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segunda-feira, 11 de julho de 2011

PRIMEIRA CLASSE COM CLASSE...


★★★★★★★★
Título: X-Men: Primeira Classe (X-Men: First Class)
Ano: 2011
Gênero: Ação, Fantasia, Ficção Científica
Classificação: 12 anos
Direção: Matthew Vaughn
Elenco: James McAvoy, Michael Fassbender, Kevin Bacon, Rose Byrne, Jennifer Lawrence, January Jones
País: Estados Unidos
Duração: 132 min.

SOBRE O QUE É O FILME?
Charles Xavier e Erik Lensherr são mutantes que sabem que não são os únicos, e que esta nova raça humana, a chamada Geração X, tem muito a oferecer e ajudar. Eles resolvem criar uma escola para jovens superdotados, mas as coisas não saem como planejado, pois os Estados Unidos, juntamente com União Soviética e Cuba, atravessam por um período delicado, a Guerra Fria, e o uso do poder desses mutantes parece ser interessante para aqueles que querem disseminar o caos e a destruição. E assim uma rachadura na grande amizade entre Xavier e Erik acontece, e essas duas partes tendem a se separar a qualquer instante, dando início a eterna batalha entre Magneto e sua irmandade, e Xavier e seus X-Men.

O QUE TENHO A DIZER...
Dirigido por Matthew Vaughn, diretor de Stardust (2007) e o inesperado Kick-Ass (2010), filme pelo qual ele ficou mais conhecido e que foi o responsável por ter dado a ele a direção de Primeira Classe. O roteiro é assinado por mais três pessoas, além do póprio Matthew Vaughn: Ashley Miller e Zack Stentz (Thor, 2011); Jane Goldman (Kick-Ass, 2010). Como já disse outras vezes, eu costumo duvidar da qualidade de roteiros escritos por mais de uma pessoa, pois demonstra ter sofrido dezenas de transformações em comparação ao protudo original. Mas nesse caso as coisas parecem que funcionaram bem, principalmente por ter sido escrito por mulheres e homens. A presença de roteiristas femininas dão uma sutileza necessária e obrigatória em qualquer adaptação dos X-Men, algo que faltou bastante nos filmes anteriores.

Bryan Singer assina como produtor, tentando retornar ao lar depois de ter abandonado os mutantes para investir no mundo de Kripton com o seu fracassado Superman, O Retorno (Superman Returns, 2006). Segundo Bryan Singer, ele mesmo tinha interesses pessoais em dirigir este filme desde o princípio, mas por conta da sua adaptação de João e o Pé de Feijão, ele acabou sendo substituído por Matthew Vaughn.

Na verdade este filme é um reboot, ou seja, um reinício, já que a primeira trilogia havia findado com X-Men: O Confronto Final (X-Men: Last Stand, 2006). Frente a várias insatisfações dos fãs, do público em geral e do estúdio pelos rumos que a trilogia havia tomado e como ela terminou, acharam que seria uma boa idéia recomeçar do zero. A princípio o reboot seria feito com uma pré-continuação que contasse a história de Magneto, em um spinoff similiar ao de Wolwerine (X-Men Origins: Wolwerine, 2009), tanto que o roteirista Zack Penn até havia sindo contratado para escrever o roteiro. Entretando, durante o desenvolvimento da história, os produtores acharam que seria interessante mudar o foco da história para os primeiros anos da equipe. Zack Penn achou essa idéia muito mais interessante do que a que ele estava desenvolvendo, e assim o filme sobre a Primeira Classe surgiu.

A "primeira classe" ao qual o filme se refere é a primeira turma de mutantes que Xavier uniu. Nos quadrinhos originais a equipe era formada por Cyclops, Jean Grey, Homem Gelo, Fera e Arcanjo. Obviamente que no filme as coisas seriam diferentes.

É difícil falar sobre ele colocando os outros filmes de lado. No meu ponto de vista uma coisa sempre foi muito clara: não importa o quanto Bryan Singer conseguiu fazer de X-Men (2000) e X-2 (2003) dois filmes interessantes e acima da média, ele nunca deveria ter se apropriado dos personagens para criar sua própria história sem respeitar as histórias originais e a cronologia de cada um deles porque agora estão tentando reparar isso numa cadeia cíclica de erros, pegando personagens clássicos e reinventando suas histórias outra vez, negando de uma forma ou de outra todo o desenvolvimento nos quadrinhos em seus mais de 40 anos de existência. Mais seqüências virão, mas como eles irão desenvolver e dar espaço para personagens esquecidos - ou àqueles que já foram apresentados fora de sua cronologia original - será um mistério.

De qualquer forma, Primeira Classe consegue agradar os fãs ao manter alguns personagens e trazer outros, mas ao mesmo tempo pode não ser tão agradável por não ser fiel aos quadrinhos. Para as pessoas que conhecem pouco sobre os mutantes, isso não faz diferença, e analizando o filme por si só, ele realmente oferece o que promete e traz de volta a atmosfera dos dois primeiros filmes que foram perdidos na terceira e útlima parte de 2006.

A história é sólida e consistente, encaixando os mutantes como peças de um jogo de xadrez no histórico período da Guerra Fria, fazendo desta época o marco zero da batalha entre humanos e mutantes, e também entre mutantes e mutantes. O roteiro conduz os fatos de forma linear, e misturar a ficção com bases históricas oferece outra dimensão nesta ficção, se encaixando perfeitamente dentro dos propósitos da história.

É direcionado para um público mais adulto do que juvenil, embora os jovens irão se exaltar por vários momentos com os personagens e cenas de ação que são frequentes do início ao fim. É um filme violento, comparado com os anteriores, mas não é explícito, e é isso que o caracteriza não apenas como adulto, mas também inteligente, porque a maioria da violência acontece mais na imaginação do que em imagens. Ou seja, eles oferecem o material, e o resto é criado por quem assiste. Isso acaba sendo mais chocante porque atinge as pessoas de forma individual, já que a imaginação é subjetiva.

Michael Vaugh sustenta a direção melhor do que o esperado, usando os elementos primários dos dois primeiros filmes dirigidos por Bryan Singer, mas ao mesmo tempo adicionando características próprias, trazendo um ar novo à série, algo que também havia sido perdido no terceiro episódio de 2006. Ele mesmo afirmou que o filme é fortemente inspirado nos anteriores dirigidos por Bryan Singer.

Os uniformes e o design artístico são maravilhosos, reproduzindo a década de 60 da maneira mais elegante possível. Alguns anacronismos existem, mas não atrapalham. Fãs ficarão impressionados com algumas referências e algumas participações especiais de personagens e atores da série anterior. Incluir Michael Fassbender, Kevin Bacon, Rose Byrne e Jennifer Lawrence na história só complementou as qualidades e o tom adulto do filme. Inclusive, Michael Fassbender estudou a atuação de Ian McKellen nos filmes anteriores durante o período em que se preparava para o papel de Magneto, justamente para que houvesse conexão entre os filmes. Senti que a trilha sonora era às vezes um pouco invasiva, apelando na sinestesia subliminar, mas que é possível ser esquecido perto de tantas qualidades.

O filme perde um pouco o interesse ao chegar próximo ao fim, amenizando a rebeldia de alguns personagens e transformando a separação e a guerra entre Magneto e Xavier algo um tanto pacífico para aqueles que esperavam um genuíno choque de ideologias.

Se o filme receberá uma sequência, é improvável, já que ele custou US$160 milhões e não foi o sucesso esperado nos EUA, embora ele tenha arrecadado mais de US$350 milhões no mundo.

CONCLUSÃO...
No geral, com certeza é a melhor adaptação de quadrinhos de 2011, e pode ser encaixada facilmente entre as melhores adaptações juntamente com as duas primeiras realizadas da série X-Men. Como disse anterioremente, é X-Men retornando à sua forma.

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