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quinta-feira, 31 de maio de 2012

"VIVEMOS EM UMA DITADURA CAPITALISTA!"

★★★★★★★★
Título: Os Educadores (Die Fetten Jahre Sind Vorbei)
Ano: 2004
Gênero: Crime, Drama, Romance
Classificação: 14 anos
Direção: Hans Weingartner
Elenco: Daniel Brühl, Julia Jentsch, Stipe Erceg, Burghart Klaußner
País: Alemanha/Áustria
Duração: 127 min.

SOBRE O QUE É O FILME?
Sobre dois amigos que dividem ideais comunistas e, durante a madrugada fazem manifestações pacíficas assinada por eles como "OS EDUCADORES". Mas depois de um incidente envolvendo a namorada de um deles, acabam sendo obrigados a mudar o protocolo, colocando todos em risco.

O QUE TENHO A DIZER...
Segundo longa metragem do diretor Hans Weingartner, e também a segunda coloboração entre ele e o ator Daniel Brühl, o mesmo ator de Adeus, Lenin! (Good Bye, Lenin!, 2003). Considerado hoje um filme cult e pop por ser reacionário e tratar de política, ideais, amizade, amor e humanidade por um ponto de vista contrário aos clichés atuais, além de ser recheado de atores (na época) novos e experientes, linguagem acessível e uma trilha sonora cheia de referências que marcaram uma época. Aqui os questionamentos são os mesmos repetidos por todo jovem adulto exposto às dificuldades da vida, lutando contra tudo e todos em busca do ideal utópico, principalmente se estes jovens nasceram em uma nação com um pensamento político tão dividido e ativo como na Alemanha. O filme foi um dos destaques do Festival de Cannes de 2004, concorrendo à Palma de Ouro. Ganhou importantes prêmios do cinema alemão e é até hoje referência para muitos.

A história se passa de maneira proposital em Berlim e que, mesmo após a queda do muro em 1989, que dividia sua parte oriental e simpatizante do regime soviético da parte ocidental e capitalista, ainda tem posicionamentos políticos comunistas bastante fortes, principalmente por grupos intelectuais na faixa dos 20 e 30 anos. O filme começa com um protesto pacífico contra a exploração capitalista, deixando claro que o tema principal irá girar em torno dessas duas filosofias políticas. Mas embora possa se tratar de um tema difícil e massante para muita gente, a forma como é abordado e como as personagens dialogam sobre isso não segue cartilhas marxistas ou tenta ser discurssivo e chato. Pelo contrário, é realista, questionando dificuldades e nos dando diferentes pontos de vista para a compreensão do que vivemos no dia a dia, muitas vezes parecendo até ingênuo, nos remetendo a um deja vu que levará muitos a dizer "eu já pensei assim um dia".

Mas esse tom ingênuo é perdido quando entra em cena Hardenberg, vivido pelo ator Burghart Klaußner, que é exatamente a representação daquele que naturalmente corrompeu seus ideais por uma simples necessidade de escolha. Dando respostas e incentivando contra-respostas que fazem o filme perder o tom partidário que aparentava, passando a ser humano e realista, oferecendo ferramentas a quem assiste para discernir o que é certo ou errado dentro daquilo que elas mesmas acreditam. Tudo sempre de maneira extremamente pacífica, apesar de atitudes não muito coerentes dos personagens.

Além disso, há também a relação entre os três personagens principais e do triângulo amoroso que nasce, o que acaba sendo bastante simbólico junto ao tema principal, já que a escolha de Jule entre Jan e Pete se encaixa muito bem frente às decisões e escolhas políticas e ideologicas de cada um, dando também um retrato bastante tocante e bonito dos valores de consideração e lealdade, tão raros hoje em dia.

O roteiro extremamente bem trabalhado faz as personagens principais flutuarem entre a ingenuidade e a maturidade, tanto em ações quanto em diálogos, evidenciando as crises pessoais que cada um deles está passando, e o diretor Hans Weingartner foi hábil ao situar a importância de cada um deles.

Filmado com câmera digital e suspensa, talvez a qualidade um pouco inferior de imagem e o constante balançar da câmera acabem incomodando os mais impacientes, mas que com o decorrer do filme acabam sendo esquecidos frente a riqueza temática do filme.

CONCLUSÃO...
Vale a pena ser assistido por qualquer pessoa, pois oferece material que levanta questões fundamentais de forma inteligente, dinâmica, e o melhor, numa linguagem cinematográfica que prende a atenção e surpreende no final.

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