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quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

EXCEPCIONAL...

★★★★★★★★★★
Título: Mogli, O Menino Lobo (The Jungle Book)
Ano: 2016
Gênero: Fantasia, Aventura
Classificação: Livre
Direção: Jon Favreau
Elenco: Neel Sethi
País: Estados Unidos
Duração: 106 min.

SOBRE O QUE É O FILME?
Um garoto criado na floresta por uma matilha é ameaçado por um temido tigre, obrigando-o a partir para a tribo dos homens.

O QUE TENHO A DIZER...
É um daqueles filmes em que há apenas elogios. Um daqueles filmes que você termina e tem a verdadeira sensação de ter viajado junto com a fantasia que ele abraça. Um filme tipicamente Disney.

O título, baseado numa série de livros do inglês Rudyard Kipling, talvez seja um dos mais adaptados pela própria Disney. Nesta nova adaptação, além de ser novamente baseado na obra de Kipling, é visualmente inspirado - e tenta ser o mais fiel possível - ao clássico animado de 1967.

Particularmente não me lembro do original animado, por ter assistido uma única vez quando criança, mas como dito, ele tenta ser tão fiel que em vários momentos as cenas clássicas darão uma deliciosa sensação de deja vu para quem também já tenha assistido ao desenho, mas não se lembra com detalhes. Talvez essa seja a sensação mais interessante, essa nostalgia emocionante que ele resgata da nossa memória.

A riqueza visual é de brilhar os olhos, não chega na mesma sensação que se tem com A Lenda de Tarzan (The Ledgend Of Tarzan, 2016), porque consegue ser melhor. Aqui tudo é muito mais imersivo, apreciável, visualmente delirante. Seja Mogli correndo sobre os galhos de árvore, pulando sobre troncos caídos, mergulhando nos rios ou interagindo com seus companheiros. Há também a fantasia da história, e suas metáforas, simples, mas muito relevantes, tanto para as crianças, quanto para os adultos que ainda parecem ter muito o que aprender. A maravilhosa fábula do menino criado por lobos, que se torna homem dentro de uma floresta, numa dúvida às outras espécies no mesmo tom que teriam os homens sobre eles. Enquanto filhote não existe perigo, mas e quando crescer? Quando seus instintos aflorarem e sua natureza tomar forma?

Essa é a grande metáfora de Mogli. Porque por mais que os animais pensem e se comuniquem com ele, a racionalidade do garoto é diferente, constantemente criticada pelo seu mentor, o pantera negra Bagheera. O que os animais não percebem é que a natureza de Mogli não é diferente da deles, pois os homens, um dia, também já foram da floresta.

Também consegue ser um filme educativo, no ponto de vista do respeito à natureza e a possibilidade da perfeita coexistência com ela quando respeitada as Leis da Selva, que na verdade são as morais que compõem todo o livro do tal título original. Algo um tanto resgatado na fábula d'O Rei Leão (The Lion King, 1996), também da Disney e igualmente referenciada por aqui de diversas formas. A mais memorável delas é na similaridade entre Scarf (o inimigo de Simba), e Shere Khan, o inimigo de Mogli .

A novidade dessa vez é o filme ser teoricamente considerado um live action, ou seja, um filme em carne e osso. Mas ao contrário da versão de 1994, feito com animais de verdade, e que na época parecia surpreendente, nessa nova versão a única coisa verdadeira é o ator, o garoto Neel Sathi, competente e espontâneo, um tiro certeiro na escolha. No resto, tanto os cenários quanto os animais, é tudo digitalizado. Uma animação realista, vamos dizer. E que convence mesmo.

Do começo ao fim, o filme é empolgante e sensível. Mogli transita de um cenário ao outro, conhecendo partes da floresta que ele desconhecia. Quanto mais adentra nela, mais a diversidade da fauna e da flora aumentam, com seus chefes dominantes em cada habitat específico, em um desenvolvimento similar a de um video game: quanto mais ele progride na história, maiores também são as dificuldades e os desafios. Para quem conhece o jogo eletrônico dos anos 90, irá perceber essas referências com facilidade.

A similaridade da personalidade dos animais com a dos homens não é uma mera coincidência, e a ingenuidade do personagem não consegue fazê-lo ver a maldade. Da serpente traiçoeira que tenta se alimentar dele, do urso canastrão que se aproveita de sua bondade, do gigante orangotango que quer escravizá-lo, e do tigre que quer se vingar. Fases que Mogli terá de passar para adquirir experiências e se tornar um homem, mesmo que sendo uma criança.

A captura de movimento dos animais digitalizados é impressionante, bem como a textura e a expressividade. Ricos detalhes que deixarão qualquer pessoa boquiaberta e deslumbrada, numa sensação que irá impressionar, chegarndo muito próximo do que Spielberg já nos transmitiu com Parque dos Dinossauros (Jurassic Park, 1993), tamanho o realismo. Jon Fevreau, já bastante experiente com efeitos especiais por conta da série do Homem de Ferro, realizou um grande desafio de conseguir transmitir tudo com naturalidade e transformar esta nova adaptação em um filme inesquecível.

Confesso que chorei o filme todo na emoção de ver um trabalho tão bem feito e na delicadeza aos menores detalhes, diferenciando O Livro da Selva de qualquer outro filme banal com animais, feitos apenas para agradar aquele público que acha qualquer cachorro em frente à câmera "fofinho". Aqui a fábula é outra, uma que possui uma seriedade disfarçada na ingenuidade do tema; que possui uma linguagem adulta, mas compreendida por crianças pelas referências visuais; que consegue ser assustadora, mas ao mesmo tempo nobre. Poderosa em sua moral, mas delicada na abordagem.

CONCLUSÃO...
É a Disney sendo a Disney que agrada todo mundo. Não tem como não se emocionar ou delirar com este nova adaptação, a melhor delas, e que continuará sendo por muito tempo.

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