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sábado, 2 de julho de 2011

O MELHOR PERSONAGEM MAIS DESVALORIZADO AINDA CONTINUA SENDO O MAIS DESVALORIZADO...

★★★★
Título: Lanterna Verde (Green Lantern)
Ano: 2011
Gênero: Ação, Ficção Científica
Classificação: 12 anos
Direção: Martin Campbell
Elenco: Ryan Reynolds, Blake Lively, Peter Sarsgaard, Mark Strong, Tim Robbins, Angela Bassett
País: Estados Unidos
Duração: 114 min.

SOBRE O QUE É O FILME?
Um piloto de testes ganha de uma raça alienígena um anel com poderes, assim como também o caracteriza como membro de uma esquadrão intergaláctica que tem como objetivo manter a paz no universo.

O QUE TENHO A DIZER...
Sinceramente não sei muito sobre o Lanterna Verde mais do que era mostrado nos desenhos animados da Liga da Justiça. Fãs tem considerado o filme uma adaptação aceitável e que se espelha bastante aos primeiros anos do personagem nos quadrinhos. Mas para mim a sensação é de que algo está faltando, e há diversas razões para isso.
Sendo um filme dirigido por Martin Campbell, o mesmo de excelentes filmes de ação como 007 Contra Goldeneye (Goldeneye, 1995), A Máscara do Zorro (The Mask Of Zorro, 1998), Limite Vertical (Vertical Limit, 2000) e Cassino Royale (Casino Royale, 2006), sinceramente eu esperava algo menos óbvio, mais interessante, cheio de ações intensas, diálogos bem construídos e cenas melhores realizadas, já que os fãs do personagem dizem que Lanterna Verde é um dos melhores e mais desvalorizados personagens da DC Comics. O roteiro foi escrito por quatro pessoas, que já é um número pra lá de necessário para saber que as coisas não estavam boas o bastante, e que do mesmo jeito não ficaram boas no fim.

A intensa produção industrial de filmes baseados em histórias em quadrinhos está criando uma situação como o próprio vilão do filme para a própria industria cinematográfica. Quero dizer: está sendo destrutivo para ela mesma, devorando tudo o que está perto, adaptando tudo e qualquer coisa possível apenas para encher as contas bancárias, dando zero atenção à qualidade.

Quando a nova geração de adaptações de quadrinhos chegou aos cinemas no começo de 2000, os filmes eram ótimos porque haviam sido planejados há anos. Só que o maior medo de todos era: até onde ou quando isso iria? Era apenas uma questão de tempo até essas adaptações virarem algo comum e habitual. E agora esta intensa produção está finalmente mostrando sinais de cansaço. O tempo entre a roteirização e pré-produção, até seu lançamento, está cada vez mais curto, algo em torno de 6 a 8 meses, e não podemos ignorar o fato de que isso acaba refletindo a qualidade. X-Men: Primeira Classe (X-Men: First Class, 2011), por exemplo, estava sendo planejado há anos e se tornou a melhor adaptação de quadrinhos de 2011 até o momento.

Quando vão fazer um filme, os estúdios tentam atingir o maior número de pessoas possível, o que justifica que as histórias não sejam nem adultas o bastante e nem ingênuas demais. Ao mesmo tempo também não pode ser inteligente em demasia e nem estúpido o bastante. Tudo tem que estar NO MEIO. Às vezes funciona, mas às vezes não, como nesse filme. Há também o fato da indústria ter criado um padrão e uma fórmula de adaptar quadrinhos que não está funcionando mais, e isso está ficando preocupante, pois a atenção pela qualidade não está mais como era antes.

Depois de uma hora de filme nada acontece e o vilão Parallax está apenas há algumas horas antes de engolir toda a Terra. É então que você se dá conta de que Lanterna Verde ainda não sabe nada da vida e dos poderes, e ele terá apenas 30 minutos de filme para se transformar no melhor super-herói possível com apenas 2 minutos de treino, conquistar a garota, lutar contra o Homem Elefante e destruir um monstro espacial que nem mesmo o melhor dos Lanternas foi capaz de destruir, como também matou o rei dos Lanternas, chamado Abin Sur. Isso é absurdo! Nem mesmo no desenho animado o Lanterna Verde é tão onipotente.

A melhor parte do filme é quando Parallax diz que Hall (Ryan Reynolds) é nada sem o anel, porque é a pura verdade e essa vulnerabilidade do personagem é o que o coloca junto aos demais na categoria de "heróis que ficam covardes quando perdem os poderes". Dos atores, Peter Sasgard é o único que oferece o tom sério que falta em todo o filme, mas seu talento também é desperdiçado. Os demais oferecem atuações irritantes, como Ryan Reynolds, que mais parece um retardado que descobre que tem poderes do que um adulto irresponsável. Além disso, não há uma única cena que eu pudesse ficar estarrecido ou sem fôlego porque nem mesmo os efeitos especiais são bons o bastante, parecendo muito mais um trabalho corrido feito por um estagiário do que qualquer outra coisa. Talvez isso seja o resultado do curto período de pós-produção e a falta de tempo para testes, como comentei acima.

Isso tudo significa que o filme não é bom porque força no argumento e nos acontecimentos, e as coisas acontecem incrivelmente rápidas apenas nos últimos 20 minutos em um filme de quase duas horas de duração. É difícil aceitar isso. Tem também uma cena de 5 segundos sobre o Anel Amarelo que não tem conexão com coisa alguma, algo do tipo: "Oh, esquecemos de dar um argumento sobre o Anel Amarelo! Tudo bem, vamos colocar essa cena e tudo vai ficar bem e talvez resolvemos esse assunto no segunod filme. As pessoas nem vão notar!"

CONCLUSÃO...
Um filme chato e mal feito. Poderia ter sido excelente, mas nem mesmo 4 roteiristas foram suficientes para dar o tom. Os fãs podem aceitá-lo como uma adaptação fiel pelos elementos usados para definir o personagem e seus poderes, mas como um filme é uma das piores adaptações feitas nos últimos 10 anos, aparentando muito mais uma adptação meia-boca dos anos 90. No fim é apenas mais um caça-níqueis, um filme para satisfazer fãs dos quadrinhos que se entusiasmam fácil e para pessoas que se satisfazem com qualquer coisa, mas não para despertar o interesse daqueles que não conhecem os quadrinhos ou que buscam assistir um filme de ação de qualidade.

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