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quarta-feira, 11 de maio de 2016

PIOR QUE O PRIMEIRO...

★★☆
Título: O Caçador e a Rainha do Gelo (The Huntsman: Winter's War)
Ano: 2016
Gênero: Fantasia, Aventura, Ação
Classificação: Livre
Direção: Cedric Nicolas-Troyan
Elenco: Chris Hemsworth, Jessica Chastain, Emily Blunt, Charlize Theron
País: Estados Unidos
Duração: 114 min.

SOBRE O QUE É O FILME?
O Caçador agora deve cociliar seu amor com uma batalha que deverá travar contra Freya e sua irmã mais velha, Ravenna.

O QUE TENHO A DIZER...
O primeiro filme não tinha intenções de ter continuação, mas rumores começaram a surgir quando a bilheteria ultrapassou o sucesso que se esperava. A produção demorou mais do que deveria para iniciar devido ao polêmico envolvimento do diretor casado, Rupert Sanders, com a atriz principal, a insossa e sempre boquiaberta Kristen Stewart, que na época namorava Robert Pattinson. O incidente "amoroso" sujou e denegriu a popularidade dos dois, o que fez o estúdio decidir pela suas demissões.

Não que eles fossem importantes, porque sabe-se que grande parte do sucesso do primeiro filme não foi pela direção pretenciosa de Sanders, que falhou feio ao tentar seguir a mesma cartilha épica de O Senhor dos Anéis. Também não foi por Stuart, que mesmo no auge da carreira naquele momento por conta da saga Crepúsculo, era incapaz de carregar um filme nas costas. E mesmo tendo Thor como o outro protagonista... digo, Chris Hemsworth, quem realmente salvou o filme do tédio e do fracasso foi Charlize Theron.

Esse segundo filme faz as vezes de uma pré continuação quando volta alguns anos antes do filme original para contar a história da irmã mais nova da bruxa má, Freya (Emily Blunt), que era doce e cândida até perder seu filho, libertando seus poderes de gelo com o trauma, numa metáfora ao "coração gelado" e à falta de sentimento que, mais cliché, impossível. Também conta a origem do Caçador (Chris Hemsworth), que agora é chamado por Eric, e como ele perdeu sua mulher, Sara (Jessica Chastain).

Próximo ao meio do filme a história dá um salto de sete anos, dando sequência à história original. Por motivos óbvios, Branca de Neve e seu reino são apenas mencionados. Ela é uma rainha querida, mas aos poucos enlouquecia por conta dos poderes do Espelho Mágico. Por causa disso ela ordena que o objeto encantado seja levado para um lugar seguro e muito distante, mas ele é roubado no meio do caminho e Eric, O Caçador, volta em cena para descobrir o paradeiro. Esse interlúdio é tão rápido que muita gente até se esquece, porém um tanto proposital para que praticamente nos esqueçamos do primeiro longa tão rápido quanto foi lembrado.

É no Espelho que Ravenna vive adormecida em um limbo, nem morta, nem viva, e ela é libertada quando sua irmã inadvertidamente pronuncia as palavras mágicas. Mas isso só vai acontecer quase ao final, quando o espectador já está cansado de tanto que os protagonistas andaram por toda a floresta encantada para travarem apenas uma balha infantil com uns Goblins com sangue de petróleo e que adoram ouro. Aliás de Goblin nada tem porque mais parecem grandes bodes raivosos.

Talvez para evitar o acontecido do primeiro filme, tanto Charlize Theron, quanto Emily Blunt, tem participações bastante comedidas para que não corra o risco de nenhuma delas roubar o grande destaque que deveria ser o casal protagonista. O caso de Charlize é mais sério, ao todo sua participação não deve durar 20 minutos, uma decepção para quem acreditou no trailer e foi ao cinema pensando que o filme seria apenas uma oportunidade de trazê-la de volta, mas ao contrário disso, usaram-na apenas como um pretexto para trazer uma história fraca de volta. Sim, porque o um casal é sem graça e em nenhum momento extravasa aquele imenso amor interrompido pela maldade da forma como deveria para expressar a simbologia e importância de tão tenro sentimento.

Não é novidade dizer que o filme se perde, primeiro porque Emily Blunt está em um de seus piores papéis. Limitada por figurinos pesados e visivelmente desconfortáveis em uma personagem que cultiva o ódio o tempo todo, mas de nenhuma forma é mostrada como uma pessoa má, mas confusa, que o espectador não consegue entender muito bem a razão de sair conquistando tudo que é território. Por uma hora ela tenta convencer de que é a mais poderosa das rainhas do Norte, até Ravenna aparecer e mostrar quem é a verdadeira dona da maldade.

Mas dura tão pouco e é tão exaustivo o mesmo discurso megalomaníaco sobre o poder versus amor, versus o ódio e versus Branca de Neve, que aquilo de Ravenna que era de interessante, e que foi a salvação do primeiro filme, perde totalmente o encanto e sentido dessa vez. Não que ela não continue roubando a cena, mas deixa de ser algo esperado, virando apenas um manequim de ousado figurino. O que acho sempre muito desgastante é o cinema obrigar personagens obscuros à redenção, como Ravenna pedir desculpas a sua irmã, ou Freya, depois de passar o filme todo como uma opressora do amor, mandando correio deselegante para todo mundo, no fim também se redimir para conquistar a empatia do espectador no último suspiro. Claro que a redenção é importante, no caso de Freya faria total sentido caso tivesse acontecido antes, e não depois de duas horas.

A história tenta ser aceitável porque consegue inventar um sentido para uma continuação caça-níquel, embora confusa e furada porque se esquece completamente do final do filme anterior e da relação do Caçador com Branca de Neve. Não é convincente. Sem falar do mal aproveitamento do tempo, deixando tudo longo demais para pouco daquilo que gostaríamos de ter visto: um filme de ação e fantasia, recheado de malabarismos, efeitos especiais, ou uma batalha épica entre Freya e Ravenna, caso Freya tivesse tomado consciência de sua maldade mais cedo. O que vemos é uma rainha chata, gelo de plástico, fadas, bichinhos coloridos na floresta, o Caçador tentando ser engraçado, cenários pobres, reviravoltas que mais parece indecisão de roteirista e diálogos ruins, ruins e ruins o tempo todo.

É um desperdício de talento, tempo e dinheiro. E por ser um filme com um elenco predominantemente feminino sem ser um filme para o gênero feminino, também é um desperdício de oportunidade. Me fico a perguntar porque os grandes nomes presentes se propuseram a fazer algo tão descartável e desinteressante como esse, onde ninguém é aproveitado como deveria e a produção falha por nem ao menos ter um visual deslumbrante como - de certa forma - foi o primeiro filme, e assim despistar de tantos desarranjos nesta tenebrosa estréia do diretor Cedric Nicolas-Troyan. Talvez se tivessem economizado no orçamento de US$115 milhões contratando um elenco mais barato, poderiam ter feito algo mais caprichado. O resultado foi um fiasco de bilheteria que assassinou a possibilidade de qualquer outra continuação. Ainda bem!

CONCLUSÃO...
O primeiro filme, que já não era bom, consegue ser melhor que o segundo, mesmo que o segundo não conte mais com Kristen Stewart.

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