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segunda-feira, 12 de novembro de 2012

MELHOR DO QUE PARECE...

★★★★★★
Título: O Vingador do Futuro (Total Recall)
Ano: 2012
Gênero: Ação, Ficção
Classificação: 14 anos
Direção: Len Wiseman
Elenco: Colin Farrell, Kate Beckinsale, Jessica Biel, Bryan Cranston, Bill Nighy
País: Estados Unidos, Canadá
Duração: 118 min.

SOBRE O QUE É O FILME?
Um ex-agente é vítima de uma conspiração do governo para que as informações que ele contém e que podem ser cruciais para várias mudanças políticas sejam contidas, dando-lhe uma nova identidade e uma nova vida sem que ele saiba.

O QUE TENHO A DIZER...
Vamos dizer que este filme não é um remake do clássico de ficção do diretor Paul Verhoven, de 1990, estrelado por Arnold Schwarzenegger e Sharon Stone, mas uma outra adaptação baseada no conto do escritor de ficção científica, Phillip K. Dick, o mesmo de histórias nas quais os filmes Blade Runner (1982) e Minority Report (2002) foram baseados, por isso que há algumas similaridades na narrativa e até mesmo nas referências entre esse filme e os anteriores. Mas elas param por aí. A intenção dos produtores foi fazer um produto completamente diferente e que não batesse de frente com o clássico já conhecido, tendo seus méritos próprios tanto quanto o de Verhoven.

Essa nova versão é dirigida por Len Wiseman, o mesmo dos dois primeiros filmes da série Anjos da Noite (Underworld, 2003/2006), também estrelados pela sua esposa Kate Beckinsale. O roteiro é assinado por Kurt Wimmer e Mark Bomback. Wimmer é um cara até bastante talentoso que escreveu o remake de enorme sucesso Thomas Chrown, A Arte do Crime (The Thomas Crown Affair, 1999) e também escreveu e dirigiu o, hoje um tanto cult, Equilibrium (2002). Mas ele vem desperdiçando talento em títulos tontos como Ultravioleta (Ultraviolet, 2006) e Salt (2010).

Claro que algumas similaridades entre os dois filmes existirão por serem baseados na mesma fonte e até mesmo em respeito ao filme de Verhoven, mas há grandes diferenças entre os dois, principalmente no desenvolvimento. A maior delas começa com Colin Farrell agora fazendo o papel que outrora foi de Schwarznegger. Schwarzie não se importava em atuar, até porque seu talento nunca foi esse, o talento do ator era chocar sua aparência robusta e truculenta transformando seus defeitos em piada, dando uma interpretação caricata e com um humor típico que marcou seu estilo e seus personagens de ação, como se ele tirasse sarro dele mesmo, e os diretores sabiam aproveitar disso. Por isso seus filmes eram exemplos de entretenimento, pois definiram uma época no cinema que filmes desse gênero conseguiam ser sérios, absurdos e ao mesmo tempo com um humor pastelão sem que o público perdesse o interesse.

Já a interpretação de Farrell é mais contida, e sua imagem sisuda não é aliviada com frases de efeito ou piadinhas forçando alguma gargalhada. Esse interesse do ator em sempre levar seus papéis muito a sério acabam diminuindo sua empatia com o público e talvez seja por isso que as pessoas não são tão receptivas com seus filmes. Pessoalmente o considero excelente em boa parte dos papéis que escolhe porque ele sempre consegue dar uma característica única para cada um deles em detalhes sutis que fazem a diferença. Nessa adaptação seu estilo funciona perfeitamente porque, se fosse uma interpretação meia-boca de um novato qualquer, essa confusão de realidade sofrida pelo personagem não seria convincente e alguns exageros do roteiro e das situações tomariam um destaque muito maior, o que não acontece justamente por conta dos atores principais. Sem dúvida Kate Beckinsale e Jessica Biel deram grandes acréscimos numa história interessante, mas que parece ser desenvolvida meio às pressas.

Para aqueles que lembram vagamente do original de 1990 ou nunca viu, com certeza irá assistir como se fosse algo realmente novo, até por conta da fotografia que é mais monocromática. Particularmente achei o filme um espetáculo visual com as cidades futurísticas e sua aglomeração favelada, num misto entre o deslumbrante e decadente nos bairros suspensos cheios de tecnologia visual. Uma das primeiras sequencias de perseguição entre Lori e Quaid é uma das melhores, onde Quaid corre, pula e se adentra por esses bairros suspenso tal qual Jason Bourne nos telhados de Marrocos. O visual soturno e poluído remete bastante o de Blade Runner, mas outras sequências farão muita gente também lembrar de forma nostálgica de Guerra nas Estrelas, por conta dos soldados, robôs e alguns cenários. Claro que ele não deixaria de beber da fonte de grandes clássicos, mas funciona sem ofender e não aparenta algo simplesmente copiado e colado.

Ultimamente o público norte-americano não tem apreciado muito as ficções-científicas mais do que os demais países. Mesmo tendo uma produção caprichada e um elenco elevado, o filme foi um total fracasso nos Estados Unidos, mas conseguiu se salvar pelo mundo arrecadando um total de mais de US$196 milhões, salvando-o daquilo que poderia ter sido um dos maiores fracassos comerciais do ano.

CONCLUSÃO...
Mesmo bastante diferente da versão de 1990, é impossível evitar comparações, e ao contrário do filme de Verhoven, que conseguiu ter sequências bastante memoráveis como a máscara que se abre ou quando Schwarzzie atravessa uma máquina de Raio-X, essa versão não consegue fazer o mesmo em nenhum momento, o que a transforma num produto descartável e que dificilmente será lembrado no futuro. Mesmo assim consegue ser digno e um excelente filme do gênero, mas uma decepção para aqueles que assistirem esperando um remake com reprodução de cenas clássicas.

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