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quinta-feira, 9 de agosto de 2012

A LENDA TENTA SER EXPLICADA...

★★★★★
Título: O Homem das Sombras (The Tall Man)
Ano: 2012
Gênero: Suspense, Drama
Classificação: 14 anos
Direção: Pascal Laugier
Elenco: Jessica Biel, Jodelle Ferland, Stephen McHattie, Samantha Ferris
País: Estados Unidos, Canadá
Duração: 105 min

SOBRE O QUE É O FILME?
Uma pequena cidade é atormentada pelo desaparecimento de crianças que, segundo alguns moradores, são levadas pelo Homem Alto. Essas crianças nunca mais são encontradas, e os esforços de uma mãe em descobrir o paradeiro de seu filho levam-na de encontro a lenda.

O QUE TENHO A DIZER...
Escrito e dirigo pelo francês Pascal Laugier, que dirigiu dois títulos de terror anteriormente, os desconhecidos Saint Ange (2004) e Martyrs (2008), mas que teve seu nome no topo dos trend topics dos fóruns de filmes de horror quando a responsabilidade do remake de Hellraiser caiu sobre suas costas. Mas por diferenças criativas (desculpa que sempre é dada em casos onde o barraco com certeza quebrou), ele largou o projeto.

Ao invés de Hellraiser, ele embarcou no projeto deste filme, que ainda é inédito no Brasil, mas provavelmente passará despercebido ou será lançado diretamente em home video por razões óbvias. É um filme construído em cima da lenda que é por nós conhecida como a lenda do Homem do Saco, que sequestra criancinhas que nunca mais aparecem. Isso fará com que ele certamente seja promovido como um filme de terror para ser vendido mais fácil, mas na verdade é um suspense que chega a ser tenso em vários momentos, mas o conflito principal, e a linha guia, é o drama. Além disso, ele possui uma temática difícil de ser digerida para muita gente, e que provavelmente não encontrarão moral definida e sairão atirando para todos os lados que o filme é ruim.

O filme não é uma obra de arte, mas também não é ruim. Ele só é diferente e confuso por ter uma mistura brusca de gêneros, e Pascal se utiliza de todos os recursos do suspense sem medo de errar, tanto na direção quanto no desenvolvimento de roteiro, para prender a atenção e contar de maneira incomum uma história com um ponto de vista diferente e, talvez, uma grande realidade, com surpresas e reviravoltas que me impedem de ser mais claro a respeito para a experiência não ser quebrada.

Encabeçado por Jessica Biel, que oferece uma atuação pra lá de convincente, a história vai surpreender bastante principalmente nos primeiros 40 minutos, perderá o fôlego próximo ao fim, mas vai deixar uma sementinha plantada na cabeça. As surpresas surgem não por pistas falsas, mas por detalhes que são revelados apenas nos momentos certos, ora pelos acontecimentos, ora pela narração feita pela personagem de Jodelle Ferlan, a mesma atriz mirim que fez a encarnação do demônio no filme de Renée Zellweger, Caso 39 (Case 39, 2008). Esses elementos oferecem seqüências bastantes tensas, e as dúvidas e os mistérios ficam no ar até o último momento.

O final poderá ser um pouco decepcionante para aqueles que esperarem algum cliché do gênero, pois a conclusão é tipicamente dramática e dará a impressão de que a situação não se encaixa muito em todo o contexto misterioso, mas aí vai depender da absorção e percepção de cada um. A idéia do filme é interessante, mas a argumentação dada é fantasiosa demais para um assunto delicado, sendo o grande atrativo apenas a forma como ela é contada e desenvolvida.

No fim das contas deve ser assistido por um ponto de vista infantil e os desejos que as crianças acabam alimentando na infância por dificuldades familiares e sociais, as lendas que esses desejos criam e a ilusão de que tudo poderia ser melhor se fosse diferente. Também é uma crítica, e uma forma de colocar os pais a pensarem sobre o rumo e as proporções que a relação pais/filhos tem tomado, e também imaginarem o pesadelo que poderia ser se as coisas não chegassem a ser diferentes, mas dessem errado.

CONCLUSÃO...
Com uma idéia bastante interessante e incomum, essa diferença entre o clima pesado de suspense e o tema dramático pode acabar sendo um choque que deixará muita gente com uma carinha de "acho que não gostei". Mas vale ser assistido pelas atuações, pela maneira como o clima é construído e pelo sentimento, mesmo que breve, de como é bom ser bem enganado.
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