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domingo, 13 de janeiro de 2013

A ADOLESCÊNCIA SÉRIA E ADULTA...

★★★★★★★★
Título: As Vantagens de Ser Invisível (The Perks Of Being A Wallflower)
Ano: 2012
Gênero: Drama, Romance
Classificação: 14 anos
Direção: Stephen Chbosky
Elenco: Logan Lerman, Emma Watson, Ezra Miller, Dylan McDermott, Kate Walsh, Paul Rudd
País: Estados Unidos
Duração: 102 min.

SOBRE O QUE É O FILME?
Um garoto introspectivo sofre com o primeiro ano do ensino médio e a falta de amigos até conhecer um grupo tão incomum quanto ele que serão responsáveis por grandes experiências que ele não imaginava conhecer tão cedo.

O QUE TENHO A DIZER...
Este filme foi escrito e dirigido por Stephen Chbosky, também autor do livro homônimo do qual o filme foi adaptado. Raramente assistimos um filme sobre adolescentes bom e que não trate tudo como uma comédia ou em teores irônicos. Esse mistura drama e romance em um período de transição para a fase adulta muito confuso na vida a qualquer pessoa.

A história é sobre Charlie (Logan Lerman), um garoto inteligente e introspectivo que, por ser assim, passa a sofrer com o assédio de alunos veteranos ao engressar no primeiro ano do ensino médio. Além disso, ele também não tem amigos, encontrando dificuldade para fazê-los, já que não consegue se encaixar em nenhum grupo. Isso muda quando ele conhece Patrick (Ezra Miller) um gay do último ano que assiste aulas na mesma turma que Charlie, pois sempre é reprovado nesta matéria. Patrick, por sua vez, apresenta Sam (Emma Watson), e os três começam a desenvolver uma relação intensa de amizade, companheirismo, troca de idéias, conhecimentos e experiências, o que acaba sendo um grande acréscimo na vida de cada um. Mas o grande problema surge quando o fim do ano está chegando e Sam e Patrick estão prontos para entrar na Universidade, enquanto Charlie ainda tem mais dois anos pela frente.

Há a abordagem de vários temas, como o assédio moral, abusos, a adolescência, a descoberta sexual, o uso de drogas e sexualidade, mas tudo no filme é tratado de maneira séria e que evita os clichés. Chega a ter uma linguagem madura demais para a maioria dos jovens dessa idade, mas tudo soa tão natural que acaba sendo motivador e de um grande incentivo para os que assistirem. Stephen Chbosky foge do pensamento comum ao mostrar um grupo de jovens intelectuais preocupados com boa música, bons livros, saraus e a liberdade de experimentarem o que é novo sem serem inconsequentes, permitindo a todos curtirem essa fase da maneira mais intensa possível sem partir para o senso comum e ignorante da maioria dos demais da mesma idade que se preocupam com a futilidade e em consumir o descartável.

Fiquei apaixonado pela mágica fantástica contida dentro deste filme de que a grandiosidade presente nos seres humanos deve ser cultivada e que nunca há excessos para isso. Logo no começo do filme Patrick oferece um brinde, parabenizando Charlie por sua capacidade de ver e compreender. O que o personagem afirma ao dizer isso, e o que também acaba sendo o grande sentido do filme, é na dificuldade que as pessoas tem de ver, observar e compreender sem julgamento ou pré-conceitos, transmitindo uma mensagem bastante bonita e extremamente positiva de que essa compreensão ultrapassa meras diferenças de sexo, classe social, idade e ideais, e que o compartilhamento de tudo isso apenas gera bons frutos quando existe a boa intenção. E de boas intenções este filme está cheio.

As Vantagens de Ser Invisível tem recebido críticas positivas e o público tem adorado, embora não tenha sido lançado em grande circuito. Tem um elenco jovem promissor e apenas Emma Watson (a eterna Hermione) como a mais famosa deles, mas nem por isso a melhor. Mesmo cortando o cabelo e realizando cenas mais ousadas e maduras, é difícil não enxergar seus esforços para se libertar dos vícios de interpretação herdados da personagem que lhe deu fama e na qual ficou presa por 8 anos. Há também um certo tom arrogante em sua persona, algo natural e bastante recorrente em jovens que ficaram famosos e ricos muito rapidamente em Hollywood, um tipo de "maldição" pela qual eles dificilmente conseguem escapar. Mas as interpretações tanto de Logan Lerman, quanto de Ezra Miller, além de serem naturais e convincentes, são emocionantes (isso também inclui Emma Watson em alguns momentos importantes). Todos os personagens são bem construídos, com as histórias de cada desenvolvidas e aprofundadas com clareza e em momentos corretos. Todas elas honestas o suficiente e sem exageros, as bagagem que cada um levará por toda a vida nos difíceis passos do amadurecimento, fardos passados que deixaram cicatrizes assim como em qualquer um de nós.

CONCLUSÃO...
Um belo filme sobre a adolescência, os conflitos, erros e acertos de uma complicada fase de transição da vida, feito numa linguagem moderna e madura que evita clichés e vai direto ao ponto sem demagogia ou melodrama. Dramático de forma natural, romântico de maneira ingênua, e emocionante para todos já que o tema é sobre a vida e a forma como a construímos e a fazemos ser relevante.

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