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segunda-feira, 6 de julho de 2015

NÃO FAZ A MENOR DIFERENÇA...

★★★★
Título: O Exótico Hotel Marigold 2 (The Second Best Exotic Marigold Hotel)
Ano: 2015
Gênero: Comédia, Romance
Classificação: 12 anos
Direção: John Madden
Elenco: Maggie Smith, Judi Dench, Bill Nighy, Ronald Pickup, Celia Imrie, Dev Patel, Tina Desai
País: Reino Unido, Estados Unidos
Duração: 121 min.

SOBRE O QUE É O FILME?
O Hotel Marigold é um sucesso, e agora Sonny planeja abrir um segundo Hotel Marigold, mas as coisas não saem exatamente como planejado.

O QUE TENHO A DIZER...
Em 2014, durante seu discurso ao aceitar o Oscar de Melhor Atriz, Cate Blanchett falou da importância das mulheres na indústria cinematográfica e citou sua colega Judi Dench, dizendo que a mesma não estava presente na cerimônia pois, com 80 anos, cumpria sua agenda de filmagens de uma continuação, e que uma mulher na idade dela, fazendo uma continuação, definitivamente significava que mulheres levam público ao cinema e que existem papéis para elas.

A continuação em questão era exatamente esta, que tentou seguir o inesperado sucesso do primeiro filme, lançado em 2011. Blanchett estava certa ao dizer que mulheres são importantes na indústria, talvez até mais que os homens. Basta partir do princípio que os maiores clássicos possuem protagonistas femininas mais fortes do que os próprios homens. Dúvidas sobre isso? Pegue qualquer clássico e faça essa observação. Eu não precisei ir muito longe ... E O Vento Levou (Gone With The Wind, 1939) foi o primeiro que me veio à mente, ou até mesmo seu irmão bastardo, Jezebel (1938), ou qualquer filme de Hitchcock. Sim, são as mulheres quem dominam o cenário cinematográfico, mas o foco ainda é masculino e machista.

Este filme se torna interessante quando observado pelo ponto de vista de Blanchett, principalmente porque a maior parte do seu elenco é feminino e que soma quase meio século de vida. Mas quando comparado com seu original, baseado no livro homônimo de Deborah Moggach, esta continuação perde em conteúdo e no aproveitamento dessas atrizes e atores.

Enquanto no primeiro filme Judi Dench era a protagonista e narradora da história, nesta continuação ela vai para o posto de coadjuvante, entrando em seu lugar Maggie Smith. A troca é justa, já que a acidez e o mau humor da personagem que adora biscoitos foi o que mais chamou a atenção do filme anterior, mas que agora foi acentuado por uma candura que só não chega a ser melada porque Maggie Smith não é qualquer atriz.

O Hotel Marigold é um sucesso, mas a gente não sabe bem até onde porque nunca o vemos lotado e cheio de hóspedes além daqueles que moram e trabalham lá, que é todo o elenco do filme. O casal indiano, formado por Sonny (Dev Patel) e Sunaina (Tina Desai), estão de volta e se tornam o tema central, e o segundo Hotel Marigold do título absurdamente vira trama secundária.

Dentro da história do casal, Sonny tem três grandes conflitos: seu casamento, a compra de um imóvel que será o segundo hotel e seu ciúmes de Sunaina com seu amigo. O personagem de Patel, que no primeiro filme tinha um humor exagerado e inconveniente que funcionava, agora está chato e completamente irritante. Ele grita, gesticula demais, faz drama com qualquer coisa e não para de falar. Seu desenvolvimento é tenebroso. Para ajudar, Richard Gere cai de paraquedas para usar seus poderes de galã na história, tão perdido que às vezes a sensação que se tem é que ele nem sabe onde a câmera está. E os velhinhos do Hotel Marigold, onde estão? Perdidos. Jogados por aí.

O primeiro filme não foi genial e nada demais, mas foi prazeroso, diferente, voltado para um público maduro que carece de produtos direcionados a eles. Era nítida a vontade de todo o elenco de fazer o filme funcionar, algo que não se repete aqui. A história é entediante, com subtramas que tentam roubar as tramas centrais e coadjuvantes que tentam sobressair mais que os protagonistas. Realmente não dá pra entender muito bem o que o roteirista Ol Parker realmente tentou com tudo isso. Se no primeiro filme houve um questionamento muito interessante sobre a vida e até que ponto ela é relevante e longeva, aqui tudo gira em torno de relacionamentos vazios ou na tentativa de existirem. Ou seja, se tornou uma comédia romântica formalmente britânica qualquer.

É possível contar nos dedos de uma mão quantas vezes ele será realmente engraçado, e boa parte dessas vezes será com Maggie Smith, como quando ela se irrita ao explicar que um chá é uma infusão em água fervente, logo no começo do filme. Mas só.

CONCLUSÃO...
Esta continuação não chega a ser exatamente um filme apreciável. Ele é tão perdido em suas próprias idéias que se torna entediante e esquecível. Engraçado que as idéias podiam ser muito melhor aproveitadas por uma infinidade de temas, até porque o elenco é excepcional. Mas preferiram se manter na zona confortável da vazia trivialidade. No fim o filme não faz jus ao discurso de Blanchett, e na verdade, ele não faz a menor diferença.

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