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domingo, 13 de julho de 2014

3 EM 1...

★★★★★★
Título: 300: A Ascensão do Império (300: Rise Of An Empire)
Ano: 2014
Gênero: Açãp
Classificação: 14 anos
Direção: Noam Murro
Elenco: Sullivan Stapleton, Eva Green, Rodrigo Santoro, Lena Headey
País: Estados Unidos
Duração: 102 min.

SOBRE O QUE É O FILME?
Com a derrota dos espartanos pelos persas na batalha de Termópilas, agora é a vez de mostrar a batalha de Salamina do ateniense Temístocles contra a outra parte do indestrutível exército de Xerxes, agora liderado pelo seu braço direito, a cruel Artemísia.

O QUE TENHO A DIZER...
Embora não tenha sido dirigido por Zack Snyder, o mesmo do primeiro filme, ele produziu e escreveu o roteiro, já que ele estava bastante ocupado com o reboot de Superman no péssimo O Homem de Aço (Man Of Steel, 2013). A direção agora ficou a cargo de Noam Murro, um israelense desconhecido que antes só havia dirigido a comédia romântica igualmente desconhecida Vivendo e Aprendendo (Smart People, 2008). Então fica a questão no ar se ele realmente foi uma boa escolha. Não que Snyder, quando dirigiu o primeiro, fosse um grande diretor, o que ele provou nos filmes posteriores que ele não é, mas para esta continuação, com o orçamento que teve (US$110 milhões comparados com os US$65 milhões do primeiro), sem dúvida a cadeira pedia alguém com melhor expertise. O que se nota é que Snyder manteve a produção a rédeas curtas, pois tanto o visual quanto a história tem exatamente os mesmos elementos e segue praticamente o mesmo desenvolvimento narrativo do original, salvo algumas interessantes diferenças.

Com o sucesso de 300 (2006), que arrecadou quase US$500 milhões no mundo, a Warner ficou desesperada para que uma continuação fosse feita, não importasse como. Várias idéias correram e a sequencia chegou até a ter um título provisório de 302, o que virou piada na rede, porque embora o filme seja baseado na versão fictícia e mítica dos quadrinhos de Frank Miller sobre a histórica guerra entre persas e gregos, não teria fundamento fugir da cronologia real dos fatos. E, pensando nisso, não se pode negar que A Ascensão do Império é uma continuação diferente, porque conta três episódios em um único filme e de forma linear e bem coerente.

O filme é narrado pela rainha Gorgo, viúva do derrotado espartano Leonidas. Ela começa contando a história pregressa do filme original e o que fez o imperador Xerxes ter sucumbido a ambição de destruir a Grécia. Depois mostra a batalha paralela dos atenienses contra os persas no Mar Egeu enquanto acontecia a batalha entre os espartanos e persas mostrada no primeiro filme. A terceira parte da história segue no que aconteceu depois que os 300 de esparta foram dizimados, e como os gregos venceram os persas na Batalha em Salamina.

Ou seja, o filme é ao mesmo tempo uma pré-continuação, uma história paralela e uma continuação direta do original. De fato, não dá pra ignorar que este é seu grande mérito porque consegue encaixar de forma bastante convincente cenas e acontecimentos do primeiro filme (mesmo não tendo o ator Gerard Butler). Mas, a grande diferença é que, enquanto no primeiro filme a crítica tenha sido mista ao afirmarem que era visualmente interessante, mas vazio por conta do excesso de imagem e ausência de diálogos, nesse filme há diálogos até demais, e muito ruins. Erraram também na escolha do ator desconhecido, o australiano Sullivan Stapleton, na tentativa de repetir o que fizeram com o escocês Gerard Butler no primeiro. A única parte do elenco que salva o filme de uma tragédia é Eva Green, que faz a grega magoada Artemísia, braço direito de Xerxes, que se virou contra seus conterrâneos para liderar a outra parte do exército persa. Eva consegue fazer uma vilã fria, bastante classuda e sexualizada, mas o carro desanda na desnecessária cena de sexo entre ela e Temístocles naquilo que era pra ser o ápice dramático entre o respeito e a rivalidade, já que os dois são mostrados no filme como os maiores táticos de guerra naquela fictícia e fantasiosa antiguidade. O resultado foi uma vulgaridade descabida só pra voltar no velho cliché da mulher rejeitada e acentuar subliminarmente que, a partir dali, todas as atitudes de vingança da personagem se justificarão por isso. É Hollywood sendo sexista como sempre. Podem colocar uma mulher como chefe de um exército, mas ela sempre será emocionalmente perturbada. O que é uma pena, pois pelo gênero do filme e o público masculino que ele atinge, Artemísia até que tinha um desenvolvimento bastante interessante e equilibrado por ser uma das duas únicas personagens femininas de todo o filme.

O impacto visual é o mesmo do primeiro, com batalhas bem coerografadas, cheias de efeitos que voam na tela para impressionar no 3D e toda marca registrada que fez de 300 uma referência além das "barrigas tanquinho", referências visuais que foram usadas com frequência em filmes épicos e de ação nos últimos oito anos. Tudo é muito escuro, e realmente exageraram nos filtros de cor e imagens em segundo plano desfocadas para dar aquele tom de história em quadrinho animada. Interessante e com sequencias até deslumbrantes, mas é justificadamente mais enjoativo e visualmente cansativo que antecessor.

A princípio o filme era pra se chamar Xerxes, já que é baseado na história gráfica de Frank Miller com o mesmo nome, mas o estúdio teve medo do filme não ser bem recebido por não ter uma referência direta em seu título, e o personagem persa vivido por Rodrigo Santoro é novamente tão coadjuvante como foi antes. Arrecadou mais de US$330 milhões no mundo, e seu final deixa abertura para mais uma provável sequencia que até valeria a pena ser feita para concluir a derrota persa e o posterior assassinato de Xerxes por um de seus ministros, como conta a história.

CONCLUSÃO...
Mesmo o grande e interessante diferencial de ser três tipos de continuações em uma única narrativa, o filme poderia ter um maior impacto se não pecasse na falta de uma direção que soubesse utilizar sem excessos as qualidades do primeiro filme, além do roteiro que definitivamente erra nos diálogos pobres, anacrônicos e sequencias abusivas e desnecessárias, mas em contraponto une os dois filmes de maneira convincente, além de conseguir seguir, a seu modo, a cronologia histórica verdadeira. Cheio de altos e baixos, prós e contras, não dá pra dizer que o filme é tão empolgante quanto o primeiro, ou tão ruim quanto imaginaram que poderia ser. Consegue até oferecer um produto bem melhor do que esperado, mas que podia ser melhor elaborado para tirar o ranso pastelão que as vezes vem a tona.

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