Translate

terça-feira, 1 de abril de 2014

TENTA SER UM ROMANCE AMERICANO...

★★★★★★
Título: Delicada Relação (Yossi & Jagger)
Ano: 2002
Gênero: Drama
Classificação: 14 anos
Direção: Eytan Fox
Elenco: Ohad Knoller, Yehuda Levi, Ays Steinovitz, Hani Furstenberg
País: Israel
Duração: 65 min.

SOBRE O QUE É O FILME?
Sobre dois soldados que trabalham na fronteira entre Israel e Líbano que mantém uma relação secreta motivada pela solidão e carência da rotina diária de guerra.

O QUE TENHO A DIZER...
O filme israelense é dirigido por Eytan Fox, e não conta uma história excepcionalmente diferente sobre a relação amorosa de dois jovens, a não ser o fato de serem dois soldados israelenses que convivem diariamente com seus colegas na faixa de guerra na fronteira entre Israel e Líbano.

Essa dificuldade de aceitação e de diferença de ideais já foi explorada diversas vezes e por diferentes maneiras em filmes com temáticas sobre diversidades sexuais nos últimos 20 anos, principalmente em países Europeus. Mas este filme em particular abraça a ideologia e a cultura de um país que se destacou por ser o mais progressista do meio leste asiático (e também no mundo) ao legalizar e a considerar legalmente a união estável homossexual em 1988 (e ainda permanecer como o único país asiático a reconhecer isso), a proibir a discriminação em 1992, a legalmente aceitar adoção de crianças por casais homossexuais em 2008, além da preservação legal de homossexuais poderem servir ao exército livre e abertamente.

A história pega gancho nessas liberdades oferecidas, porém mostra a dificuldade do personagem principal, Yossi (Ohad Knoller), em lidar com essa situação, bem como também suas contradições pessoais quando Jagger (Yehuda Levi) o pressiona para que a relação de ambos seja mais definida para ele e para os outros, para que possam viver sem limitações em um ambiente já naturalmente limitante como é o campo de guerra.

Fora isso, a história mantém o que já é previsto, como a rotina militar, alguns sonhos e vontades de uma juventude abandonada para que a carreira militar possa ser seguida, a dúvida de alguns companheiros e a certeza de outros sobre a relação dos personagens principais e o amor platônico de uma das mulheres por Jagger.

Embora o filme seja de 2002, a relação dos personagens principais ainda é algo muito atual e corriqueiro na sociedade, o que faz com que muitas pessoas que já tiveram ou ainda tem relações similares possam se identificar com eles. A crítica sobre esta hipócrita atitude é clara, mesmo que cliché, quando é demonstrado que a vida é muito curta para que as pessoas vivam sob falsas aparências e indecisões.

Não é um filme melodramático ou que pese no tema para agradar um público homossexual, pelo contrário, é um filme simples e curto (até bastante), e que trata desses problemas sociais de forma muito clara e objetiva, sem rodeios, metáforas ou muita profundidade porque a situação vivida por todos já é clara por si só. Por vezes a produção barata, a inexperiência de atores e até mesmo a direção um tanto amadora do diretor fazem o filme ter enquadramentos e focos que é impossível não associar com as produções de filmes pornográficos, tanto que a princípio achei que, talvez, a experiência do diretor pudesse ter saído dessas produções, o que não é verdade segundo seu currículo, mas infelizmente essa sensação pode ser sentida pelos mais atentos.

Independente de qualquer defeito, a baixa produção até consegue realizar um filme sensível e verdadeiro que tenta criar um romance americano, como diz um dos personagens, mas que não consegue porque a história não vive na mesma ilusão. E é esse seu destaque, tanto que a produção ganhou vários prêmios e foi um dos grandes destaques do Festival de Tribeca de 2003.

CONCLUSÃO...
Uma baixa produção que é sensível e realista, que mostra os problemas ainda enfrentados por casais homossexuais na sociedade de forma verdadeira e objetiva, sem mais ou menos.

Nenhum comentário:

Add to Flipboard Magazine.