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quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

CAIXINHA MODESTA, PRESENTE SINCERO...

★★★★★★
Título: Amor Bandido (Mud)
Ano: 2011
Gênero: Drama
Classificação: 14 anos
Direção: Jeff Nichols
Elenco: Matthew McConaughey, Tye Sheridan, Jacob Lofland, Reese Witherspoon, Sam Shepard
País: Estados Unidos
Duração: 130 min.

SOBRE O QUE É O FILME?
Dois adolescentes encontram um estranho em uma ilha, curiosos a respeito da história deste estranho e comovidos pela razão de sua volta, resolvem ajudá-lo com o que ele precisa, para só depois descobrirem que ele é um fugitivo.

O QUE TENHO A DIZER...
Amor Bandido é o terceiro filme dirigo por Jeff Nichols, que embora tenha sido produzido no mesmo ano que seu drama apocalíptico O Abrigo (Take Shelter, 2011) só foi lançado no Festival de Cannes em 2012. O Abrigo chamou bastante atenção da crítica mundial e foi o grande vencedor de Cannes naquele ano, enquanto Amor Bandido teve sua estréia oficial no Festival, sendo bem recepcionado pelo público e crítica.

Não há muito o que se dizer sobre a história, já que se trata unicamente de um drama sobre o amor, um sentimento único que é proposto no filme pelo ponto de vista ingênuo da puberdade e o traiçoeiro da idade adulta. Dois pontos de vista paradoxais que se encontram em uma mesma história e que realmente constróem gradualmente um impacto sentimental para aqueles que já cultivaram seu primeiro amor e também para aqueles que já sofreram por um grande amor.

O diretor já tinha o conceito da história ainda na década de 90, e sempre imaginou Matthew McConaughey interpretando o personagem principal. Ele foi fortemente inspirado pelo personagem Tom Sawyer, de Mark Twain, o qual tem muitas similaridades com o personagem adolescente do filme. Mas seu interesse principal foi captar a sua própria época de colégio, representando esses sentimentos de euforia e decepção que ele sentia quando se apaixonava por alguma garota que o devastava por não corresponder. Sua intenção era condensar toda a emoção, a dor e a intensidade dessa paixão pura, sobre uma época de descobertas que parecem ser muito duras, mas necessárias para a construção do caráter e da maturidade.

E sem dúvida o filme consegue construir essa atmosfera complexa de sentimentos mistos sem ser piegas, e muito menos cliché. Não é um filme com uma história complexa, com um final feliz e um beijo arrebatador ao final com uma grandiosa trilha sonora, e por isso não irá atrair a atenção de qualquer pessoa, mas é um filme pequeno, em uma embalagem simples, um presente sincero e muito honesto frente a duas perspectivas diferentes sobre um mesmo sentimento. Só é muito longo, em uma narrativa lenta e às vezes cansativa, cheia de indas e vindas e talvez um conflito até um pouco exagerado, que não interferem na bela construção do diretor e roteirista, mas que geram alguns bocejos durante o desenvolvimento.

O longa foi listado entre os 10 melhores filmes independentes pelo National Board Of Review, um dos grupos mais importantes e respeitados da crítica norteamericana para o cinema. A performance de Matthew McConaughey é tão enigmática, sincera e natural quanto a própria história, e chamou a atenção da crítica mundial além de ter sido uma grande publicidade ao ator que, posteriormente a ele, escolheu filmes nem sempre muito bons, mas excelentes papéis, como nos filmes Killer Joe (2011), Obessão (The Paperboy, 2012) Magic Mike (2012) e o atual Clube de Compra Dallas (Dallas Buyers Club, 2013), no qual concorre ao Oscar de Melhor Ator, com grandes chances de vencer.

CONCLUSÃO...
Ao contrário do que o título induz, ou o que equivocadamente os posters aparentam, não é mais um filme de suspense ou de crimes passionais que se passa no sul dos Estados Unidos. Como dito, é um filme pequeno, em uma embalagem simples, um presente sincero e muito honesto frente a duas perspectivas diferentes sobre um mesmo sentimento.

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