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quarta-feira, 7 de março de 2012

BRUNA E RICCELLI ACERTAM OUTRA VEZ...

★★★★★★★

Título: Onde Está a Felicidade?
Ano: 2011
Gênero: Comédia
Classificação: 12 anos
Direção: Carlos Aberto Riccelli
Elenco: Bruna Lombardi, Bruno Garcia, Marcello Airoldi, Marta Larralde, Maria Pujarte
País: Brasil, Espanha
Duração: 110 min.

SOBRE O QUE É O FILME?
Sobre uma chef de cozinha e também apresentadora de um programa de culinária afrodisíaca que descobre que a emissora onde trabalha será vendida e que seu marido cultiva uma amante virtual. Em uma depressão emocional e crise existencial, resolve juntar suas malas e fazer o caminho de Santiago de Compostela em uma peregrinação para sua redescoberta pessoal e da felicidade.

O QUE TENHO A DIZER...
É o terceiro filme dirigido e produzido por Riccelli, com roteiro e também produção de Bruna Lombardi. Também é o segundo filme dos dois no qual Bruna atua. Assim como O Signo da Cidade (2007), este é grande surpresa. Enquanto o filme anterior era um drama bem feito e com cenas belíssimas sobre um ponto de vista bastante melancólico da cidade de São Paulo e o questionamento difícil entre escolhas e destino, neste filme a comédia gira em torno da felicidade e onde poderemos encontrá-la através de hilários pontos de vista de alguns tipos excêntricos.

Riccelli e Lombardi estão ficando melhores a cada novo trabalho e isso é inquestionável. O trabalho anterior foi interessante e com um bom desenvolvimento de roteiro, mas alguns elementos quebravam a experiência, talvez pelo excesso de exigências da distribuidora (Globo Filmes) e a falta de uma direção mais firme que fizesse os atores oferecerem atuações mais inspiradas. Mas parece que Riccelli aprendeu com a experiência e melhorou sua maneira de conduzir as coisas. Mesmo a Globo Filmes continuar sendo a distribuidora do filme, a confiança tanto de Riccelli quanto Lombardi é muito mais evidente, lidando melhor com problemas e falhas que fizeram de O Signo da Cidade um filme belo, mas frustrante em algumas cenas.

Bruna é bastante influenciada neste filme por Almodóvar e comédia de absurdos, que se misturam com seu próprio estilo em um filme que não se passa em um período ou uma época definida para contar a história de Teodora, a personagem prinicipal. Mesmo parecendo ser mais uma comédia comum, há vários momentos genuinamente engraçados, aém de uma produção de primeira. O equilíbrio existente entre o figurino colorido, diálogos inteligentes e motivados junto com uma peregrinação por um lugar tão mágico quanto Santiago de Compostela fazem do filme algo extremamente prazeroso de se assistir.

Atuado por atores de vários lugares, cada um deles tem sua importância, e os atores convidados são apresentados e colocados em cenas devidas e que não atrapalham o desenvolvimento da história, o que é um alívio, já que geralmente não é assim que acontece quando tentam sempre enfiar participações de atores mais pela popularidade do que pela sua importância na história, uma característica quiçá pobre e ainda mantida pela Globo Filmes. Os demais atores do elenco principal são bem dirigidos e alguns outros que poderiam ser irritantes nunca são exatamente pelo fato de Riccelli ter dado mais atenção às atuações do que se preocupar apenas na perfeição técnica das cenas, diferente do que acontece no filme anterior. Os diálogos são muito interessantes e inteligentes, encaixados em situações absurdas mas com o cuidado de não cair no ridículo, sendo poucos os momentos entediantes. Nunca fui muito fã de Bruno Garcia (Nando) e seus vícios de interpretação, mas ele fez um bom trabalho com cenas que nunca excedem o necessário. Bruna Lombardi, embora nunca tenha sido uma grande atriz, assim como em O Signo da Cidade, mais uma vez oferece uma de suas melhores performances, muito melhor do que quando atuava em novelas.

Mas o ponto de maior destaque do filme é, sem dúvida, o roteiro. O filme não seria o que é se não fosse por ele. Bruna afirmou diversas vezes que foi morar em Los Angeles especificamente para estudar e aprimorar sua escrita e o processo de roteirização. Ela aprendeu bem. Sua forma de escrita é rica, descritiva e cheia de detalhes que enquanto eu assistia ao filme era como se eu estivesse lendo o que acontecia na tela.

Acredito que o único grande problema seria os seus quase 120 minutos, mas Bruna e Riccelli estão entrando no tom certo e se transformando em uma excelente influência no cinema nacional, o que me faz ter certeza de que o amor e a dedicação que eles tem pelo que fazem como artistas e produtores ainda nos presenteará no futuro com maravilhosas surpresas.

CONCLUSÃO...
É um pouco diferente dos padrões das comédias nacionais, extremamente bem produzido e com um humor leve e esperto, com diálogos bem escritos dentro de situações propositalmente exageradas que se equilibram, sendo até por vezes bastante motivador e que merece ser apreciado.

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