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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

A CORRIDA MALUCA DO OSCAR 2013...

Quando a temporada de verão dos Estados Unidos acaba, começa a de premiações. Os filmes que entrarão nesse seleto grupo são sempre bastante previsíveis porque premiações comerciais são assim. Todo ano filmes são escolhidos como favoritos sem uma razão muito específica. Geralmente são selecionados mais por qualidades que mantenham os padrões de exportação da ilusão hollywoodiana. Por isso que raramente entram na lista comédias mais sarcásticas, filmes independentes, chocantes ou politicamente incorretos, justamente para dar lugar àquilo que eles julgam como os mais perfeitos exemplos do que de melhor deve ser mostrado sobre a cultura norte-americana.
 
Esse ano houve algumas mudanças nas regras da Academia, uma delas é a data de divulgação dos indicados que foi novamente alterada (ela já havia sido em 2004), antecipando o anúncio para o começo de Janeiro. Isso acaba aumentando um pouco mais as expectativas de uma festa que não surpreende mais, já que os indicados serão apresentados antes da entrega (ou na mesma data) de outros prêmios também importantes como Critics Choice, Independent Spirit, BAFTAs, SAGs e Globo de Ouro.
 
Com a temporada de premiações 2013 oficialmente aberta, já é possível prever o que vai entrar ou não na corrida do Oscar por conta da previsibilidade não apenas da crítica, mas também pelas listas de outros prêmios, já que alguns dos filmes ainda estão inéditos para o público no Brasil. Como sempre, nada vai fugir da zona de conforto, sendo mais um ano fraco, chato e familiar.
 
MELHOR FILME
Numa época em que Estados Unidos passa por um período de descrença, esse ano a tendência é para os filmes com temáticas cheias de sonhos e esperança porque é isso que eles fazem em períodos como esse. Portanto, a chance é maior para filmes como: Indomável Sonhadora (Beasts Of The Southern Wild, 2012), A Vida de Pi (Life Of Pi, 2012), Moonrise Kingdom (2012) e Os Miseráveis (Les Miserables, 2012), além da tentativa de resgatar heróis do passado na falta de exemplos atuais, como Lincoln (2012).
 
Entram também alguns "cults" na intenção apenas de aumentar as perspectivas. O mais forte talvez seja a busca implacável por Bin Laden em A Hora Mais Escura (Zero Dark Thirty, 2012), já que a Academia também adora consagrar aquilo que enalteça a cultura local. A lista segue com The Master (2012) e Django Livre (Django, 2012), que poderão ser substituídos por algum outro título como a comédia romântica O Lado Bom da Vida (Silver Linings Playbook, 2012) ou da persistência em promover o sucesso inesperado de Argo (2012).
 
Mesmo que a campanha seja grande para esses blockbusters, O Cavaleiro das Trevas Ressurge (The Dark Knight Rises, 2012), Os Vingadores (The Avengers, 2012) e o atual e elogiadíssimo 007: Operação Skyfall (Skyfall, 2012) poderão ficar de fora já que desde o absurdo de Titanic (1997) a Academia tem dado preferência aos mais consagrados pela crítica ao invés dos mais consagrados pelo público, como uma forma de "compensar" os títulos e promover os menos populares, já que é sabido que o interesse do público por títulos pouco conhecidos aumenta depois que entram na lista do Oscar.

MELHOR DIRETOR
Aposto que o trofeuzinho será disputado pelo trio principal:
 
1) Kathryn Bigelow (A Hora Mais Escura/Zero Dark Thirty), que volta ao tema de guerra e terrorismo que a colocou na história da Academia por ter sido a primeira mulher a receber o prêmio de Melhor Diretor em 2008 por Guerra Ao Terror (The Hurt Locker).

2) Ang Lee (A Vida de Pi/Life Of Pi), que depois de O Tigre e o Dragão (Crouching Tigger, Hidden Dragon, 2000) amargou com altos e baixos, mas é daqueles diretores que a Academia adora e sempre que possível vai colocar ele lá porque é o exemplo mais forte que liga a cultura ocidental e oriental da forma mais acessível possível, e o cara realmente merece.
 
3) Steven Spielberg (Lincoln) é a Meryl Streep dos diretores. Grande produções biográficas tem sempre sua vez, ainda mais quando é sobre um dos heróis patriotas mais influentes da cultura norte-americana dirigido por um grande nome. Pronto, fórmula da predileção feita.
 
Pode ser que uma surpresa aconteça com Ben Affleck (Argo), já que também adoram consagrar bons mocinhos que saibam fazer corretamente a lição de casa, como ele vem fazendo. Até porque faz tempo que Hollywood procura transformar algum jovem diretor em um grande ícone à sua imagem e semelhança.
 
Fora isso a lista pode ser completada por Tom Hooper (Os Miseráveis/Les Miserables), David Russel (O Lado Bom Da Vida/Silver Linings Playbook) ou Quentin Tarantino (Django Livre/Django), se ele tiver muita sorte.
 
Há possibilidades também para Wes Anderson (Moonrise Kingdom), que há muito já deveria ser figura carimbada na lista, ou Paul Thomas Anderson (The Master).
 
Não vai ter espaço para Christopher Nolan (O Cavaleiro das Trevas Ressurge/Dark Knight Rises), nem Sam Mendes (007: Operação Skyfall/Skyfall)  e muito menos para o sempre-independente Todd Solondz (Dark Horse), ou o meu preferido do ano, William Friedkin (Matador de Aluguel/Killer Joe), já que ele não se encaixa nos padrões de Hollywood.

MELHOR ATOR
Também com um triozinho matador liderado por Bradley Cooper, que agora oficialmente consagra sua ascenção como astro de Hollywood. O cara saiu de um seriado de televisão de sucesso (Alias, 2001-2006) para astro em Se Beber Não Case (The Hangover, 2009) e se arriscar como produtor no sucesso Sem Limites (Limitless, 2011) e O Lado Bom da Vida, filme pelo qual ele com certeza será indicado este ano. Só por ele já sair dessa zona de conforto, já é admirável.
 
Daniel Day-Lewis (Lincoln) e Joaquin Phoenix (The Master) vira e mexe aparecem na lista, mas nunca ganham. O primeiro por talvez já ter vencido duas vezes, e o segundo por talvez ser problemático, o que não preenche muito os requisitos dos bons moços. Mas por interpretar uma figura bastante popular e eles adorarem caracterizações e atuações sob boas maquiagens, Day-Lewis pode levar sua terceira estatátua pra casa assim.
 
Ainda podem entrar na lista, mas sem grandes chances de ganhar: John Hawkes (The Sessions), Hugh Jackman (Os Miseráveis/Les Miserables), Denzel Washington (Flight) e Matthew McConaughey (Matador de Aluguel/Killer Joe), o que seria muito merecido numa fase que está sendo, sem dúvidas, a melhor do ator.

Jean-Louis Trintignant não poderia ficar de fora por sua belíssima atuação em Amor (Amour), e tão grandiosa quanto de sua companheira de cena, Emmanuelle Riva, mas talvez fique. Torcemos que não.
 
Antes do filme ser lançado muita gente já cogitava Anthony Hopkins em Hitchcock, mas além da campanha do filme estar bastante fraca, Anthony costuma ter seus repentes de homem inglês e esnobar a Academia. Logo... é improvável.

MELHOR ATOR COADJUVANTE
Confesso que sei pouco sobre eles, mas entre os mais cotados estão Alan Arkin (Argo), Philip Seymour Hoffman (The Master), Javier Bardem (007: Operação Skyfall), Tommy Lee Jones (Lincoln) e Robert De Niro (O Lado Bom da Vida).
 
Talvez há chances novamente para Chistopher Waltz na sua segunda parceria com Tarantino em Django Livre (lembrando que ele venceu em 2010 na mesma categoria por Bastardos Inglórios, primeira parceria dos dois),  Matthew McConaughey por Magic Mike e Bruce Willis (Moonrise Kingdom). Eu facilmente encaixaria Guy Pierce e seu personagem perverso em Os Infiltrados (Lawless, 2012), mas ele ficará de fora absolutamente, já que darão preferência a Javier Barden, e ambos personagens possuem características similares.

MELHOR ATRIZ
Não, esse ano não teremos Meryl Streep, muito embora ela concorra ao Globo de Ouro por Um Divã Para Dois (Hope Springs), mas estou certo de que esse ano ela não entre na lista, pois a disputa já está acirrada sem ela.
 
Esse ano foi o ano das revelações do ano passado, Jessica Chastain (A Hora Mais Escura) e Jennifer Lawrence (O Lado Bom da Vida), por conta disso elas poderão disputar a tapas o prêmio já que a Academia adora favorecer atrizes jovens, bonitas, boas e que finalmente se destacam por algum papel inusitado, como a dar "boas vindas" ao sucesso e ao reconhecimento.
 
A garotinha Quvenzhané Wallis, de apenas 9 anos, tem grandes chances de entrar na lista por sua estréia em Indomável Sonhadora. Não é do feitio da Academia nomear e muito menos premiar crianças, mas pode ser que esse ano seja uma surpresa, já que definitivamente o papel desempenhado pela atriz mirim é equivalente ao de uma atriz adulta e experiente.
 
Dependendo do bom humor do juri, pode ter espaço para as francesas Marion Cotillard (Ferrugem e Osso) e Emanuele Riva (Amor). Helen Mirren pode e não pode entrar, já que a campanha do filme Hitchcock tem sido bem fraca.

Helen Hunt poderia entrar na lista por The Sessions, mas o juri provavelmente irá jogá-la para a categoria de Atriz Coadjuvante porque é isso que eles fazem quando querem dar algum prêmio de consolação.

Ainda há a possibilidade para Naomi Wats (O Impossível/Lo Imposible) e menos para Maggie Smith (O Quarteto/The Quartet) e Rachel Weisz (The Deep Blue Sea).

Gostei muito do desempenho de Zoe Kazan em A Namorada Perfeita (Ruby Sparks), mas foi um filme que chegou, passou e se foi sem ninguém perceber. Mas talvez a atriz consiga alguma indicação na categoria de Melhor Roteiro Original, já que o roteiro também é dela e o juri adora temáticas que misturam fantasia e realidade.

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Amy Adams (The Master), Anne Hathaway (Os Miseráveis) e Helen Hunt (The Sessions) serão figuras um tanto obrigatórias.
 
Talvez Ann Dowd (Compliance) ou Maggie Smith (O Exótico Hotel Marigold/The Best Exotic Marigold Hotel) também entrem, e pouco provável que Nicole Kidman (The Paperboy) ou Lorraine Toussaint (Middle Of Nowhere) completem a lista.
 
Agora, se levarem em conta o histórico da atriz Sally Field, já que ela venceu duas vezes como Melhor Atriz nas únicas duas vezes que foi indicada, talvez ela leve uma terceira estatueta por Lincoln, o que acho bastante justo.

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