocolo Fantasma, no qual tinha um gancho que garantia sua participação na sequência. Ela era uma boa promessa para a série, mas sequer é citada. Rebecca Fergusson faz um excelente papel, e as cenas parecem que até engrandecem quando ela está presente, só que tenha paciência, porque o filme é longo, muito longo.

Enfim, não há muito mais o que falar sobre Nação Secreta mesmo. Sem dúvida, quem pagou teve exatamente o que quis assistir, e quem não assistiu é porque realmente não se interessa.

CONCLUSÃO...
Por alguns exageros aqui e desfalques ali, não consegue superar o anterior. É um bom filme para quem gosta do gênero, e péssimo para aqueles que não gostam de corrida e tiroteios. Tom Cruise sabe o que faz, é um entertainer nato, nem que precise colocar a vida em risco para uma sequência de menos de 1 minuto.

Nenhum comentário:

Add to Flipboard Magazine.