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| ★★★★★★★★☆☆ |
Ano: 1993
Gênero: Comédia, Drama
Classificação: 12 anos
Direção: Ang Lee
Elenco: Winston Chao, Mitchell Lichtestein, May Chin, Sihung Lung, Ya-Lei Kuei
País: Tailândia, Estados Unidos
Duração: 106 min.
SOBRE O QUE É O FILME?
Um casal gay resolve inventar para os pais conservadores de um deles que ele irá se casar com uma mulher, porém uma mentira que parecia inofensiva e uma solução para os problemas de todos, se transforma em um problema que colocará a relação de todos no fio da navalha.
O QUE TENHO A DIZER...
Em um ano que Ang Lee volta a virar moda com o filme As Aventuras De Pi (Life Of Pi, 2012), e que provavelmente estará a poucos passos de ganhar mais um Oscar de Diretor ou Filme, nada melhor do que rever este que foi um grande e importante filme para o cinema e sua carreira.
Se não tivesse sido por ele, talvez a linguagem do cinema sobre as diferenças sexuais e de sexualidade ainda estariam estagnadas em algum lugar. E para quem achava que o filme posterior do diretor, O Segredo de Brokeback Mountain (Brokeback Mountain, 2005), foi um grande tabu quebrado e o mais memorável a tratar da temática gay com naturalidade nos últimos anos, provavelmente ou é porque não se lembra de O Banquete de Casamento, ou é porque não nasceu na década de 90.
Este foi o segundo filme dirigido e escrito por Ang Lee, e sem dúvida responsável por revelar o grande talento do diretor no ocidente.
Conta a história de Wai Tung, um tailandês que mora há 5 anos nos Estados Unidos com Simon, um jovem norte-americano fisioterapeuta. Os dois levam uma vida dos sonhos: moram numa casa bem localizada, são felizes em seus trabalhos, financeiramente estáveis, bem relacionados e bastante resolvidos sobre a sexualidade, embora discretos, já que moram em um bairro familiar e conservador. O único problema são os pais de Wai Tung, que ainda moram na Tailândia, mas sonham em ver seu filho casado e com filhos, ao ponto de sua mãe cadastrá-lo em um clube de solteiros para poder encontrar a mulher de seus sonhos. É quando Wai Tung conhece Wei Wei, uma tailandesa que está ilegalmente no país e que corre o risco de ser extraditada a qualquer momento. Simon, então, tem a grande idéia de fazer com que os dois finjam estar noivos, assim eles se casam, Wei Wei consegue a cidadania americana e Wai Tung realiza o desejos dos pais. O problema é que aquilo que parecia ser uma saída simples, começa a se complicar cada vez mais, e o que era uma pequena mentira se transforma numa grande complicação para a vida de todos.
Banquete foi um grande sucesso na época. Este filme tailandês teve um custo de apenas US$1 milhão e arrecadou mais de US$30 milhões no mundo todo, sendo considerado um dos mais rentáveis de 1993 (até mesmo de Jurassic Park, do mesmo ano), além de ter concorrido ao Oscar e ao Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro, perdendo para o espanhol Sedução (Belle Epoque, 1992).
Chamou muita atenção por ter sido um dos primeiros filmes a tratar abertamente do assunto sem estereotipar os personagens, ainda mais numa época que o mundo continuava passando por uma difícil transição a respeito da liberdade sexual que ainda era oprimida pelo preconceito latente intensificados pela sombra da AIDS nos anos 80. Mas o filme não faz referência a nada disso, pelo contrário, é uma comédia simples que mostra o cotidiano do casal, a relação do dia a dia de ambos, a troca de carinho, a rotina individual de cada e até mesmo o desejo sexual. Ou seja, a reprodução mais próxima possível da realidade tal qual seria em um filme cujo casal protagonista fosse heterossexual. Ang Lee trata da história do filme de maneira natural numa bela transição da comédia para o drama sem apelar para o emocionalismo barato.
O filme é todo cheio de simbolismos, como o choque de diferentes culturas, crenças, costumes e gerações, as diferentes relações construídas, as vontades que alimentamos, os medos e os desejos que realizamos. Cada personagem tem um significado dentro desse contexto complexo que se resume numa sexualidade ainda difícil de ser aceita e compreendida, mas que no fim é apenas um problema que criamos dentro de nossas próprias cabeças por conta de uma herança cultural desnecessária.
Essa tranquilidade e sutileza pela qual o filme é conduzido são as marcas registradas do diretor e que o transformaram e um dos mais relevantes da atualidade por justamente saber unir diferentes culturas e linguagens em um significado só, sem favorecer mais um do que o outro, e ao contrário do que muita gente pensa, Ang Lee não é gay, ele é apenas um diretor que conhece e gosta de lidar com as diferentes sensibilidades humanas.
CONCLUSÃO...
Banquete não é o melhor filme do diretor, mas foi um dos mais relevantes em sua época, sendo atual mesmo 20 anos depois, além de, sem dúvida, também ser o grande ponto de partida de uma carreira que premia o público com filmes que usam uma linguagem universal, independente da língua, tema, cultura ou diferenças contidas neles.
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