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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

SOMOS COMO CACHORROS...

★★★★★★★★★☆
Título: Tiranossauro (Tyrannosaur)
Ano: 2011
Gênero: Drama
Classificação: 16 anos
Direção: Patty Considine
Elenco: Petter Mullan, Olivia Colman, Eddie Marsan
País: Reino Unido
Duração: 92 min.

SOBRE O QUE É O FILME?
Sobre um homem movido pelo ódio e revolta por conta dos duros golpes da vida e, o que tem levado a sua auto-destruição, tem a oportunidade de mudar e ver as coisas por pontos de vista absolutamente diferentes ao se deparar com uma mulher que é o oposto de tudo aquilo que ele está familiarizado.

O QUE TENHO A DIZER...
Filme de estréia do ator Paddy Considine na direção, o qual ele também assina o roteiro original. Tiranossauro foi um sucesso de crítica. Ganhou vários prêmios europeus e foi destaque no Sundance Film Festival ao receber os prêmios de direção e especial de juri aos atores principais. É difícil falar sobre este filme porque é um dos mais fortes, duros e brutos filmes que assisti nos últimos anos, um murro na cabeça logo no seu primeiro minuto. Esteja preparado caso queira assistí-lo porque ele pode surpreendê-lo assim como fez comigo.

Tiranossauro é interessante em vários aspectos. O primeiro deles é que não é um filme fácil de assistir, e mesmo sendo um drama intenso, há pequenos momentos de tensão e surpresas. Além de tudo, o desenvolvimento dos personagens é algo a se considerar porque o filme já começa em um ponto crítico para todos eles.

Às vezes nauseante, porque o filme mostra o pior de todos nós, mas também o melhor. Como li em um comentário, o filme "oferece uma representação pontual dos dois personagens, ficando difícil assistí-lo sem se sentir igualmente tocado e repelido ao mesmo tempo".

Joseph e Hanna são dois personagens que representam dois lados diferentes que se encontram e complementam os medos e as bravuras um do outro. Eles pensam e reagem de maneira diferente, mas acima de tudo eles são humanos e passíveis de mudança até mesmo das suas mais sólidas opiniões. Eles também tem algumas coisas em comum como a descrença sobre algumas coisas. Enquanto Hanna tenta enganar ela mesma a todo tempo, criando um mundo completamente diferente do qual ela vive, Joseph nunca esconde a verdade e todo seu ponto de vista negativo sobre as coisas.

A princípio o filme me lembrou bastante Um Dia De Fúria (Falling Down, 1993) porque todos nós temos um pouco de William Foster em nós, mas embora o personagem de Michael Douglas represente o que se passa na nossa cabeça durante um dia de completa raiva e estresse, se você quiser saber o que pessoas comuns poderiam fazer nos verdadeiros dias de fúria, sem dúvida, Joseph e Hanna são os exemplos mais próximos.

Apesar da fúria, do ódio e rancor, as razões de cada um se tornam claras nos momentos certos graças ao desenvolvimento da trama e do roteiro. Há um momento em que Joseph nos compara a cachorros, dizendo que precisamos ter consciência de quanto um cachorro necessita ser maltratado para ficar com medo e atacar outras pessoas, e ao mesmo tempo o tanto que esse mesmo cachorro precisa ser convencido de que outras pessoas não estão lá para maltratá-lo. Isso é o que nós somos.

Mas o filme não seria o que é se não fosse pela suas atuações. Francamente as melhores atuações do ano. Esqueça os favoritos do Oscar 2012, Petter Mullan (Joseph) e Olivia Colman (Hanna) estão fantásticos, oferecendo atuações viscerais de duas pessoas mentalmente perturbadas por traumas adquiridos durante suas vidas e que atingiram um ponto onde não podem mais enxergar qualquer perspectiva. Olivia Colman, uma atriz britânica mais conhecida no outro continente por personagens cômicos, representa de forma tão sutil e ao mesmo tempo emocionalmente densa, expressando as dificuldades de sua personagem em sentimentos mistos de maneira perfeita. Não podendo esquecer também o ator Eddie Marsan, o qual apenas a presença em cena já deixa evidente a instabilidade mental e a perversidade de seu personagem. Sem dúvida, as performances salvam o filme de qualquer imperfeição, além de melhorar o que já tinha de perfeito.

CONCLUSÃO...
Se você não está em condições de assistir um drama pesado e caótico, coloque este filme de lado, mas não esqueça dele porque vale ser assistido. Mas se você está procurando atuações de primeira e uma boa obra dramática que pode ter o poder de transformar a angústia em importantes lições a serem aprendidas, este é o filme.

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