Translate

sábado, 8 de novembro de 2014

CINE TRASH...

★★★★★★
Título: Housebound
Ano: 2014
Gênero: Comédia, Horror, Suspense
Classificação: 14 anos
Direção: Gerard Johnstone
Elenco: Morgana O'Reilly, Rima Te Wiata, Glen-Paul Waru, Ross Harper, Cameron Rhodes
País: Nova Zelândia
Duração: 107 min.

SOBRE O QUE É O FILME?
Uma adolescente rebelde deve voltar para a casa de sua mãe para cumprir uma pena domiciliar de 8 meses. Ao voltar percebe estranhos acontecimentos acontecerem igual aconteciam na sua infância.

O QUE TENHO A DIZER...
Assim como algumas cidades grandes ou pequenas desenvolvem características muito particulares por estarem longe das capitais e das fortes referências e influências que elas proporcionam, o cinema, mesmo sendo uma linguagem universal, também desenvolve características próprias quanto mais longe de Hollywood está.

É o que acontece com este filme neozeolandês de estréia de Gerard Johnstone tanto na direção quanto no roteiro. Sem dúvida um dos filmes mais esquisitos que assisti ultimamente que mistura comédia, suspense e terror numa lambança que progride e pisa entre um estilo e outro que, por incrível que pareça, inesperadamente funciona.

Como dito, o filme tem um pouco de tudo. Ele parodia situações clichés do suspense com algumas referências hitchockianas propositalmente empobrecidas para desenvolver uma atmosfera paranóica que aos poucos dá lugar para o terror fantasmagórico, com pitadas de slasher movies, até chegar ao mais explícito e debochado gore. Parece muito para um filme só e poderia ser um gênero trash qualquer caso não tivesse sido tão bem pensado e organizado pois, mesmo explorando sem medo algum de errar o terror e todos os seus subgêneros relacionados, o diretor consegue segurar a atenção do espectador até quando o roteiro não esconde mais suas intenções de assustar e causar impacto em uma história cujo personagem principal é a sátira dela mesma.

Johnston prova como se fosse um trabalho de conclusão de curso em cinema que, fazer rir, assustar, causar espanto, apreensão e nojo, não são tarefas difíceis quando as técnicas são usadas corretamente até mesmo nos momentos mais previsíveis, clássicos e manjados de cada um dos gêneros explorados, seguindo à risca o que Hitchcock já propunha de que o cinema é simplesmente um exercício de técnicas. O elenco consegue desenvolver um papel fundamental quando há sempre aquela impressão que qualquer um deles cairá na gargalhada a qualquer momento, algo que dentro de toda a proposta do filme soa coerente, desde que o público compreenda que esse desenvovimento burlesco é tão proposital quanto os personagens caricatos e as situações tipicamente absurdas tal qual grandes clássicos dos anos 80. A grande diferença aqui é que mesmo com todo esse agregado de absurdos, os personagens conseguem ser interessantes e intuitivos, fugindo daquela sensação de que tudo que acontece às suas voltas é por consequência da estupidez redundante deles mesmos, algo que sempre se sobressai nesses gêneros.

Apesar de essa atmosfera satírica absurda e exagerada que pula entre um gênero e outro como a brincar de amarelinha, o filme é uma agradável surpresa porque utiliza todas as fórmulas existentes para entreter melhor do que grandes produções que utilizam as mesmas fórmulas com uma seriedade tão estúpida quanto personagens típicos que felizmente não vemos aqui.

CONCLUSÃO...
Tem de tudo um pouco para quem gosta de qualquer um dos gêneros, mas agradará principalmente aqueles que adoram um bom, debochado e proposital trash.

Nenhum comentário:

Add to Flipboard Magazine.