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sábado, 5 de janeiro de 2013

MAIS PRA MARGARINA QUE MANTEIGA...

★★★★
Título: Butter
Ano: 2011
Gênero: Comédia
Classificação: 14 anos
Direção: Jim Field Smith
Elenco: Jennifer Garner, Ty Burrell, Alicia Silverstone, Bob Corddry, Hugh Jackman, Yara Shahidi
País: Estados Unidos
Duração: 90 min.

SOBRE O QUE É O FILME?
Numa época em que as esculturas em manteiga não são mais tão populares numa pequena cidade do Iowa, a mulher de um famoso escultor vê sua vida virar de ponta cabeça quando descobre que seu marido foi pressionado a passar o posto dominado por ele há 15 anos para alguém novo e desconhecido na tentativa de rejuvenecer um tradicional concurso local. Sua ambição e obsessão aumentam principalmente quando ela descobre que seus dias como importante figura pública local estão ameaçados por uma garotinha de apenas onze anos.
O QUE TENHO A DIZER...
Assim como a personagem diz logo no começo do filme, pouca gente sabe, mas esculturas em manteiga é uma cultura particular bastante popular no estado de Iowa, nos Estados Unidos, sendo uma das poucas tradições interessantes desse país que realmente demandam um rígido controle do material artístico e técnica, coisas que pouco se vê nessa nação. Mas é claro que eles dão mais ênfase ao Super Bowl do que a essa pitoresca arte que movimenta milhões de pessoas, mas não tantos milhões de dólares como o futebol americano.
Butter começou a se disseminar pela mídia bem cedo. Em 2008 ele fez parte da famosa e anual lista de roteiros mais populares que não foram produzidos em Hollywood ao ponto de chamar a atenção da atriz Jennifer Garner, que o escolheu para ser o primeiro filme de sua produtora, a Vandalia Films, dando início à produção em 2010. Em 2011 o filme estava pronto, foi lançado no Festival de Telluride e incansavelmente recorrente nos demais festivais nacionais americanos na tentativa de encaixá-lo em algum lugar. Mas a recepção sempre amena fez seu lançamento comercial ser adiado por diversas vezes.
Jennifer Garner interpreta Laura Pickler, mulher ambiciosa do famoso escultor de manteiga, Bob Pickler (Ty Burrell, de Modern Family). O casal é o melhor exemplo da família americana que uma pequena cidade do Iowa poderia ter e ela não podia ser mais orgulhosa por isso. Bob domina esse estranho meio artístico há 15 anos, até que um dia ele se vê forçado a abandonar o posto para dar oportunidade a escultores mais novos e desconhecidos para que a imagem de um anual e já cansado concurso de esculturas da cidade seja renovada. Laura não consegue admitir a idéia, já que toda a sua vida e imagem foram construídas em cima disso. Obsessiva na idéia de manter o título, resolve se candidatar sozinha no concurso. Porém a certeza de ganhar se torna ameaçada quando uma garota de apenas 11 anos se revela como sua maior e principal rival.
Por conta de um tema incomum e uma trama absurda que envolveria a obsessão de uma mulher por algo bastante banal e os caminhos tortuosos que ela estaria disposta a passar para conseguir seus objetivos, o filme aparentava ser uma comédia inspirada, além de uma grande oportunidade de retorno para a atriz que, depois de ter saído de uma carreira de enorme sucesso na televisão com seriado Alias e colhido um modesto sucesso nos cinemas, passou a amargar seguidos fracassos em filmes tolos e personagens pouco carismáticos. Hollywood tentou encaixar a atriz em tudo quanto pode, desde tentar transformá-la em uma estrela de filmes de ação até fazer o público engolí-la a seco como uma nova Namoradinha da América, e no fim das contas não conseguiram enquadrá-la em lugar algum, deixando a atriz numa crise com personagens que raramente se encaixam em seu perfil.
A verdade é que o filme não é nada do que parecia. Nem mesmo seu grande elenco o salva de tragédias, que conta com a belíssima Olivia Wilde, o sempre galã Hugh Jackman (um tanto irreconhecível) e Alicia Silverstone numa atuação despretenciosa como há muito não se via e cheia de vontade de que o filme dê certo (o que me dá até pena, já que seu último sucesso nos cinemas foi ainda na década de 90). Ele perde o tom e diversas oportunidades de ser sarcástico ou carregado no mesmo humor negro e absurdo de Alexander Payne em Eleição (Election, 1999), filme o qual Butter até parece se inspirar no início, mas que posteriormente tanto o diretor quanto o roteiro desperdiçam toda e qualquer situação para isso.
Além disso, Jennifer Garner não aparenta estar a vontade. Para quem a conhece de trabalhos anteriores, ou até mesmo do seriado pelo qual ficou famosa, sabe que ela consegue atuar (como a delicadeza com que ela trata seu papel no filme Juno, de 2007) e até possui uma veia cômica para papéis que exijam isso (como no familiar De Repente 30, de 2004), mas o que lhe falta é direção para amenizar seus exageros e destacar suas qualidades que, volto a dizer, se perderam nessa bagunça em que a enfiaram na tentativa de a rotularem em um estilo.
Sem dúvida é um filme cuja incompetência tanto do roteiro quanto da direção o transformaram em algo desnecessário, com personagens apagados e alguns até mesmo inúteis, perdido entre um meio termo adulto/sarcástico e infantil/familiar que desempolga e até constrange, numa crise de identidade constante tal qual a atriz principal atualmente se encontra.
CONCLUSÃO...
Fraco e esquecível, tinha todas as ferramentas para ser um filme inesperado, recheado de humor negro e sarcasmo, mas que perde toda oportunidade ao tenta atingir todo tipo de público e não fim não acertar ninguém.

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