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segunda-feira, 14 de abril de 2014

CINEMA TAMBÉM FAZ MÁGICA...

★★★★★★★
Título: Truque de Mestre (Now You See Me)
Ano: 2013
Gênero: Ação, Fantasia, Comédia
Classificação: Livre
Direção: Louis Leterrier
Elenco: Jesse Eisenberg, Mark Ruffalo, Woody Harrelson, Melanie Laurent, Isla Fisher, Dave Franco, Michael Cane, Morgan Freeman
País: Estados Unidos
Duração: 115 min.

SOBRE O QUE É O FILME?
Quatro mágicos são reunidos por um quinto elemento chamado de O Olho para cumprir uma missão de realizar o maior truque de mágica de suas vidas, a ser testemunhado por todo o mundo.

O QUE TENHO A DIZER...
O filme é diridigo pelo francês Louis Leterrier, o mesmo de filmes de ação como o inferior Carga Explosiva 2 (The Transporter 2, 2005), o precoce e fracassado remake de O Incrível Hulk (The Incredible Hulk, 2008) e o péssimo Fúria de Titãs (Clash Of The Titans, 2010), filmes que pecam na qualidade e no roteiro (com alguma excessão em Hulk), mas que de alguma forma fizeram algum sucesso nas bilheterias, o que garantiu ao diretor continuar sua carreira entre um tropeço e outro até conseguir finalmente acertar com esse filme que nada tinha para ser um grande sucesso.

Não possuia um título atrativo, os trailers eram mornos, e o enredo, que gira em torno do mundo da mágica, não é algo que faz muito a cabeça das pessoas no cinema porque a mágica é facilmente manipulada por truques cinematográficos. Embora possua um elenco de primeira, a maioria são de atores reconhecidos, mas de pouco sucessos, com excessão dos mais antigos como Woody Harrelson, Michael Cane e Morgan Freeman, que finalmente deixou de lado aquele tom de deboche irritante que vem feito nos últimos filmes e parece se divertir aqui. Ou seja, o que é que o filme teria de interessante? Não muito, mas o suficiente bem utilizado.

A história começa com uma breve apresentação de cada um dos quatro personagens principais: Daniel Atlas (Jesse Eisenberg), um mágico ilusionista arrogante; Henley Reeves (Isla Fisher), igualmente ilusionista, mas de apelo mais teatral e espetaculoso, ex-ajudante de Daniel no começo da carreira; Merrit (Woody Harrelson), um mágico hipnotista que se diz sensitivo, mas que na verdade é um excelente dedutor pelo apurado senso de observação; Jack Wilder (Dave Franco), um mágico ruim, mas um mestre punguista, além do dom de despistar facilmente qualquer pessoa que o estiver observando. Todos tem em comum o fato de serem incrivelmente talentosos, mas não terem o devido reconhecimento. Tudo muda quando um quinto personagem indeterminado, chamado de O Olho, os reunem. Em um salto de tempo, os personagens são mostrados como os Quatro Cavaleiros, astros da TV que comandam um programa de grande sucesso. O problema começa quando realizam ao vivo um assalto a um banco francês utilizando apenas a mágica, o que chama a atenção do FBI e da Interpol, pois o assalto é bem sucedido, o dinheiro é jogado às pessoas da platéia, mas os suspeitos não podem ser presos pois não há nenhuma prova contundente, o que faz os agentes Dylan (Mark Ruffalo) e Alma (Melanie Laurent, a eterna Shosanna) ficarem na cola dos Cavaleiros por todo o filme. Há uma tentativa de modernizar a intenção de Robin Hood, mas é só uma humilde referência, nada muito relevante quando toda a trama se conclui.

A história na verdade faz pouco sentido. Não há profundidade na vida de nenhum personagem e pouco ficamos sabendo do passado de cada um além do que é brevemente explicado ou solto aleatoriamente entre um diálogo e outro. Também não sabemos qual o verdadeiro motivo de tudo acontecer ou estar acontecendo. Todos os truques mostrados até tentam ser explicados dentro da sua ficção, mas nada feito para convencer, só para mistificar as ações dos personagens e ter algum sentido no contexto, já que filmes em si são ficções, então ao invés do roteiro perder tempo em convencer o espectador de que tudo tem uma explicação lógica (com excessão da abertura do filme, em que o truque com as cartas realizado é verdadeiro e não criado digitalmente), o mérito fica em realmente fazer de tudo um grandioso espetáculo, como é o esperado por quem vai ao cinema para assistir um filme com esse tema. E mesmo com tanta superficialidade, tudo funciona exatamente por ter essa levada despretenciosa de que aparentemente tudo daria errado. Isso acontece porque o diretor e o roteiro levam à risca a intenção de fazer com que o espectador nunca observe tudo tão de perto (como o personagem Daniel tanto faz questão de dizer) e essa distância que o diretor fluidamente mantém entre a história e o espectador é o que entretém porque, mesmo comercial, consegue, desde o início, realizar essa pequena mágica do cinema de fazer com que o espectador simplesmente esqueça dos absurdos e mergulhe de cabeça em toda a fantasia com naturalidade e sem perceber, deixando a preocupação e a atenção nos mínimos detalhes completamente de lado.

Embora as façanhas realizadas pelos personagens sejam algumas vezes até banais e algumas sequencias até um tanto desnecessárias, como a perseguição de carro, há outras muito bem elaboradas como o breve conflito entre o ladrão Jack e o detetive Dylan, e a forma como ele consegue escapar como um sabonete de toda a situação. Os personagens também são carismáticos, não havendo conflitos banais entre eles para construção de tramas paralelas desnecessárias. O jeitão canastrão de Woody Harrelson, que embora seja sua marca registrada e recorrente, consegue dar o tom cômico exato nas situações, roubando e engrandecendo as cenas, bem como Isla Fisher com seu sexy appeal comportado.

E dessa forma o filme entretém e segura o espectador em basicamente três atos que conseguem superar um ao outro sucessivamente dentro de um limite de nunca querer ser realista, mas também nunca exceder o limite do absurdo, e ao mesmo tempo nunca subestimar o espectador independente da idade, pois também consegue ser um filme leve e familiar.

Uma pena ele não ter sido tão lembrado ou comentado, mesmo tendo feito um grande e silencioso sucesso, arrecadando mais de US$234 milhões no mundo, o que garantiu ao diretor uma continuação, mas que não garante a mesma despretenção, qualidade e entretenimento que esse inesperadamente oferece com muito prazer.

CONCLUSÃO...
É um filme divertido, um dos poucos atuais que mesclam ação e fantasia sem deixar o espectador entediado ou preocupado com tanta idéia mirabolante e desnecessária. Claro que as pistas falsas para enganar o espectador existem, e para aqueles que já estão acostumados com reviravoltas finais, poderá não ficar muito convencido com o final, mas também em nenhum momento o filme tem pretensões de ser levado a sério. 

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