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terça-feira, 12 de novembro de 2013

ASS KICKED...

★★
Título: Kick-Ass 2
Ano: 2013
Gênero: Ação
Classificação: 16 anos
Direção: Jeff Wadlow
Elenco: Aaron Taylor-Johnson, Chloë Grace Moretz, Jim Carrey
País: Estados Unidos, Reino Unido
Duração: 103 min.

SOBRE O QUE É O FILME?
Kick Ass abandonou seu uniforme, mas o senso de justiça fala mais alto quando descobre que a vida é entediante sem ele.

O QUE TENHO A DIZER...
O primeiro Kick Ass (2010) foi dirigido por Matthew Vaughn, que conseguiu uma difícil junção de linguagem adulta com visual e sonoridades lúdicas para aliviar o peso de tanta violência embutida, conseguindo fazer do filme um cult instantâneo no gênero e um dos poucos absurdos relevantes no cinema nos últimos anos. Politicamente incorreto ao extremo, o filme sofreu para ser produzido ao ponto do diretor angariar fundos por conta própria e produzí-lo indepedentemente. Óbvio que, depois do sucesso de crítica e em home vídeo obtidos, os olhos dos estúdios cresceram e quiseram transforma-lo em uma franquia.

Vaughn saiu da direção e do roteiro e foi para a produção. No seu lugar entrou o pseudo-novato e desconhecido Jeff Wadlow. A mudança foi gritante e visível, e o segundo filme perdeu quase que totalmente a pequena mágica sarcástica que Vaughn conseguiu criar.

Ao invés de se manter dentro das propostas apresentadas no primeiro filme, Wadlow pegou os personagens Dave e Mindy e os colocou em um universo comum e sem graça, cheio de clichés que no primeiro filme pouco existiam ou tentavam ser abolidos. As cenas e seqüências parecem não fluir no meio de uma edição tão exagerada e cheia de cortes, e os dramas dos personagens viraram um grande besteirol que se encaixaria caso o filme de Vaughn não tivesse uma proposta tão incorreta como teve. É aquela velha história de que todo grande estúdio tende a destruir uma grande idéia original, e não foi diferente com essa sequência. Feita para atrair um maior público adolescente, não apenas a violência foi amenizada como a própria rebeldia contida nos personagens. Há uma jorrada de sangue aqui e outra ali apenas para dizer que o estilo do filme se manteve, mas a impressão que se passa é que quanto mais os personagens cresceram, menos ousados eles ficaram.

Talvez o mesmo a ser dito sobre os atores. Em 3 anos que separam um filme e outro, muita coisa mudou para eles. Embora Aaron Taylor-Johnson (Kick Ass) se mantenha no mesmo platô confortável e que não exigiria muito de qualquer ator amador ou não, Chloe Grace Moretz (Hit Girl) agora aparenta sofrer daquilo que outras atrizes mirins sofrem ao crescer, o da perda da espontaneidade e do aumento da atuação ensaiada, deixando a artificialidade tomar conta da naturalidade de antes.

Um filme longo e entediante, pois não tem o mesmo humor e a espontaneidade do primeiro, feito sobre um roteiro bagunçado que tenta se desenvolver em conflitos bobos e comuns como o vilão que quer cegamente vingar a morte do pai, ou a heroína que agora sofre assédio na escola pelas garotas populares e abandona o uniforme porque seu padrasto policial e bonzinho a colocou de castigo, ou o herói que esconde do pai sua identidade secreta (super original) e um mentor vivido por Jim Carrey (irreconhecível) apenas para ocupar o papel que tinha que ser ocupado por um ator mais velho e conhecido tal como fez Nicholas Cage no filme anterior. Como se isso tudo não fosse suficiente, há também os deja vus, com cenas que parecem ter sido simplesmente copiadas do primeiro filme ou a apelação para o exagero escatológico que não podia ser mais apelativo na tentativa do resgate do riso fácil no meio de uma hora e meia de pura chatice.

Não há muito o que ser analisado, pois assim como o filme original nada mais foi do que uma idéia interessante e um produto diferenciado para entreter (algo que faz muito bem), a segunda parte virou apenas um produto qualquer que tenta entreter mas não consegue e se perde numa fórmula que tentaram criar, mas que nunca existiu. Tanto foi assim que o filme foi um naufrágio de crítica e público, e definitivamente não manteve o respeito alcançado com o primeiro, pelo contrário, o denegriu.

CONCLUSÃO...
Realmente o filme de Vaughn é difícil de ser engolido para os mais conservadores ou politicamente corretos, mas quem entende sua ironia e seu sarcasmo dentro de tanta violência absurda e fantasia distorcida, se diverte e vibra sem compromisso, pois o restultado de tudo é, de fato, apreciável. Mas nessa segunda parte dirigida por Wadlow, tudo foi juntado sem sentido ou coerência, resultando numa grande tentativa frustrada e mal planejada de continuar uma história que poderia ter parado onde parou, mas que agora teve uma extensão desnecessária.

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