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sábado, 26 de maio de 2012

IMAGINE UMA NOVELA DIRIGIDA POR CRONENBERG...

★★★★★★★
Título: A Pele Que Habito (La Piel Que Habito)
Ano: 2011
Gênero: Horror, Suspense, Drama, Ficção
Classificação: 14 anos
Direção: Pedro Almodóvar
Elenco: Antonio Banderas, Elena Anaya, Marisa Paredes, Jan Cornet
País: Espanha
Duração: 117 min.

SOBRE O QUE É O FILME?
Eu adoraria responder essa pergunta, mas não posso.

O QUE TENHO A DIZER...
Almodóvar sempre tenta nos pegar de calças curtas e nos surpreende de alguma forma. É por essas e outras que o lançamento de seus filmes sempre é um evento, seja nos cinemas ou pela euforia de seus fãs em casa. Desde quando divulgou a produção do filme, ele afirmou que se aventuraria no terror, mas sem gritos ou sustos. Para um diretor que já que experimentou um pouco de tudo em sua trajetória cinematográfica, um terror estava mais do que na hora.

É também o retorno de Banderas com o diretor, depois de um hiato de 20 anos, fazendo um cirurgião plástico de poucas palavras e cheio de segredos. Mas mesmo assim não deixa de ser perturbador e ao mesmo tempo sexy apenas com o seu olhar expressivo. O mesmo deve ser dito sobre Elena Anaya na sua segunda colaboração com diretor. A princípio Almodóvar queria Penélope Cruz, que não pode aceitar o papel devido a conflitos de agenda, e Elena acabou sendo a opção perfeita para o papel, por ter uma representação comedida e traços físicos muito mais sutis e delicados.

É um filme estranho até mesmo para seus fãs mais fiéis, que não encontrarão nele o calor dos personagens anteriores, o uso exagerado das cores e os dramalhões almodovarianos tão tradicionais. A impressão que se tem é que ele quis pegar o seu próprio estilo e virar do avesso, fazendo completamente o oposto do que fazia. A estranheza é observada logo no começo, mostrando ambientes frios, cores quentes substituídas pelas frias e metálicas, cenas apáticas em momentos que era esperado ataques histéricos e movimentações mecânicas tanto de câmera quanto dos atores. O desenvolvimento da história é lento, chega a ser cansativo e entediante, e quase desisti de continuar assistindo por várias vezes. Mas ao mesmo tempo resisti, pois sabia que a intenção era sovar, criando uma atmosfera e preparando-a até não ser possível aguentar mais.

Claro que por momentos muito breves e raros é possível identificar o humor negro de Almodóvar durante o filme, como se fosse um leve sorriso de canto de boca, um escorregão proposital que sem querer você se pega gargalhando e, ao mesmo tempo olhando para os lados, com vergonha, porque não era pra ser engraçado. Aquilo era Almodóvar provocando.

Pode não ser um de seus melhores filmes, mas sua direção é impecável ao conseguir variar entre o terror, suspense e drama com naturalidade. Para um filme de terror não ter sustos ou gritos, Almodovar conseguiu lidar com o medo nato do homem e o bizarro com poucos recursos, já que seu conceito de bizarro ainda é gracioso, e o medo nato ele instiga pela fantasia que ele nos obriga a criar através de coisas ainda não reveladas, desenvolvendo a trama sem falsas pistas, apenas mostrando o necessário nas horas certas e em pequenas doses.

Com certeza é o projeto mais psicótico, obsessivo, perverso e ambicioso do diretor, sendo toda a trama explicada pelo Efeito Pigmaleão, o efeito das nossas expectativas sobre a forma como nos relacionamos com a realidade e como a percebemos, transformando-a frente àquilo que esperamos ou queremos.

CONCLUSÃO...
Indispensável para amantes de cinema em geral, independente de ser ou não fã de Almodóvar. Aos fãs do diretor recomendo assistirem sem pré-conceitos estabelecidos pelos filmes anteriores, já que este foi um gênero que ele fez questão de ser algo completamente diferente de tudo o que ele estava acostumado a fazer, e que também estávamos acostumados a ver.

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