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terça-feira, 4 de novembro de 2014

DE OLHO NO TWISTER...

★★★★★
Título: No Olho do Tornado (Into The Storm)
Ano: 2014
Gênero: Ação
Classificação: 12 anos
Direção: Steven Quale
Elenco: Sarah Wayne Callies, Matt Walsh, Richard Armitage, Max Deacon, Nathan Kress, Alycia Debnam Carey
País: Estados Unidos
Duração: 89 min.

SOBRE O QUE É O FILME?
Um grupo de caçadores de tornados pretende documentar uma tempestade desde seu início. O que eles não esperavam é que teriam de enfrentar o maior tornado da história.

O QUE TENHO A DIZER...
Há 18 anos atrás o diretor Jan De Bont e os produtores de Jurassic Park traziam para o público Twister (1996), um filme de ação que se tornou um clássico do gênero ao reproduzir tão bem um fenômeno natural tão complexo, além de ter sido o primeiro filme a mostrá-lo como um grande personagem principal, recriado com efeitos especiais de ponta, um marco divisório no avanço tecnológico da computação gráfica tanto quanto os dinossauros de Spielberg. Lembrando que falo de quase duas décadas atrás, quando a tecnologia não havia atingido metade do que é hoje. Tanto é que o filme de De Bont custou aproximadamente US$100 milhões, enquanto este teve um orçamento de US$50 milhões, tamanho a facilidade que os estúdios tem hoje de criarem cenas em computação gráfica.

O trailer de No Olho do Tornado mostrava que a premissa seria um tanto diferente ao ser no já saturado esquema de filmagem documentada em primeira pessoa, o que mesmo assim parecia interessante. A história se desenvolve entre três grupos de pessoas que estão fazendo diferentes registros em vídeo e que acabam se encontrando por conta de todo o caos. Dentre eles estão os caçadores de tornado, que fazem um documentário sobre o fenômeno mesmo sem ter encontrado uma tempestade sequer nos últimos três meses, o que tem tirado a paciência dos investidores e do próprio diretor do filme.

O diretor Steven Quale, o mesmo de Premonição 5 (Final Destination 5, 2011), se utiliza de diferentes estilos de filmagem para compor a narrativa documentada, e esse acúmulo de informação vira uma bagunça que ele até consegue driblar bem, mas nada teria sido tão efetivo caso esse excesso fosse abandonado e tudo partisse de um observador indeterminado e onipresente. Isso teria mantido a mesma sensação imersiva que ele propõe e, principalmente, poupado a produção de erros comuns neste estilo, como o terrível e constante balançar de câmeras que ataca a labirintite de qualquer um, ou os cortes desnecessários de alguns planos, situações que deixaram de ser perdoáveis quando estes tipos de filmes perderam suas intenções experimentais.

Essa imersão com certeza traz uma sensação empolgante e mais assustadora em alguns momentos, como acontece na sequência inicial de apresentação. Mas infelizmente o filme perde essa sensação amadora de sobrevivência quando é jogado para o espectador situações clichés que estão longe de ser naturais, como os personagens posicionarem estrategicamente as câmeras e se engajarem em monólogos vazios, ou quererem salvar a câmera mais que suas próprias vidas, o que já são por excelência parte dos erros comuns que não se encaixam mais. O excesso de personagens e de situações previsíveis que deixam claramente deduzido quem vai morrer e quem vai ter atitudes heróicas, além da trilha sonora pobre e inconveniente para forçar situações dramáticas que funcionariam apenas em novelas mexicanas, também não ajudam. Sem contar diversos momentos de perigo iminente em que ao invés de correrem, todos ficam parados assistindo o espetáculo como se fosse algo inofensivo até o último instante, forjando um suspense inadequado. Definitivamente momentos mais absurdos do que impressionantes e que estragam os objetivos que o diretor tentou construir desde o princípio.

Obviamente os efeitos especiais agradam com tornados para todos os gostos, havendo momento até para um tornado de fogo, fenômeno raro e que no filme foi bem executado, ou um tornado de nível 6, que nem existe, mas que funciona. Nem Tempestade, dos X-Men, conseguiria controlar tanta fúria da natureza. São essencialmente esses elementos que conseguem surpreender em alguns momentos bem devidos, mas ainda ficou longe de causar a grandiosa impressão avassaladora que o filme de Jan De Bont fez no passado, filme que ainda hoje não perde em qualquer qualidade, inclusive nos efeitos, e que arrecadou quase US$500 milhões na época, diferente deste que não passou dos US$110 milhões.

Como um todo, essa nova produção nada mais tentou ser do que um reboot de Twister, tanto que a própria história, a progressão dos fenômenos e seus diferentes níveis de destruição seguem exatamente o mesmo desenvolvimento, só atualizaram o estilo narrativo, acrescentaram algumas coisas aqui e alí, e aumentaram o número de personagens esquecíveis. Ou seja, Twister é por excelência um clássico do cinema arrasa-quarteirão.

CONCLUSÃO...
Um filme que agradará aqueles que vagamente lembram de Twister e que vai mostrar exatamente aquilo que todo mundo quer ver. Não deixa de ter uma abordagem interessante, mas que desempolga quando o roteiro incrementa a história com situações desnecessárias, previsíveis e pouco convincentes. Depois dele, vale a pena rever o clássico de Jan De Bont para reviver a sensação que ele proporcionou há 18 anos atrás.

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