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| ★★★★★★☆☆☆☆ |
Ano: 2014
Gênero: Ficção Científica, Drama
Classificação: 14 anos
Direção: Mike Cahill
Elenco: Michael Pitt, Brit Marling, Steven Yeun
País: Estados Unidos
Duração: 106 min.
SOBRE O QUE É O FILME?
Sobre um cientista que descobre algumas evidências que poderão mudar a forma que as pessoas enxergam a ciência e algumas crenças.
O QUE TENHO A DIZER...
Com um título um tanto esquisito, que aparenta um erro de concordância no inglês, a grafia acontece dessa forma porque a letra "I" em inglês se pronuncia "EYE". Outra curiosidade é que "11" é um número bastante recorrente em todo o filme, e ao associar que a grafia do número "1" também pode ser a letra "I", logo "II" poderia ser "11", ou "dois olhos", porque é sobre isso a origem de toda a trama principal.
Dirigido, escrito, produzido e editado por Mike Cahill, é a segunda colaboração do diretor com a atriz Brit Marling, que havia trabalhado anteriormente com ele, inclusive no desenvolvimento do roteiro, em A Outra Terra (Another Earth, 2011), outro filme que aborda questões existencialistas. Brit Marling, que também tem traçado uma carreira interessante no circuito mais alternativo de Hollywood, também é a roteirista de A Seita Misteriosa (Sound Of My Voice, 2011), que por sinal igualmente aborda esse mesmo paralelo entre a ciência e a religião que são tratados aqui.
I Origins tenta dialogar entre os conflitos científicos, religiosos e espirituais, naquela linha tênue entre até que ponto a ciência se sobrepõe às crenças e até onde crenças podem derrubar a ciência. Não só isso, há espaço para desenvolver a dúvida entre o que é coincidência e o que é sincronicidade, já que a coincidência é utilizada para referir eventos semelhantes, mas sem qualquer relação de causa e consequência, enquanto na sincronicidade existe uma correlação, mas que não conseguem ser comprovadas por testes empíricos porque eles nem sempre oferecem resultados suficientes para isso, como será observado na reta final dessa jornada científica. De certa forma toda a abordagem do filme já foi explicada aqui, e da mesma forma como o protagonista pede ao espectador que "lembre dos olhos" que são mostrados logo nos créditos iniciais, é bom lembrar desse interessante argumento durante todo o filme.
A história aparentemente simples vai girar em torno de um biólogo molecular e sua parceira de trabalho. Eles descobrirão algumas evidências que mudarão a percepção que a sociedade tem sobre algumas crenças e, ao mesmo tempo, as percepções que os cientistas tem sobre a própria ciência, tudo dentro daquele pensamento popular de que "os olhos são as janelas da alma". Essa crença é desenvolvida de maneira interessante quando o protagonista descobre que, embora teoricamente impossível, existe uma probabilidade entre duas pessoas nascerem com íris idênticas.
Apesar do roteiro às vezes tomar rumos um tanto tortuosos, como a forte atenção dada ao romance entre o protagonista e sua mulher (a qual repentinamente tem uma mudança injustificável de humor), ou do forçado caso amoroso que ele desenvolve posteriormente com outra pessoa, e até mesmo o denecessário momento em que ele é flagrado em um momento íntimo consigo mesmo, situações que tornam o filme bastante tedioso e que conseguem desviar a atenção de todo o propósito principal sem qualquer coerência, essa primeira metade vai servir apenas para expor os personagens, mais do que desenvolvê-los. Tudo só vai ganhar mais consistência a partir da segunda metade, quando esta dúvida que paira sobre a exatidão da ciência e da credulidade se define e fortalece. É nesse momento que tudo fica interessante, e mesmo muito curto quando comparado com todo o drama um tanto inútil que intercala o começo e o fim, o resultado pode não chegar a ser surpreendente, mas de toda forma intriga, consegue ser emocionante e muito delicado, um dos poucos momentos realmente bem construídos durante toda a trama e que salvam todo o longa de um trágico resultado.
O diretor afirmou que há uma idéia para uma continuação que se passaria 20 anos após as descobertas feitas pelo protagonista, mas que ainda não há um roteiro ou data de produção para ele. O que seria interessante, já que há um pequeno trecho do filme após os créditos que mostram que a história desenvolvida por Cahill tem fôlego para ser melhor explorada depois dessa grande introdução.
CONCLUSÃO...
Mesmo que sendo um filme aproveitável apenas a partir da sua segunda metade ou em outras esparsas situações, o resultado da trama pode não ser surpreendente, mas de forma bastante original e delicada consegue ser satisfatória, com fôlego para ser melhor desenvolvida em uma provável sequência. Não chega a ser um dos melhores títulos de 2014, mas consegue ter sua ousadia.

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