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sexta-feira, 20 de junho de 2014

MAIS PRA EFEITO TARTARUGA DO QUE BORBOLETA...

★★★★
Nota:
Título: Questão de Tempo (About Time)
Ano: 2013
Gênero: Comédia, Romance
Classificação: 14 anos
Direção: Richard Curtis
Elenco: Rachel McAdams, Domhnall Gleeson, Bill Nighy
País: Reino Unido
Duração: 123 min.

SOBRE O QUE É O FILME?
Um jovem descobre sua habilidade para viajar no tempo.

O QUE TENHO A DIZER...
O filme tem roteiro e também é dirigido por Richard Curtis, o mesmo roteirista de pérolas da comédia romântica como Um Lugar Chamado Notting Hill (Notting Hill, 1999) e Quatro Casamentos e Um Funeral (Four Weddings And A Funeral, 1994), além dele também ser, juntamente com o ator Rowan Atkinson, o criador e roteirista dos episódios e dos filmes do Mr. Bean. É também por curiosidade o segundo filme de Rachel McAdams com viagem no tempo, o primeiro foi Te Amarei Para Sempre (The Time Traveler's Wife, 2009), muito melhor por sinal.

A história gira em torno de Tim, um rapaz tímido que não consegue ter muita atitude, principalmente quando isso está relacionado a mulheres. Ele descobre por seu pai que faz parte de uma família onde os homens possuem o dom de viajar no tempo, e cujo "poder" tende a se manifestar aos 21 anos. O pai de Tim conta esta inacreditável surpresa e ele recebe como uma piada, mas logo em seguida faz um teste e... kabum! Lá está ele no último momento que lembra se arrepender por não ter tomado uma atitude decente. Ele fica maravilhado com a descoberta e dali pra frente nada mais poderia dar errado em sua vida, já que ele teria a oportunidade de consertar toda vez que isso acontecer. E é isso o que ele vai fazer para conquistar Mary, uma jovem que ele conheceu em uma noite, mas que pela necessidade de uma viagem ao passado e outro e sua inexperiência no assunto, ele perde a oportunidade de encontrá-la novamente no mesmo lugar.

E o filme é basicamente isso, idas e vindas ao passado do personagem principal para evitar situações, consertar outras e ajudar amigos ou familiares que precisam. O problema aparece quando ele descobre sozinho que nem sempre é possível o resultado esperado, e o efeito borboleta desastroso é inevitável caso ele volte ao tempo antes de algumas situações chaves (como, por exemplo, o dia da concepção de sua primeira filha), não havendo possibilidades de conserto.

Teria tudo pra ser uma comédia romântica bonitinha e com pitadas sinceras de drama familiar. Você tem a simpatia do ator Domhnall Gleeson, que não é bonito e nem feio, mas sua esquisitice consegue ter um charme particular; tem a graciosidade de Rachel McCadams, mas que é bem coadjuvante no pior filme de sua carreira; e tem Bill Nighy com muita vontade de fazer o filme dar certo. Histórias com viagem no tempo são complicadas, e qualquer derrapada pode se transformar em um terrível acidente. A história se divide basicamente duas partes, a primeira que gira em torno da tentativa do personagem conquistar seu amor, e a segunda sobre as descobertas do personagem e suas tentativas de evitar que a sua família sofra com decisões erradas tomadas em algum passado. E é aí onde tudo desanda.

Tudo perde o foco quando passa a ter muitas explicações sobre as consequencias de se mexer com o passado, o que teria dado certo caso não fossem feitas tão em cima da hora ao espectador porque soa como uma tentativa de consertar buracos do roteiro. Há também erros de continuidade bem explícitos entre suas idas e vindas e que nem as mais lentas das pessoas deixarão de notar, como por exemplo, ele entrar em seu guarda roupa para viajar no tempo, e ao fazer isso ele ainda estar dentro do guarda roupa e não dentro do momento ou da situação. Então onde ele estaria para as demais pessoas naquele determinado momento e situação? Ele simplesmente teria sumido de perto delas do tipo "desculpe, evaporei mas já voltei"? Chega a ser bizarro. Tem também uma descartável e desnecessária sequencia que ele tenta levar sua irmã ao passado junto com ele, o que não convence mesmo dentro da fantasia, e no fim das contas não acrescenta absolutamente nada no desenvolvimento.

Tem algumas cenas engraçadas aqui e alí, todos os personagens são gente boa e o roteiro dá até oportunidade para uma moral bonita sobre o carpe diem (aproveitar o momento), sobre a vida ser passageira, sobre a construção da família e toda essa consciência que temos que ter para lidar com as situações inevitáveis nas quais estamos todos vulneráveis. Mas esses questionamentos mais sentimentais, sinceros e verdadeiros do filme só acontecem na virada final dos últimos 30 minutos, em lágrimas que poderiam ter escorrido mais cedo se não tivessem enrolado com tanta besteira ou outras situações dramáticas banais, muito mais pra efeito tartaruga do que borboleta nas longas duas horas.

CONCLUSÃO...
Enfim, embora falei até muito sobre o filme, a verdade é quem valia ter falado tanto. Filme dispensável, para ser visto em alguma madrugada sem sono quando for exibido por algum canal aberto.

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