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sábado, 1 de setembro de 2012

ESPELHO, ESPELHO MEU, EXISTE ALGUM FILME MAIS BOBO DO QUE O MEU?

★★★★★
Título: Branca de Neve e o Caçador (Snow White And The Huntsman)
Ano: 2012
Gênero: Ação, Aventura, Fantasia
Classificação: 14 anos
Direção: Rupert Sanders
Elenco: Kristen Stuart, Charlize Theron, Chris Hemsworth
País: Estados Unidos
Duração: 127 min.

SOBRE O QUE É O FILME?
Uma versão um pouco mais adulta da história de Branca de Neve.

O QUE TENHO A DIZER...
2012 foi o ano de Branca de Neve. Em Março estreiou a versão de Tarsem Singh da princesa injustiçada, estrelando Julia Roberts como a rainha má e Lily Collins como Branca de Neve, que havia originalmente feito testes para estrelar nesta versão do conto de fadas, mas Kristen Stuart quem acabou ficando com o papel, e o filme de Rupert Sanders estreiou em Junho. Os dois filmes foram bem nos cinemas, tanto que uma continuação para Branca de Neve e o Caçador estava em planejamento, mas agora é incerto devido às peripécias amorosas de Kristen Stuart com o diretor Sanders e toda a polêmica do traído Robert Pattinson.

Embora os dois filmes obviamente contem a mesma história, os pontos de vista são diferentes. No filme de Tarsem a história é contada pelo ponto de vista da rainha, enquanto no filme de Sanders, a história (a princípio) é narrada pelo Caçador sem nome, mas que por alguma razão desconhecida essa narrativa some e nunca mais volta. Talvez tenham esquecido. Acontece.

É difícil dar um tom sério ao conto dos irmãos Grimm quando ele foi incansavelmente recontado para um público infantil. Espelho, Espelho Meu (Mirror, Mirror, 2012) conseguiu ser fiel à sua proposta, e em nenhum momento Tarsem tenta nos enganar. O filme novamente foi feito para o público infantil, é fantasioso, colorido, leve, engraçado, bobo e com figurinos e fotografias deslumbrantes. Ao contrário de Branca de Neve e o Caçador que, apesar dos esforços, não consegue ser o filme adulto e maduro que eles tanto queriam. Cenas e algumas seqüencias chegam a ser de um amadorismo até vergonhoso e os diálogos são quase sempre infantis, porém floreados com uma pompa poética shakespeariana e um sotaque meio-britânico-ou-seja-lá-o-que-for para fazer de conta que são pessoas sérias e adultas conversando ou discutindo. Isso só serve pra convencer o público adolescente e os fãs de Kristen Stuart, que no fim das contas acaba sendo (ou tendo) quase o mesmo nível intelectual.

O roteiro é assinado por 3 pessoas: John Lee Hankcock, Hossein Amini e Evan Daugherty. O primeiro escreveu e dirigiu o filme que deu o Oscar e dezenas de outros prêmios de Melhor Atriz a Sandra Bullock, Um Sonho Possível (The Blind Side, 2010); o segundo foi o consagrado escritor e diretor do excelente e oitentista Drive (2011); e o terceiro... bom, ele é desconhecido mesmo, sendo este filme seu primeiro trabalho. Obviamente os dois primeiros serviram apenas com roteiristas de apoio, corrigido e alterando erros brutais porque é impossível imaginar que, por exemplo, o mesmo roteirista de Drive tenha sido capaz de trabalhar efetivamente em um roteiro tão pobre quanto o de Branca de Neve e o Caçador.

Kristen Stuart definitivamente se esforça. É notável que ela se doa de corpo e alma para a personagem e tenta provar que ela não é uma atriz insossa e mentalmente limitada, como ela demonstrou em toda a Saga Crepúsculo. Mas mesmo assim ela não convence, e eu gostaria muito de saber em qual escola de artes ela estudou para ter aprendido que expressar felicidade, surpresa, medo ou raiva, é deixar a boca aberta. Chris Hemsworth, que faz o Caçador sem nome, é tão ruim quanto. Nada aqui é diferente do que ele fez em Thor, a diferença é que ele está mais sujo e de cabelo preto. Com todo aquele tamanho, além do personagem dele ser um monte de nada e não acrescentar absolutamente qualquer coisa à história (o que é um absurdo já que o personagem é principal), não dá pra entender porque ele usa um sotaque estranhíssimo e sempre mais apanha do que bate.

Claro que os únicos créditos do filme vai para Charlize Theron, que além de ser linda é sempre uma excelente atriz e a verdade é que vê-la como uma rainha má é o que irá atrair o público mais adulto. E o tom que ela dá à personagem fica em um meio termo entre sentirmos ódio e compaixão. Os diálogos dela também são sempre fracos, mas quem é bom de verdade consegue ser MacGayver e construir um Shopping Center com um palito e um chiclete. Os atores que fazem os anões também levam crédito, valendo lembrar que eles não são anões de verdade, o tamanho dos atores foi alterado em computação gráfica na mesma técnica que diminuiu o tamanho dos atores que representaram os hobbits na trilogia Senhor dos Anéis.

Inclusive, Senhor dos Anéis é uma grande inspiração no filme. Além de todos os elementos fantasiosos e míticos, Sanders exagera nas tomadas aéreas para deslumbrar e nas tomadas fechadas de batalha para impressionar, tal qual Peter Jackson fez à exaustão em sua trilogia, o que não causa nada além de um "oh, que legal".

Apesar de tudo, o filme não é tão ruim do que poderia ter sido, mas também não é bom quanto haviam prometido.

CONCLUSÃO...
Mais engana do que faz o que promete. Bobo e infantil, mas disfarçado de intelectual e adulto, e Charlize Theron dominando todas as cenas e segurando o filme nas costas. Claro que existem filmes piores, mas não é dessa vez que um conto de fadas poderá ser levado a sério.

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