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segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

MICHAEL BAY DE SEMPRE...

★★★★
Título: Sem Dor, Sem Ganho (Pain & Gain)
Ano: 2013
Gênero: Ação
Classificação: 14 anos
Direção: Michael Bay
Elenco: Mark Wahlberg, Dwayne Johnson, Anthony Mackie, Tony Shalhoub, Ed Harris, Rebel Wilson
País: Estados Unidos
Duração: 129 min.

SOBRE O QUE É O FILME?
História do educador físico, instrutor e halterofilista Daniel Lugo, que resolve por em prática um plano criminoso e inconsequente para ser mais um novo milhonário em Miami.

O QUE TENHO A DIZER...
Sem Dor, Sem Ganho é dirigido por Michael Bay. É seu segundo filme produzido com um pouco mais de US$25 milhões e, por incrível que pareça, talvez sua primeira e única tentativa de fazer um filme sério para tentar provar para um público - que não se sabe qual - de que ele pode ser um bom diretor em uma carreira definida por blockbusters bobos a inúteis, como a tetralogia Transformers (o quarto filme estréia em 2014). Considerado quase que em unanimidade pelos críticos como um dos piores diretores do cinema, justamente por ter em seu currículo apenas títulos puramente medíocres e comerciais, chega a ser até incoerente alguém como ele tentar criticar o consumismo, o "american way of life" e a cultura do corpo nesse filme que até tem um conteúdo que podia ser aproveitado e levado a sério, caso ele não fosse o diretor.

O filme começa dizendo que a história é real, quando na verdade ela é apenas baseada nas matérias de Pete Colins publicadas no Miami New Times, em 1998, sobre o professor, instrutor e halterofilista Daniel Lugo, que desiludido com uma vida nada glamurosa no meio da grande ostentação e imagem de Miami, resolve cair no mundo do crime de forma muito estúpida e inconsequente apenas para conseguir tudo o que as outras pessoas tem e que ele nunca conseguiu, como uma mansão, um conversível, mulheres, influência na sociedade e drogas.

Michael Bay, juntamente com Roland Emmerich ou o produtor Jerry Bruckheimer, fazem parte de um nicho de Hollywood que sempre teve grandes orçamentos nas mãos, tendo a liberdade de pecar no excesso e na falta de qualidade para atingir diretamente um público que busca o entretenimento fácil. Eles são respeitados e requisitados na indústria única e simplesmente por este propósito. Portanto, quanto mais bombas, explosões, porradas, efeitos especiais e piadas sem graça, mais acessíveis são seus filmes. Em uma carreira de mais de 15 anos, como a de Bay, apenas realizando filmes neste estilo vazio, não é de impressionar que Sem Dor até tenta, mas não consegue ter conteúdo suficiente pra mudar a péssima reputação do diretor.

É claro que todos os clichés estão presentes em personagens estereotipados, como o narcisista personagem principal, o grandalhão violento e infantil, e um terceiro elemento que não oferece desenvolvimento algum no filme. Todos os personagem apresentados são absurdamente ignorantes, que agem inconsequentemente numa desordem caótica. Há também a vítima que tenta ter uma vilania pintada de uma forma tão insuportável como que a convencer o espectador de que ele realmente merece tudo que sofre. Depois disso, tudo é um show de horrores, como a prostituta estrangeira e burra, um investigador da polícia durão e uma enfermeira vivida por Rebel Wilson numa caricatura de gorda-loira-sexy-esquisita-safada-e-burra que ela repetiu tantas vezes que já virou um tipo cansado e sem graça.

A idéia do filme não é de toda ruim, e a história de Daniel Lugo chega a ser interessante, mas muito mal contada. Michael Bay até acerta poucas vezes em alguns jogos de câmera, mas que logo perdem a graça por conta da repetitividade, como se ele tivesse descoberto um truque legal. Mark Wahlberg também tenta construir uma personalidade histérica e desesperada, mas está mais no filme para promover sua marca de suplementos alimentares, já que ele promoveu o filme dizendo que toda sua dieta foi feita com seus suplementos. Mas quem realmente rouba a cena é o truculento Dwayne Johnson que, mesmo repetindo um estilo que ele já fez em filmes anteriores, consegue mostrar muito bem uma versatilidade cômica e um tanto rústica sem ser forçado. Rouba a cena também a mais-que-coadjuvante personagem iuguslava, que aparece por não mais de 10 minutos, mas faz uma sequencia bem hilária e trágica quando é dopada com um potente anestésico animal.

Essa intenção de ser um filme apenas de vilões ou anti-heróis (não há heróis ou mocinhos em todo o filme) chega a ser um diferencial que poderia ter sido melhor aproveitado, mas além de longo demais, se prende e se estende em pormenores desnecessários, numa violência injustificada, que fica inadequada porque não havia necessidade da história caminhar para essa via. O roteiro inconsistente, que vai e volta, sem pé nem cabeça, mostra todo o sofrimento de uma história mau desenvolvida. Ou seja... por mais que ele quisesse fazer algo diferente, no fim é um típico filme Michael Bay.

CONCLUSÃO...
Michael Bay novamente pesando a mão e provando mais uma vez que seu talento é limitado em um filme que ele tenta a todo custo provar o contrário.

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