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segunda-feira, 14 de outubro de 2013

QUANTO MAIS FEIAS MELHOR...

★★★★★★★
Título: As Bem Armadas (The Heat)
Ano: 2013
Gênero: Comédia, Ação
Classificação: 14 anos
Direção: Paul Feig
Elenco: Sandra Bullock, Melissa McCarthy
País: Estados Unidos
Duração: 117 min.

SOBRE O QUE É O FILME?
Sarah Ashburn é uma agente do FBI arrogante e metódica que não consegue trabalhar em grupo já que ninguém segue e trabalha dentro dos mesmos procedimentos que ela. Ela é então transferida para investigar um crime em Boston, onde conhece a durona e egoísta agente do departamento local Shannon Mullins.

O QUE TENHO A DIZER...
Obviamente o filme foi realizado com intenções de ser sucesso de alguma forma, já que conta com a direção e produção de Paul Feig, que havia dirigido anteriormente Missão Madrinha de Casamento (Bridesmaids, 2011). Também tem aquela antiga fórmula de comédias que juntam uma dupla de atores famosos em situações absurdas para gerar o riso fácil dentro dos clichés. Mesmo atualmente essas comédias abraçarem um confortável "politicamente incorreto" com o uso exagerado de palavrões, piadas escatológicas e/ou sexualizadas, e personagens exageradamente estranhos e caricatos, isso também já se transformou em uma fórmula que raramente surpreende.

É o primeiro filme de Sandra Bullock em um hiato de dois anos depois de redescobrir o sucesso com o seu Oscar pelo filme Um Sonho Possível (The Blind Side, 2009), e o quinto filme de Melissa McCarthy em apenas dois anos depois do sucesso alcançado por Missão Madrinha.

Quando o trailer do filme foi lançado, comparações com Miss Simpatia/Miss Simpatia 2 (Miss Congeniality/Miss Cogeniality 2, 2000/2005), foram inevitáveis, e muita gente chegou a considerá-lo uma terceira continuação não autorizada, já que aparentemente Sandra reprisaria um mesmo tipo de papel e McCarthy seria a coadjuvante durona tal qual Regina King fez no segundo filme. A verdade é que essas pessoas não estão erradas, pois grossamente nenhuma das duas atrizes fazem algo diferente do que já foi feito na franquia mencionada, e nenhuma das atrizes também criaram personagens muito diferentes das que já fizeram antes.

O roteiro bobo e furado, e a direção que só leva um nome pois tecnicamente não foge do trivial, são todos compensados unicamente pelas atrizes principais, em situações e diálogos hilários trocado entre ambas como chumbo. Geralmente filmes que unem dois grandes nomes estão fadados a cair no pastiche e no bocejo, mas o mérito (ou demérito) nesses casos são muito mais pelos próprios atores do que de qualquer outro elemento técnico. Todos já sabem que Sandra Bullock é talentosa, talento que ela teve que provar a duras penas numa trajetória com tantos altos e baixos, enquanto Melissa foi ter o talento reconhecido há apenas dois anos atrás, sendo finalmente reconhecida mundialmente como uma atriz e persona naturalmente cômica depois de tantos anos no mercado. Sandra também é uma atriz de comédias, e as faz muito bem, mas aqui ela realmente mostra que seu status de estrela não é em vão, pois ela brilha e oferece situções hilárias com pouco, além de se manter respeitosamente em seu lugar sem qualquer pretensão de roubar a cena ou ofuscar o show particular de McCarthy, que brilha dentro de sua espontaneidade exagerada e bem explorada também sem invadir o espaço da colega. E é exatamente isso que faz o filme funcionar e ter um nível elevado, pois a parceria de ambas gera uma química convincente e equilibrada, e não funcionaria mais com uma do que com outra, tanto que desde a primeira cena juntas, elas não se separam mais nem mesmo nos créditos finais. O interessante é que, embora o filme queira ter uma alto teor feminista, ele não é encarado como um filme de gênero, atraindo tanto o público masculino quanto o feminino em igual medida e agradando ambos por também ter esse equilíbrio entre os dois gêneros tanto na personalidade das personagens quanto pelas situações que elas se encontram.

Como dito, foi um filme feito para ter sucesso comercial por utilizar elementos manjados para conquistar o objetivo de forma fácil. E conseguiu. O filme arrecadou mundialmente US$226 milhões (US$150 mi só nos Estados Unidos, já que é uma comédia tipicamente norte-americana), mas apesar do sucesso e do grande desempenho das atrizes, não chega a ser um filme marcante por não ter um enredo que se destaque, e por ter personagens que soam reprisados, mesmo que bem construídos. Ele nem bem havia sido lançado e uma continuação já foi anunciada. Se Sandra Bullock aprendeu com a experiência, ela saberá que por mais tentador que possa ser, isso não soa uma boa idéia.

CONCLUSÃO...
Uma reunião bem realizada entre Bullock e McCarthy, mas não chega a ser um filme marcante e memorável justamente por se manter dentro de uma fórmula segura de se produzir um sucesso. Um tanto longo nas suas mais de duas horas, um exagero em um filme desse gênero. Os pontos altos da comédia são nas piadas espontâneas e internas que obviamente puderam ser aproveitadas e que fogem do óbvio, e também quando as personagens fazem piadas de si próprias ou são chacotadas pelos outros, como quando no momento em que é dito que a cada vez que elas aparecem, elas estão mais feias. O que é verdade, e talvez um dos poucos elemento mais originais de toda e qualquer piada do longa, que deve ser visto e apreciado pelo talento do elenco.

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