Translate

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

CADÊ GODZILLA?

★★★★
Título: Círculo de Fogo (Pacific Rim)
Ano: 2013
Gênero: Ação
Classificação: 12 anos
Direção: Guillermo Del Toro
Elenco: Charlie Hunnan, Rinko Kikuchi, Idris Elba
País: Estados Unidos
Duração: 131 min.

SOBRE O QUE É O FILME?
Uma raça alienígena e parasita migra de planeta em planeta de tempos em tempos, e agora tentam invadir a Terra enviando Kaijus através de um portal em uma fenda tectônica para destruirem os humanos. Cansados de serem constantemente atacados, as nações se unem na construção dos Jaegers, robôs capazes de irem a combate para lutarem e destruirem os monstros.

O QUE TENHO A DIZER...
Dirigido pelo mexicano Guillermo Del Toro, o mesmo de Hellboy (2004/2008) e O Labirinto do Fauno (Pan's Labyrinth, 2006), sendo sua volta como diretor depois de cinco anos (nos últimos anos atuou mais como produtor) e também a tentativa da Warner de pegar carona com a franquia Transformers, iniciada em 2007, e lançar seu próprio filme (ou sua própria franquia) de robôs gigantes. Talvez possa dar certo, talvez não, pois o filme custou US$190 milhões e foi um fracasso nos Estados Unidos, arrecadando custosamente um pouco mais de US$100 milhões. Mas curiosamente o filme arrecadou mais de US$300 milhões no resto do mundo, o que garantiu a ele a possibilidade de uma sequencia e talvez, segundo o próprio Del Toro, de uma trilogia.

Conta a história de monstros alienígenas gigantescos que invadem a Terra pelo mar ao atravessarem uma fenda tectônica que é também um portal entre os dois mundos. Chamados de Kaiju (termo japonês dado a monstros desconhecidos), destruiram boa parte das grandes cidades numa sequência de ataques que já duram sete anos, o que fez as nações se unirem para criar os Jaegers, robôs igualmente gigantescos capazes de enfrentá-los de forma equivalente e evitar novas invasões e catástrofes.

A grande diferença dos já mencionado Transformers é que o filme de Del Toro, o qual também trabalhou no roteiro e produção, bebe até em exagero da cultura japonesa e seu fascínio por monstros gigantes de destruição em massa que andam pelas cidades como em um jardim. Enquanto Transformers lida com a guerra entre robôs de diferentes raças, Círculo de Fogo lida com a guerra direta entre humanos e monstros. Por conta disso, não é difícil associar o filme a antigos seriados como Jaspion, Changemam e Flashman por conta de uma equipe de heróis responsável por comandar robôs que irão a campo de batalha contra monstros destruidores. Também é impossível não associar àquele que foi e é a referência maior de todos eles, chamado Godzilla. Há também referências aos mangás e animes japoneses que tratam do mesmo tema, ou até a série de jogos eletrônicos Final Fantasy, já que grande parte dos monstros do filme tem visuais bastante similares aos monstros chamados Weapons nesses jogos.

Uma pena que as grandes e importantes referências utilizadas parem por aí e necessariamente não façam do filme algo tão bom como poderia, porque Del Toro não consegue evitar o uso exacerbado do fator Hollywoodiano, ou seja, do excesso do desnecessário. Da mesma forma que o diretor também não consegue manter a mesma linearidade e aquela mistura mágica e aceitável de ficção, fantasia e realidade que ele já conseguiu com sucesso em títulos anteriores, tanto que ele ficou conhecido justamente pela facilidade em articular esses gêneros como se fosse um só.

Círculo erra naquilo que a maioria dos blockbusters fazem. Exacerba nos diálogos bobos, vazios e cheios de frases heróicas de efeito; atores inexpressivos ou que se expressam caricatamente como feito, por exemplo, por Idris Elba na sua leitura repetitiva e já cansada de chefe áustero e mecânico ou do herói durão feito por Charlie Hunnam; os personagens cômicos e irritantes para cobrir buracos; e um argumento comum para justificar tanta destruição; ou a famosa tensão sexual existente entre o herói e a heroína irritante.

O roteiro é cheio de buracos e situações que não se encaixam ou justificam as razões das coisas existirem e acontecerem, como o fato de serem capazes de criar robôs gigantes cheios de aparatos tecnológicos inimagináveis, mas não de um míssel ou bombas avassaladoras contra eles. Sem contar que, no decorrer da história, supõe-se que os monstros ficariam maiores e mais difíceis, mas o último deles, o temido CLASSE 5, que pode acabar com qualquer coisa a sua frente, é morto numa facilidade como se fosse o primeiro. Aliás, como eles saberiam que é um  Classe 5 se nunca tinham visto antes? Há também o fato dos robôs existirem para evitar a invasão e destruição das cidades, mas durante batalha eles são permitidos destruir mais que os próprios monstros. Então, assim como o intragável O Homem de Aço, me pergunto para que a existência de heróis se eles matam e destróem mais do que os vilões e os monstros?

Portanto, se torna incoerente e sem sentido, desatento a tudo que é mostrado e falado, e uma via única e fácil para produzirem um blockbuster oco para o aumento do consumo de pipoca. Nem podemos dizer que possui efeitos especiais deslumbrantes, pois a maioria do que acontece é no escuro ou na chuva porque é mais fácil esconder os defeitos da produção corrida, ou também dizer que há cenas de ação realmente boas ou de tirar o fôlego, porque todas parecem ser iguais.

Então, novamente é fraco tanto quanto Transformers, e não algo mais polido, articulado e adulto quanto se supunha, deixando aquele gosto de desperdício no ar e da constante carência de cabeças mais amadurecidas por filmes de ação que não necessariamente precisam tacar em nossa cara tanto absurdo de uma vez só e chamar isso de cinema.

E se preparem porque nada vai parar por aí, há também o reboot de Gozdilla chegando ano que vem, como se o absurdo de Roland Emmerich (1997) não tivesse sido suficiente.

CONCLUSÃO...
Prato cheio para aqueles que só querem ver efeitos grandiosos, explosões, batalhas entre monstros ou até mesmo ter apenas um gostinho de nostalgia sobre as referências utilizadas. Está longe de ser um filme bom, e mais ainda de ser memorável. Mas como um todo é um filme robusto na tentativa de impressionar, pesado no exagero e que demora pra entrar em um ritmo tal qual os próprios Jaegers.

Nenhum comentário:

Add to Flipboard Magazine.