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quarta-feira, 24 de outubro de 2012

PARA SACIAR A VONTADE DE QUEM QUER VER...

★★★★★★★
Título: Magic Mike
Ano: 2012
Gênero: Comédia, Drama
Classificação: 14 anos
Direção: Steven Soderbergh
Elenco: Matthew McConaughey, Channing Tatum, Olivia Munn, Alex Pettyfer, Joe Manganiello
País: Estados Unidos
Duração: 110 min.

SOBRE O QUE É O FILME?
Mike é um homem honesto, trabalhador e que gosta de ajudar o próximo. Durante o dia ele trabalha fazendo bicos, e durante a noite ele veste o uniforme de sua verdadeira profissão. Ou melhor, tira o uniforme.

O QUE TENHO A DIZER...
Que Steven Soderbergh é um dos melhores diretores de sua geração, isso é incontestável. Que ele também é arrogante e pretencioso, também.

Faz tempo que ele tenta agradar Hollywood assim como Hollywood agradava ele antigamente, numa época em que Soderbergh podia até sambar numa mesa que seria sucesso de público e crítica. Uma época em que a infame continuação Doze Homens E Outro Segredo (Ocean's 12, 2004) poderia ser só uma reunião de uma seleta panelinha de amigos que queria engordar suas contas bancárias e que todo mundo ia pagar pra ver, mesmo sem roteiro ou história alguma. Já se foi o tempo que todo mundo engolia Soderbergh mesmo assim.

Era o senso comum, e hoje em dia as pessoas parecem estar cansadas dele e escolhendo outros diretores para serem os preferidos da vez.

Faz anos que ele não movimenta para os cinemas nada mais que sua base de fãs e alguns poucos outros que gostam de seu estilo eclético e às vezes redundante. Seus seis últimos filmes, somados, não fecham nem uma média de US$28 milhões de bilheteria, o que é um fracasso perto dos US$100 milhões que ele atingia fácil com títulos como Erin Brockovich (2000) ou Traffic (2000), apenas como alguns exemplos da sua época de ouro. Mas dessa vez ele conseguiu... Com um orçamento de apenas US$7 milhões, o filme arrecadou mais de US$110 milhões no mundo, o que deixou muito marido e namorado ciumento com os nervos à flor da pele.

É do estilo de Soderbergh também surgir cada hora tentando abocanhar um tipo de público, e com Magic Mike ele tenta satisfazer os públicos femino e gay, públicos que ele nunca deu cuidado ou atenção, e que finalmente viraram grandes sifrões em seus olhos para sua salvação.

Seu filme anterior de ação "bate-e-arrebenta", feito especialmente para a lutadora de MMA, Gina Carano, também estrelava Chaning Tatum, e foi durante o período de filmagem de Haywire que o ator já havia demonstrado interesse em levar para as telas uma história envolvendo suas experiências de stripper, já que o ator trabalhou como um no final dos anos 90, em Tampa, na Florida, quando ainda tinha 19 aninhos.

Mas depois da desistência do diretor holandês Nicolas Refn, do filme Drive (2011), o projeto de Tatum parecia não sair tão cedo do papel, até Soderbergh abordá-lo com a ideia de dirigi-lo, com roteiro de Reid Carolin. Prontamente Tatum aceitou ser o produtor, e por isso o filme é uma ficção levemente baseada nas experiências do ator, e não uma biografia, como muita gente acredita. Tanto que o nome artístico que o ator usava como dançarino era Chan Crawford, e Magic Mike é apenas um personagem fictício que nada tem a ver com o ator naquela época, e qualquer outra semelhança será apenas uma leve referência e uma mera coincidência.

É o primeiro roteiro de Reid Carolin, que também faz uma ponta no filme como Paul, o namorado de Brooke (Cody Horn), atriz que por sinal rouba várias das cenas com um misto de Michelle Rodriguez e Eva Mendes. O filme segue muitas das mesmas características que fizeram de outro título um grande sucesso dos anos 90, o independente inglês Ou Tudo Ou Nada (The Full Monty, 1997). Mas claro que, ao contrário do filme dos desempregados que resolvem fazer strip, o maior atrativo de Magic Mike é o jorro de testosterona e os corpos esculturais de Chaning Tatum, Matthew McConauguey, Joe Manganiello e outros dos quais o nome nem importa, atrativos que não existiam no outro título. Também pode relembrar vagamente e de forma muito mais branda as peripécias de Boogie Nights (1997), mas apenas como um tapinha nas costas.

A verdade é que o filme não tem uma grande história, até porque ninguém prestaria atenção nela. Sabendo disso, Soderbergh enche o filme com dezenas de apresentações dos atores em palco, de tudo quanto é forma possível, com cenas de striptease, barrigas trincadas, sexualidade evaporando pelo suor e bundas à mostra para saciar a vontade de quem assiste só por isso (até porque não há outra razão). Tudo isso faz de Magic Mike um filme bacana, sexy e algumas vezes engraçado.

Sem dúvida também é um filme fetichista, sexista e que explora o homem tanto quanto qualquer outro exploraria as mulheres, mas mesmo assim ele não deixa de impor o lado machista e dominador, como que para amenizar a questão de que o homem, apesar de tudo que é mostrado, não é um objeto como são as mulheres. Tudo é mostrado de forma muito glamurosa e fácil, e a luxúria come solta sem qualquer pecado, como se esse mundo fosse sempre muito limpo, organizado, de pessoas muito belas e camaradas, com boa índole e capazes de até pagarem uma dívida de US$10 mil a qualquer estranho que se conheça há 3 meses, esquecendo-se de que este ramo de negócio, em muitos lugares, é uma máfia como qualquer outra. Uma visão bastante idealizada e deturpada de todos aqueles que realmente trabalham no ramo, e não duvido que muito homem terminou o filme pensando que essa fantasia toda seja verdade.

Há um draminha mediano aqui e ali, uma briguinha acá e acola, apenas para dar atenção aos poucos homens heterossexuais que forem obrigados pelas namoradas a assistirem, e também porque quem já conhece o estilo do diretor sabe que ele adora fazer uns rodeios para fingir que seus filmes não são vazios. Mas é aquilo que foi dito, não há qualquer outra intenção de Soderbergh além de uma excelente oportunidade para recolocar seu nome no spot e entregar ao público aquilo que querem ver. O filme estréia dia 2 de Novembro no Brasil, com quase cinco meses de atraso.

CONCLUSÃO...
É um filme divertido e que carrega quem assiste como boa parte dos filmes do diretor, e consegue se salvar de ser um fracasso tal qual foi Striptease (1996), com Demi Moore, porque em nenhum momento o roteiro tenta ser outra coisa. E assim como a melhor interpretação de Gina Carano é nas suas cenas de luta em Haywire, a melhor interpretação de Chaning Tatum é quando ele está no palco, e funciona tanto quanto a de qualquer outro porque ninguém está preocupado em dar uma interpretação melhor que o rebolado.

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