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segunda-feira, 16 de julho de 2012

NÃO É DESSA VEZ, IRMÃOS FARRELLY...

★★★
Título: Os Três Patetas (The Three Stooges)
Ano: 2012
Gênero: Comédia
Classificação: 14 anos
Direção: Peter & Bobby Farrelly
Elenco: Sean Hayes, Will Sasso, Chris Diamantopoulus, Jane Lynch, Sophia Vergara, Jennifer Hudson
País: Estados Unidos
Duração: 92 min.

SOBRE O QUE É O FILME?
Vamos dizer que o filme conta o início de tudo. Os três recém nascidos são deixados na porta de um orfanato que, depois que crescem, está ameaçado de fechar por conta de dívidas. Intecionados a resgatar aquilo que para eles é uma grande memória de infância, eles acabam se envolvendo em um crime enquanto se transformam em estrelas de um reality show.

O QUE TENHO A DIZER...
Não há muito o que se esperar de mais um filme dirigido, escrito e produzido pelos irmãos Farrelly, que ficaram famosos no passado ao trazer de volta o estilo "comédia pastelão", mas com pitadas mais grosseiras, como nos filmes Debi & Lóide (Dumb & Dumber, 1994) e Quem Vai Ficar Com Mary? (There's Something About Mary, 1998). Mas a grosseria dos irmãos Farrelly nunca gerou antipatia porque as situações eram sempre muito ingênuas como as pataquadas dos irmãos mentalmente limitados Debi e Lóide, ou até mesmo o "gel de cabelo" de Mary. Mas com o passar dos anos parece que os diretores perderam um pouco o ritmo e tentaram se superar cada vez mais nas piadas prontas e em personagens cada vez mais estranhos, investindo em tipos esquisitos que se tornaram muito mais em figuras bizarras do que simplesmente excêntricas, como o personagem com múltiplas personalidades de Jim Carrey em Eu, Eu Mesmo e Irene (Me, Myself & Irene, 2000), a obesa mórbida de Gwyneth Paltrow em O Amor É Cego (Shallow Hall, 2001), ou os gêmeos siameses de Matt Damon e Gregg Kinear em Grudado Em Você (Stuck On You, 2003), filmes que não tiravam mais do que algumas risada às vezes forçada do público e que foi distanciando as pessoas cada vez mais. E eles nunca mais repetiram o mesmo sucesso que foram os seus dois primeiros filmes, e as pessoas hoje em dia raramente lembram quem são os irmãos Farrelly. Isso é irônico, porque eles caíram exatamente no clichê de quem faz humor, e em um dia faz muito sucesso e todos gargalham, e no outro há poucas pessoas dando algumas risadas.

Faz tempo que os irmãos Farrelly estão tentando reconquistar um público perdido, e encontaram em Os Três Patetas tudo aquilo que, em uma época passada, tinha muito a ver com eles: a comédia pastelão e absurda. O filme não rendeu muita coisa e embora tenha custado US$17 milhões, não arrecadou mais do que US$44 milhões, até porque ele ainda não foi lançado em muitos países. É uma quantidade decepcionante para um filme que projetaram para ser sucesso e o grande retorno desses diretores, mas parece que não agradou muita gente.

Também, pudera, não é mesmo? Para quem já chegou a assistir Os Três Patetas original, sabe que o timing de comédia desses grandes humoristas e comediantes norte-americanos era de uma pontualidade e um sincronismo incomum, incomparável e irreprodutível. Atores que ficaram por mais de três décadas arrancando gargalhadas e se transformaram em ícones e referências ao gênero e a tudo que seja considerado escrachado juntamente a demais grandiosos atores como Charles Chaplin ou Jerry Lewis.

Nessa história dos irmãos Farrelly, há uma tentativa de trazer para a atualidade os três personagens que surgiram em 1934 (reparem que na porta do orfanato há uma inscrição dizendo "FOUNDED 1934") naquele sempre erro hollywoodiano de buscar a conexão rápida e fácil com o público. Então colocaram os três patetas em um ambiente mais atual, e assim o público se sente mais agradado e confortável do que se tivessem situado a história nos anos 40 ou 50 e filmado em preto e branco.

Os três atores se esforçam bastante na caracterização e até rendem algumas risadas em momentos onde é nítido que a interação entre eles está melhor do que em outras partes que, talvez, foram as primeiras a serem filmadas. Uma outra coisa bastante interessante é que os três atores realizaram a maioria de seus trabalhos anteriores na televisão e não no cinema, e essa linguagem que eles também conhecem muito bem talvez é o que tenha facilitado o processo. A única coisa que tenta se manter um pouco fiel é realmente a caracterização, o sincronismo entre eles e algumas outras situações notoriamente forçadas e que não conseguem de forma alguma reproduzir o mesmo tempo de comédia e a mágica que fazia os originais serem tão naturalmente engraçados.

O filme termina com dois atores se passando pelos irmãos Farrelly em uma seqüência explicativa para o público infantil, já que na época em que o seriado original passava, muitas crianças imitavam os chamados pokes (como as dedadas no olho) que os personagens faziam, o que gerou muito problema na época. Então, numa época em que tudo nos Estados Unidos é motivo para aumentar a faixa etária da censura, essa explicação soou mais do que obrigatória. A única coisa que não compreendi é a razão de terem colocado dois atores que mais parecem galãs de filme pornô para fazerem isso.

CONCLUSÃO...
Vai agradar muita gente, talvez pelo público infantil que adora uma comédia pastel ou o público mais velho que não assiste muitos filmes. Poderia ser uma excelente homenagem caso não tivesse havido essa grande intenção de fazer tudo meticulosamente perfeito para ser um sucesso, e o resultado é simplesmente mais um produto descartável e esquecível dos irmãos Farrelly, e para o público mais nostálgico e saudosista esse filme soará mais como uma aberração.

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