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terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

OUTROS PODERES, MESMA FÓRMULA...

★★★★★★☆☆☆☆
Título: Doutor Estranho (Doctor Strange)
Ano: 2016
Gênero: Ação, Super Herói, Fantasia
Classificação: 12 anos
Direção: Scott Derrickson
Elenco: Benedict Cumberbatch, Chiwetel Ejiofor, Tilda Swinton, Rachel McAdams, Mads Mikkelsen
País: Estados Unidos
Duração: 115 min.

SOBRE O QUE É O FILME?
Dr. Stephen Strange é o mais renomado e popular neurocirurgião que se tem notícia. Conhecido por seus diagnósticos cirúrgicos precisos, sofre de um egocentrismo e de uma arrogância que não conseguem fazê-lo aceitar sua derrocada profissional ao perder os movimentos das mãos após um sério acidente. Destemido a encontrar uma cura ou solução para isso, acaba descobrindo um mundo místico além de sua própria imaginação.

O QUE TENHO A DIZER...
Se tem algo realmente chamativo em Doutor Estranho é sua estética. Cenários, figurino e maquiagem, há uma mistura de influências que vaga entre cultura tibetana, celta e samurai. Visualmente, tudo é bem pensado, e a personalidade do protagonista é um dos melhores do universo Marvel no cinema. Nada mal para o primeiro herói místico da Marvel a ter seu próprio filme, a segunda parte da Terceira Fase do Universo Cinemático do selo.

Mas no fim, quando o longa deveria ser um diferencial, na verdade é mais do mesmo, que bebe da mesma fonte e do mesmo tipo de desenvolvimento de todos os filmes da marca. Há um personagem em crise existencial, há uma crise amorosa, há um poder a ser descoberto, há um mentor dedicado e um vilão de proporções universais que o herói deverá combater, além de aprender em poucas horas muito do que seu mentor demorou a eternidade para dominar.

A fórmula da Marvel é algo que ainda funciona, embora já esteja cansada. O que ainda leva as pessoas aos cinemas para verem seus filmes é a continuidade de seu universo e os finais que engatam com algum filme seguinte, tal como é comum nos quadrinhos. Mas Estranho poderia ter sido um tipo diferente, algo mais centrado e adulto tal como a Marvel tem sido na televisão. Tanto é assim que o protagonista é vivido por Benedict Cumberbatch, um dos atores britânicos mais em voga nos últimos anos, um tipo peculiar e de aparência excêntrica, que consegue fazer do personagem algo interessante, mas que o roteiro sempre peca ao tentar arrancar de sua sisuda fisionomia alguma piada. Tilda Swinton volta a repetir um papel exótico e andrógeno, mas que pouco acrescenta na história como deveria. Sua personagem é apresentada como um grande trunfo, engraçada em sua peculiaridade e extremamente poderosa, mas que definha e se torna efêmera no momento em que ela mais crescia.

Faz parte da fórmula Marvel os alívios cômicos e batalhas épicas. As batalhas funcionam, mas o humor aqui é fraco, às vezes constrangedor na sua falta de tempo ou no excesso de cliché, pois se tornaram previsíveis em filmes de super heróis. Nos diálogos não é sempre que funcionam, sobrando para a Capa da Levitação a função mais efetiva, como um mascote.

A história se destaca nos momentos em que não existe a força bruta, algo que poderia ter sido deixado de lado por aqui, já que os personagens deveriam lidar muito mais com a sabedoria e a lógica, como acontece em raros momentos. E é basicamente dessa forma como o herói consegue, digamos, vencer o vilão. Mas o final não tem impacto, não se encerra de forma grandiosa e satisfatória como se espera. Percebe-se que o filme queima todos seus cartuchos muito rápido. Talvez, por isso, que não tenha apenas um final, mas três.

Contando com os dois pós-créditos, além de uma frase afirmando que o personagem retornará, isso tudo é muita insistência para pouco espaço, e apenas reafirma que o filme, desde o princípio, nunca foi tratado como uma certeza de sucesso, como foi com outros heróis antes dele. Isso explica a morna receptividade apesar do sucesso de público, o breve impacto que ele causou na imprensa e os excessos visuais.

Estranho é, sem dúvida, visualmente deslumbrante em seus efeitos especiais psicodélicos e caldeidoscópicos. O feito realizado por essa equipe técnica é até inovadora no quesito. É algo similar ao que já foi visto em A Origem (Inception, 2010), só que melhorado. E se a vontade de assisti-lo novamente surgir, será para ver detalhes das cenas de quebra de dimensões, como acontece logo no início do longa, ou até mesmo no fim, na quebra de tempo, quando toda a ação ocorre em meio a uma Hong Kong acontecendo de frente para trás, após um leviano ataque.

CONCLUSÃO...
É um filme agradável e divertido, mas vazio, sem impacto ou emoção, mesmo que com um elenco especialista nisso. E pelo andar da carruagem, terá que se beneficiar de outros heróis mais conhecidos para conquistar o seu próprio público no futuro, como deixa a entender um de seus pós-créditos..

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