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domingo, 29 de novembro de 2015

O FILHO DO MEIO...

★★★★★★
Título: Os Vingadores: Era de Ultron (The Avengers: Age Of Ultron)
Ano: 2015
Gênero: Herói, Ação, Fantasia
Classificação: 12 anos
Direção: Joss Weadon
Elenco: Robert Downey Jr., Chris Evans,  Chris Hemsworth, Mark Ruffalo, Scarlet Johansson, Jeremy Renner, Elizabeth Olsen, Aaron Taylor-Johnson, Paul Bettany
País: Estados Unidos
Duração: 141min.

SOBRE O QUE É O FILME?
Quando Tony Stark e Bruce Banner decidem retomar um projeto de manutenção de ordem e paz chamado Ultron, a situação sai do controle de forma totalmente contrária do que esperavam.

O QUE TENHO A DIZER...
A Era de Ultron é parte da Fase 3 do universo cinematográfico da Marvel. Fases divididas para que o público compreenda melhor a sequência de filmes e séries que terão uma conclusão em comum. É como se cada um dos filmes fosse uma edição especial de quadrinhos com elementos chaves que direcionam cada próximo capítulo da história.

Marvel criou um universo gigante no cinema, até mesmo com franquias que diretamente não fazem parte dele, como X-Men, já que a Fox detém seus direitos (tanto que o termo "mutante" não é, e nem pode ser, usado nos outros filmes), contribuindo consideravelmente para aquilo já considerado um novo gênero no cinema: os filmes de super heróis. Tanto que sua rival, a DC Comics, juntamente com a Warner, agora engataram para projetos semelhantes aos feitos pela Marvel para pegar sua fatia no mercado nesse novo gênero e criar seu próprio universo dentro do cinema.

Pode parecer um pouco confuso e complexo para quem não assistiu todos os filmes das fases anteriores, que teve início com o primeiro Homem de Ferro (Iron Man, 2008), mas nada é muito consistente porque o produto principal de todos eles é o entretenimento nu e cru.

O que beneficia quem assistiu todos os filmes (e que agora inclui as séries de televisão também) é a conexão até natural que existe entre eles, com referências e elementos que surgem em breves momentos durante as histórias. Para aqueles que são fãs de quadrinhos, ver os heróis personificados é delirante, e para aqueles que não são, terão uma idéia muito próxima de como a Marvel nos quadrinhos funciona.

Diferente do que vem acontecendo no Netflix, que tem expandido mais ainda esse universo com outros heróis da marca por pontos de vista mais violentos e adultos, o tom no cinema é sempre mais brando para atingir o maior público, que inclui crianças e adolescentes, os maiores consumidores do gênero, e é isso que, em partes, acaba estragando o resultado.

É o que acontece aqui.

Tal qual o filme anterior, Ultron é recheado de cenas de ação, com piadas previsíveis, fáceis e bobas entre uma atitude heroica e outra, dispersas e sem timing. Mas esse excesso de atenção ao público infantojuvenil acaba ferindo o público adulto mais do que aconteceu no primeiro filme, subestimando a inteligência com inúmeras piadinhas que não causam nem um sorriso amarelo sequer, o que fica óbvio desde o princípio que o único entretenimento são os efeitos especiais e somente isso.

É cansativo todo momento ver Tony Stark (Robert Downey Jr.) por dentro da armadura, tecendo comentários tão espirituosos quanto apresentadores da Rede TV, ou Thor (Chris Hemsworth) querendo ser engraçado e Capitão America (Chris Evans) sendo dramático em seus discursos motivadores que batem continência ao suicídio. Em um filme cuja história tende a ser rasa e pouco importante, havia espaço de sobra para um humor mais inteligente e sagaz, algo que o vilão Ultron (James Spader) até consegue ser no começo, mas de repente cai no pastiche tanto quanto sua mirabolante idéia de extingir a raça humana da Terra. E então o inevitável acontece: o vilão perde a força na trama e se torna tão esquecível ao ponto de praticamente sumir, deixando um buraco sem razão para os heróis fazerem tudo que estão fazendo.

É praticamente regra toda segunda parte de uma trilogia ser mais equilibrada por ser a ponte de transição entre um filme e outro, e Ultron é um deles. Por isso, peca justamente ao tentar manter esse nível de equilíbrio em excesso: nunca revelando muito para não estragar surpresas futuras, ou nunca tentando ser melhor que o primeiro filme no medo de não conseguir garantir que Guerras Infinitas, que será lançado em duas partes em 2017 e 2018, consiga ser superior que os anteriores. A saga dos Vingadores precisa acabar coesa e respeitada, e fazer desse segundo filme algo ameno e um tanto indiferente é estratégico.

No primeiro filme tudo era empolgante, embora rápido demais, o que fazia o espectador muitas vezes não saber quem estava fazendo o quê. Talvez tenham ficado mais atentos a isso dessa vez, e a câmera lenta se tornou uma excelente ferramenta em algumas sequências não apenas para intensificar alguns efeitos como também nos dá tempo de apreciar melhor o que cada um faz em ação.

Mas a empolgação também não dura muito. Cheio de diálogos chochos e um desenvolvimento bastante desinteressante que chega até a envolver um draminha conflituoso entre eles que não convence, entre um bocejo e outro, nem mesmo a trilha sonora de Danny Elfman consegue ser um aditivo importante e uma identidade, como já foi em filmes como Batman (de Tim Burton) ou Homem Aranha (de Sam Raimi). Com excessão de uma sequência ou outra, como no primeiro minuto de abertura em uma cena sem cortes, mostrando cada um dos vingadores agindo coordenadamente no campo de batalha, ou a mesma interação durante um ataque de androides, nada mais é muito impressionante. Nem mesmo quando Ultron transforma a cidade fictícia de Sokovia em uma ilha flutuante, como que para justificar a destruição em massa sem gerar polêmica, já que o primeiro filme foi bastante criticado por tanta destruição gratuita no cenário de Nova York.

Outra vez há espaço para todos os personagens, e como prometido deram uma participação maior a Hawkeye (Jeremy Renner). Os irmãos Maximoff (Elizabeth Olsen e Aaron Taylor-Johnson) foram bastante subutilizados, e a química da equipe já não é mais tão forte como no primeiro filme, uma impressão que até ajuda a trama, como também ajuda a tentativa de não haver um personagem principal mais destacado que outro.

Ultron não consegue em nenhum momento ser superior ao filme de estréia, ele nem mesmo se esforça. O diretor e roteirista Joss Wedon pode ter feito um bom material para aqueles que acompanham esses heróis no cinema, justificando a saída de alguns personagens e a entrada de outros (já que nos quadrinhos a rotatividade de heróis na equipe sempre foi grande), além de ter dado importantes prévias dos rumos que as próximas duas partes podem tomar a partir das visões e delírios que cada um deles tiveram ao serem enfeitiçados pela Feiticeira Escarlate, as únicas cenas mais relevantes de todo o filme dentro do contexto do Universo no cinema. Portanto o resultado é um filme caro e fraco, não ao ponto de ser decepcionante, mas um mais do mesmo como sempre.

CONCLUSÃO...
Repetindo o sucesso do filme anterior, arrecadando pelo mundo aproximadamente US$1.5 bilhões, o sucesso se deve mais pela curiosidade do que pela qualidade, já que não consegue ser superior ao primeiro filme em nenhum aspecto. Nem ao menos tenta. Tanto é assim que não foi tão marcante como o primeiro, de onde quer que você fosse ouvia alguém comentar a respeito. Foi algo consumido em massa, mas digerido muito rapidamente.

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