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sábado, 31 de agosto de 2013

DIFERENTE, MAS NÃO NOVO...

★★★★★
Título: Sem Perdão (Dead Man Down)
Ano: 2013
Gênero: Ação, Drama
Classificação: 14 anos
Direção: Niels Arden Oplev
Elenco: Colin Farrell, Noomi Rapace, Terrence Howard, Isabelle Huppert
País: Estados Unidos
Duração: 118 min.

SOBRE O QUE É O FILME?
Um homem e uma mulher se conhecem e descobrem que possuem um objetivo comum, se vingarem daqueles que lhe causaram dores e não foram punidos.

O QUE TENHO A DIZER...
O filme é dirigido por Niels Arden Oplev, diretor norueguês que descobriu a fama após ter dado início na adaptação original da trilogia Millennium, quando dirigiu o primeiro deles, Os Homens Que Não Amavam As Mulheres (Män som hatar kvinnor, 2009). O filme teve reconhecimento mundial após os livros do falecido autor Stieg Larsson terem virado febre nas prateleiras, tanto que Hollywood abocanhou a idéia com unhas e dentes e fez um remake superproduzido, inferior e desnecessário dirigido por David Fincher.

É o primeiro filme do diretor em solo norte-americano, e também o primeiro reencontro de Oplev com a atriz Noomi Rapace, que agora é famosa e reconhecida em Hollywood por causa do diretor e também por sua interpretação viceral da protagonista Lisbeth Salander em Os Homens, e ao contrário da sua personagem anterior, aqui Noomi está irreconhecivelmente feminina, discreta e até muito sexy dentro de sua beleza norueguesa um tanto peculiar.

Embora realmente pareça um filme feito para norte-americanos, ele deixa a desejar para este público que dá preferência a um monte de bombas do que a uma história bem contada, tanto que o diretor reprovou publicamente a publicidade do filme nos EUA justamente por deturpar a imagem do filme e a história contada.

Sem Perdão é um filme até curioso, que não segue a premissa do filme de ação apenas pela ação. Ele pega uma história de vingança comum para usar como pano de fundo para pintar e se aprofundar no psicológico dos personagens, seus conflitos internos e sentimentos oprimidos. Mas mesmo que bem feito, a impressão que se tem é de que algo falta. Nem por isso deixa de ser um filme interessante e, dentro de toda sua brutalidade, até delicado na forma como trata e desenvolve a relação entre os personagens.

Victor (Colin Farrell, ótimo como sempre), é um homem que trabalha para um chefe da máfia com a intenção de se vingar da morte de sua mulher e filha. Ele é um homem quieto, de poucas palavras, contido, introspectivo e solitário, que mora em um apartamento de esquina, cuja janela de sua sala dá diretamente para o mesmo andar da sacada de um apartamento igualmente de esquina, onde vive a complexada Beatrice (Noomi Rapace). Ambos se vêem frequentemente pelas janelas ao acaso, mas nunca tiveram coragem de se apresentarem ou ao menos trocar palavras. Até que Beatrice, incentivada por sua mãe, resolve enviar um bilhete com seu telefone. Indeciso, mas impulsionado pela curiosidade e um certo desejo, ele liga para ela, e ambos resolvem se encontrar. O que Victor não esperava é que Beatrice já o observava há algum tempo, sabendo de segredos da vida do vizinho que ele não imaginava.

Essa relação voyerista que os personagens vivem chega até a ser uma referência interessante - proposital ou não, direta ou indireta - a Hitchcock e sua Janela Indiscreta (Rear Window, 1954), mas a verdade é que o filme é um thriller denso, violento e cru, que se mistura a um drama psicológico que por momentos é até bastante cliché, mas que se justificam com o desarrolar da história. Há tabém uma grande tensão sexual entre os personagens e que nunca se concretiza da forma que o público comumente espera, o que é até um grande alívio, pois deixa de ser um grande cliché a menos. 

Oplev sem dúvida está bastante seguro e confortável ao novamente tratar de um tema que lhe agrada: a vingança e as dificuldades que vem juntas com esse pacote. Essa discussão no filme é constante. Por uma parte vemos os personagens querendo se vingar dos respectivos causadores de suas dores, traumas e complexos, mas em uma segunda parte vemos o sofrimento dos personagens ao perceberem que o alívio da dor não acontece gerando mais dor, e sim uma condição consciente de superação e até mesmo redenção.

CONCLUSÃO...
Uma pena que toda a moral que o filme constrói acabe perdendo o tom em situações bastante surreais e inverossímeis que vira e mexe aparecem, mas que estão lá pra chamar a atenção e agradar os muitos que só esperam esses tipos de sequência de grande impacto e fácil absorção. Não foi dessa vez que Oplev conseguiu conquistar o público norte-americano, e acredito que ele nem deva ter interesse. Melhor continuar na Noruega produzindo filmes que não sejam obrigados a se enquadrar em padrões emburrecentes.

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