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terça-feira, 13 de janeiro de 2015

O TRABALHO NEM SEMPRE DIGNIFICA...

★★★★★★★
Título: Clockwatchers
Ano: 1997
Gênero: Comédia, Drama
Classificação: 14 anos
Direção: Jill Sprecher
Elenco: Toni Collette, Lisa Kudrow, Parker Posey, Alanna Ubach
País: Reino Unido, Estados Unidos
Duração: 96 min.

SOBRE O QUE É O FILME?
Uma garota consegue um emprego temporário em um escritório, mas não consegue se adaptar tão fácil por ser bastante introspectiva e tímida. Porém, é com a ajuda de uma colega que ela aprenderá como tirar bom proveitos por não ser notada, e ao mesmo tempo viver os piores dias de sua vida quando uma série de furtos começam a acontecer dentro do escritório.

O QUE TENHO A DIZER...
Foi o primeiro filme a ser dirigido e escrito por Jill Sprecher, que posteriormente foi se dar bem como produtora do seriado Amor Imenso (Big Love, 2006-2011). O filme é pouquíssimo conhecido por ser em um gênero meio comédia e meio drama, com um tema e desenvolvimento bem contra a maré do que era produzido na época, onde o público estava apenas interessado em besteirols, filmes de ação sem pé nem cabeça, slasher movies e Titanic (1997). O elenco forte conta com Toni Collette como a protagonista Iris. Embora a atriz já havia sido reconhecida mundialmente por O Casamento de Muriel (Muriel's Wedding, 1994), ainda construia sua fama nos Estados Unidos. Tem também Lisa Kudrow, que já estava famosa na televisão por Friends, mas existia na época um grande preoconceito entre atores de TV trabalharem no cinema e vice-versa, algo que não existe mais hoje por conta da qualidade das produções televisivas. A mais conhecida delas é mesmo Parker Posey, que hoje em dia pode não ser muito lembrada, mas era uma atriz cult dos anos 90 e rapidamente se tornou muito influente.

Ao contrário do que o cartaz pode parecer, o filme está muito longe de ser um chick flick, como são chamados os filmes de temática unicamente feminina. Longe disso, o filme mostra de forma bruta e cruel o sistema de trabalho, além do tratamento desumano das grandes corporações com seus empregados. Não é à toa que o filme é mal lembrado, ou lembrado de forma alguma, pois o tema é inesperado em uma época que mulheres ou eram mártirs ou eram protagonistas de comédias românticas.

Não há muito a ser analisado profundamente porque Sprecher deixa tudo muito claro e evidente, mas de forma alguma cliché ou previsível. A roteirista apenas explica através das personagens, em momentos bastante oportunos e bem encaixados na história, o porque tudo aconteceu e a razão pessoal de cada um deles ter agido como agiu. Sprecher também traz muita evidência ao mostrar de forma bastante fiel o dia a dia de pessoas que se sujeitam a subempregos e como o tratamento distante, reciclável e desinteressado que recebem de seus superiores não apenas é responsável pela deterioração pessoal e de relações construídas, como ainda também é, espantosamente, bastante atual.

Desde o tratamento que as protagonistas recebem de seus chefes e o assédio moral que sofrem deles por serem os alvos mais fáceis na hora de se culpar sem apontarem os dedos, até no momento final, onde Iris resolve transformar tudo isso em um grande benefício, são situações que apenas para quem já trabalhou, em qualquer lugar que seja, consegue perceber as semelhanças universais que o filme apresenta.

É uma comédia, mas não dá pra deixar de sentir a angústia presente nele. O elenco realmente é o grande forte, mesmo que por algumas vezes Toni aparente repetir a fórmula de Muriel, mas tudo funciona mesmo assim.

CONCLUSÃO...
Não é algo que encantaria muita gente, mas para quem gosta de uma história relevante que representa uma situação ainda bastante atual construída sem pressa, Clockwatchers é um excelente pequeno filme. Embora possa ser uma comédia, há uma tristeza presente dentro dele por mostrar que o trabalho nem sempre dignifica uma pessoa.

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