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segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

OS PREMIADOS DO GLOBO DE OURO 2015...

O Globo de Ouro neste domingo foi bastante imprevisível. Haviam favoritos, sim, mas em uma rara vez eram todos de tão excelente qualidade que, em muitas categorias, escolher apenas um era uma escolha de Sofia. Diferente dos anos anteriores (e que eu me lembro) não houve uma puxação de saco, até porque os atores e filmes que concorreram eram muito equivalentes. Não dava pra dizer, por exemplo, que consagraram Jennifer Lawrence porque ela é a nova face dos EUA, como foi em 2013; nem que 12 anos de Escravidão foi escolhido Melhor Filme porque seria uma decisão feia caso não tivesse. Não houve situações desse tipo. Foi tudo muito bem equilibrado.

Pelo terceiro ano consecutivo as apresentadoras foram Tina Fey e Amy Poehler. Disseram que este será o último ano que apresentam. Elas disseram o mesmo na primeira vez. Mas tomara que dessa vez seja verdade, as piadas esse ano foram ácidas, desnecessárias e constrangedoras, naquela mania sempre recorrente que já comentei no Blog de como Hollywood aceita virar piada de mal gosto dela mesma. Hollywood é uma piada, sempre foi, mas em meio a tudo isso há atores que acreditam no seu trabalho e o levam a sério. Eu ficaria muito revoltado se participasse de uma celebração onde minha área de atuação acabasse sendo alvo de piada o tempo todo. Qual o propósito de ser um evento, então? Houve até momento para associarem Bela Adormecida com Bill Cosby, em referência às acusações de abuso sexual do ator. Entre espantos e algumas risadas amarelas, ficou tudo bem, quando não estava tudo bem. Não cabe a elas esse tipo de postura ou crítica, a lei já está fazendo o que deve ser feito. Ser ator e querer prestar serviços social em meio a piadas também tem limites. Também não cabia a elas criticarem a atitude da Coréia do Norte quando, dentre os males causados, também revelaram fatos importantes não apenas sobre a Sony, mas da atitute das grandes corporações em geral, muito mais sérios e que atingiam todos lá presentes de forma muito mais contundente. O discurso de George Clooney foi pontual sobre isso porque ele foi uma das vítimas dos e-mails vazados. Clooney criticou quem deveria ter sido criticado sem precisar citar nomes, mas envergonhando mais ainda aqueles que precisavam ser envergonhados sem precisar abaixar o nível, como fizeram Fey e Poehler.

O apoio à liberdade de expressão, principalmente sobre o atentado na França, foi aceitável e o assunto mais recorrente da noite, e o discurso do Presidente da Impresna Estrangeira de Hollywood, Theo Kingman, foi bom, com excessão na hora em que disse que a liberdade de expressão não deve existir apenas nos Estados Unidos, mas também espelhar no restante do mundo. Foi uma frase americanista e centralizadora demais para um presidente da imprensa estrangeira em um momento tão delicado. Dispensável também foi Jared Leto também dizer "I Am Charlie", em referência ao movimento viral sobre o atentado. Foi desnecessário também quando Clooney finalizou seu discurso com o mesmo apoio, embora seu contexto tenha sido outro. Entre pessoas que aplaudiram e outras que não, ficou claro que é bastante controverso apoiar esta causa. Uma coisa é desaprovar os atentados, que naturalmente são inaceitáveis, mas outra coisa é indiretamente endossar que o que a revista criticava e da forma como ela fazia era correto. Eu desaprovo qualquer ato terrorista, mas não sou Charlie.

Nas categorias de Séries, Mini-Séries e Filmes para a televisão, não posso deixar de expressar minha indignação pela imprensa estrangeira ter ignorado por completo o retorno do seriado The Comeback, que não recebeu nem ao menos uma indicação sequer. Ele teve uma audiência baixíssima nos seus 8 episódios, mas a interpretação de Lisa Kudrow, bem como o roteiro escrito em parceria com Michael Patrick King (que também faz uma excelente direção), foram fantásticas e as melhores da temporada dentre todos os seriados. The Comeback pode não ter muitos fãs, mas sua qualidade é inegável. Para ver a lista completa, CLIQUE AQUI:

MELHOR FILME
-Drama: Boyhood
-Musical/Comédia: O Grande Hotel Budapeste (The Grand Budapest Hotel)

Nota: Merecidíssimos. Richard Linklater, da tão cultuada trilogia Antes (do Amanhecer, do Por do Sol e da Meia Noite), poderia ter ganhado há muito tempo antes. Boyhood é merecido não pela complexidade de sua realização como também por ter sido tão bem feito. Claro que defeitos existem, ainda mais sobre uma produção filmada por 13 semanas divididAs em 13 anos, mas no geral o resultado é aquilo que apenas um diretor ousado poderia ter feito, e Linklater é um desses. O mesmo a ser dito sobre Wes Anderson, que ganhou pelo Grande Hotel em um momento que ele, assim como muita gente, tinha certeza que perdereria mais uma vez, mesmo sabendo que ele mais que merecia. Venhamos e convenhamos, por mais brilhante e original que ele seja, ele sempre foi esnobado por Hollywood por ser considerado "esquisito". Quando Tina Fey e Amy Poehler disseram que ele havia chegado ao evento "de bicicleta cheia de peças de equipamentos", ficou bem evidente o preconceito e evidente também que ele não gostou. O reconhecimento veio tarde, o diretor já poderia ter ganho lá em 2013 por Moonrise Kingdom (2012).

MELHOR ATOR

-Drama: Eddie Redmayne
-Comédia/Musical: Michael Keaton

Nota: Desconheço os trabalhos de Eddie Redmayne até o momento, mas dizem que sua atuação, embora boa, não seja tão exemplar como a de Benedict Cumberbatch em O Jogo da Imitação, que é um ator que deveria ter levado o prêmio simplesmente porque ele é muito bom, algo bem ao nível de Daniel Day Lewis. Michael Keaton ter ganho era uma volta por cima necessária em um filme que pode ser levado com certa ironia a própria carreira do ator. Keaton amargou fracassos após fracassos, virou ator de filmes de B a Z, foi esquecido, injustiçado e espezinhado por Hollywood desde quando abandonou a capa do Batman, e assim como houve os retornos triunfais de Mikey Rourke e Robert Downey Jr., agora é a vez de Hollywood entregar a faixa de Cinderela Story para Michael Keaton. Merecido também, mas não podemos esquecer que se Hollywood quiser desprezá-lo de novo, isso será fácil.

MELHOR ATRIZ
-Drama: Juliane Moore
-Musical/Comédia: Amy Adams

Nota: Embora Juliane Moore tenha escorregado em alguns quiabos nos últimos anos em alguns filmes bem meia boca, ela é uma das poucas de sua geração que podem ser equivalentes a Meryl Streep. Além de Para Sempre Alice, ela esteve em Mapa Para as Estrelas, de David Chronemberg, no qual também concorreu como melhor atriz coadjuvante. Não é um filme muito memorável, mas sua atuação foi magnífica. E Amy Adams vence pelo segundo ano consecutivo, é como se agora ela estivesse tirando o atraso das vezes que concorreu anteriormente e perdeu.

MELHOR ATOR COADJUVANTE
J.K. Simons

Nota: Era o predileto, não apenas pelo trabalho como também pelo conjunto de obra. Os perdedores tinham obrigação de aceitar.

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Patricia Arquete

Nota: Assim como o prêmio de Melhor Ator Drama, não acho que foi muito justo. Patricia tem uma atuação que sempre me aparenta desleixo, como se ela estivesse ali por estar. Em Boyhood não foi diferente. Ela começa muito bem, mas no decorrer do filme é evidente que ela parece estar de saco cheio. Não foi um papel diferente de nenhum q ela interpretou anteriormente, principalmente na televisão. Mas enfim... é outra que um dia foi famosa e no outro foi esquecida. Mas não acredito que la chegue ao Oscar.

MELHOR DIRETOR
Richard Linklater

Nota: Já disse acima que foi mais que merecido. Sem mais.

MELHOR ROTEIRO
Birdman

Nota: O filme de Michael Keaton (é assim que muita gente chamará) merecia. Ainda inédito no Brasil, tem recebido elogios impares sobre o roteiro, dizendo ser moderno, difícil... enfim. Não duvido... Inãrrítu, o diretor, sempre foi meio difícil.

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