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sábado, 13 de outubro de 2012

LINCOLN SALVANDO A NAÇÃO DA ESCURIDÃO...

★★★★★★★
Título: Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros (Abraham Lincoln: Vampire Hunter)
Ano: 2012
Gênero: Ação, Suspense, Terror
Classificação: 14 anos
Direção: Timur Bekmambetov
Elenco: Benjamim Walker, Dominic Cooper, Mary Elizabeth Winstead, Rufus Sewell, Simmi Simpson.
País: Estados Unidos
Duração: 105 min.

SOBRE O QUE É O FILME?
Abrahan Lincoln foi muito mais do que um presidente dos Estados Unidos, e a história deixou de contar que ele também foi um caçador de vampiros e livrou o país e o mundo da escuridão.
O QUE TENHO A DIZER...
Abraham Lincoln pode ter passado despercebido nos cinemas. Com um orçamento de mais de US$69 milhões, não arrecadou nem a metade nos EUA, mas felizmente arrecadou um total de mais de US$100 milhões no mundo, salvando o filme de um completo fracasso. O interessante é que ele consegue ser melhor do que muitos filmes de ação sangrentos que pipocaram em 2011 e 2012, mas talvez o excesso de produções esquecíveis com protagonistas vampiros tem deixado o público mais atual desinsteressado.
Lincoln é um dos mais importantes presidentes dos Estados Unidos, se não for o mais importante e o mais relembrado, sendo citado incansavelmente em músicas, filmes, desenhos animados e até histórias em quadrinhos. Agora resolveram transformá-lo em um personagem de ficção num mash-up entre realidade e fantasia que pode não ser muito convincente, mas que de certa forma ajuda relembrar a importância desta figura na cultura norteamericana e a promover sua imagem de grande herói nacional numa época em que os Estados Unidos apenas exporta personagens patéticos, sejam eles reais ou fictícios, sofrendo amargamente com a falta de um grande representante da nação que possa promover o país e sua falsa hegemonia com a efetividade que faziam antigamente.
A história começa com Abraham Lincoln ainda criança, vendo sua mãe, Nancy Lincoln, morrer em delírio após ser mordida por um vampiro. Lincoln (Benjamin Walker) cresce fissurado na idéia de se vingar do vampiro assassino, até encontrar a oportunidade de matá-lo. Numa tentativa frustrada, Abraham é quase morto, sendo salvo pelo misterioso Henry Sturges (Dominic Cooper). Henry se propõe a ensinar Abraham a lutar e a matar vampiros, desde que ele siga determinadas regras como: não ter amigos, não se apaixonar, não fazer tudo por vingança, e apenas matar as pessoas que Henry designar. Claro que Abraham aceita as condições, mas não segue nenhuma regra, e acaba se apaixonando por Mary Todd (Mary Elizabeth Winstead), a grande companheira da vida do herói e presidente. E assim ele segue sua saga de caçador.
Claro que o filme não vai se atentar a detalhes históricos, mas até que o roteirista Seth Grahame-Smith (e também autor do livro em que o filme é baseado), dá boas pinceladas em alguns fatos como o auto-didatismo de Lincoln, a importância de sua formação em direito na carreira política, a amizade real com Joshua Speed, o debate entre ele e seu rival Stephen Douglas, o movimento social de Lincoln contra a escravatura, a Guerra Civil e sua ascenção à presidência.
Como um filme de ação e horror, ele funciona muitas vezes. A trilha sonora e a fotografia são sombrias e sujas. Os vampiros tem uma caricatura mais assustadora e bizarra, diferente de apenas aquela palidez cadavérica e olhos vermelhos de True Blood ou Saga Crepúsculo. Eles assustam como vampiros costumavam a assustar antigamente, agindo como monstros esfomiados, sugadores de sangue que pulam prontos para cravar as unhas e os dentes como predadores primatas.
Lembro que quando era criança fiquei noites sem dormir depois de ver a transformação da personagem Amy Peterson em vampira no filme A Hora do Espanto (Fright Night, 1985), e isso ficou marcado na minha memória como uma marca de gado. Os vampiros do filme são parecidos com essa imagem de Amy na minha memória, então toda vez que eles apareciam era como se um gatilho fosse apertado no meu cérebro, e talvez por isso eu tenha ficado surpreendido com eles.
Aqui os vampiros podem andar no sol, porque eles usam protetores solares. Tudo bem que os protetores solares surgiram no século XX, e não no final do século XIX, período em que a história do filme se passa, mas se Abraham Lincoln virou caçador de vampiros, porque não protetores solares já existirem em 1800, não é? Mas uma coisa que me irrita profundamente é essa constante mania de filmes que se passam em períodos muito anteriores mostrarem cenas de ação com técnicas de lutas modernas, como acontecem nesse filme. Que Abraham Lincoln era um lenhador, isso é fato e não ficção, e foi muito interessante ter mantido o machado como uma arma de caça porque eram instrumentos improvisados assim que eles usavam em revoltas armadas além das armas de fogo, principalmente o povo de classes mais pobres. E deveriam ter parado por aí porque nessa época, nos Estados Unidos, ninguém sabia outras formas de luta além de murro, paulada, ponta pé e tiro ao alvo, principalmente na região mais central e sul do país. As cenas de ação são bem feitas, num jogo entre câmera lenta e rápida que ficam bem ágeis no contexto, mas se eles perderam tanto tempo realizando coreografias modernas de luta, podiam ter elaborado algo mais mais rústico e ainda interessante ao invés de voadoras e pulos de ginasta só pra impressionar.
O melhor do filme é que não tem muita encheção de lingüiça e aquela coisa de "temos que nos armar até os dentes para matar o chefe dos vampiros". Todo mundo morre na hora que tem que morrer e também não tem cena de sentimentalismo barato com trilha sonora chorosa só pra insistir na idéia de que Abraham Lincoln era um homem louvável. Tim Burton assina a produção, o que eleva um pouco o nível e acrescenta aquela pitada de sarcasmo que todo mundo gosta. Dá umas escorregadas quando Lincoln envelhece, porque no livro a história se extende até sua morte, mas no filme não funciona muito bem.
CONCLUSÃO...
Merece ser assistido porque tem tudo aquilo que alguém espera em um filme de ação, entretém, assusta e prende atenção, mesmo tendo mantido muitos dos clichés que o impedem de ser um diferencial tal qual enfiar uma figura historica norteamericana em uma situação bastante fictícia. Mesmo assim é muito melhor que muitas produções do gênero, mas parece que as pessoas ultimamente tem preferido o que é pior.

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