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quinta-feira, 7 de junho de 2012

A SÍNDROME DE CARRIE ESTÁ DE VOLTA...

★★★★★★★★
Título: Poder Sem Limites (Chronicle)
Ano: 2012
Gênero: Ação, Suspense, Ficção
Classificação: 12 anos
Direção: Josh Trank
Elenco:Dane DeHaan, Alex Russell, Michael B. Jordan, Ashley Hinshaw, Michael Kelly
País:Estados Unidos, África do Sul
Duração: 84 min.

SOBRE O QUE É O FILME?
Sobre um grupo de jovens que, após serem expostos a uma forma de vida indefinida, desenvolvem poderes psíquicos.

O QUE TENHO A DIZER...
Filme de estréia do diretor Josh Trank, baseado em uma história escrita por ele e Max Landis. Segue a mesma premissa dos atuais filmes de baixo orçamento intencionados a lucrar, o que não é uma tarefa fácil, mas o cinema já provou que tem espaço para isso, basta ter uma boa idéia e uma câmera digital na mão. E assim o fez, custando "apenas" US$12 milhões e arrecadando mais de US$126 milhões mundialmente, o que já fez a Fox dar sinal verde para uma continuação.

A onda, iniciada com o inesperado sucesso de A Bruxa de Blair (The Blair Witch Project, 1999), demorou bastante para ser reproduzida em escala comercial, como a tetralogia Atividade Paranormal (Paranormal Activity, 2007/2010/2011/2012), REC (2007), Cloverfield (2008), Contatos de 4º Grau (The 4th Kind, 2009), Fenômenos Paranormais (Grave Encounters, 2011); O Túnel (The Tunnel, 2011), Apollo 18 (2011), dentre outros. Embora o estilo terror seja predominante, essa forma de narrativa acabou sendo explorada por outros gêneros, como, por exemplo, nos excelentes seriados The Office e The Comeback. São filmes de baixo orçamento e com péssima qualidade de imagem, mas que acabam sendo por vezes muito mais interessantes que os filmes tradicionais de grandes estúdios, pois para a idéia não parecer batida e uma mera reprodução do pai de todos (A Bruxa de Blair), é como se fosse uma obrigação ter sempre um tom de originalidade ao menos na história a ser contada.

A história pega carona no sucesso de adaptações de super-heróis de histórias em quadrinhos, mas nem pelas questões de baixa produção este filme pode ser considerado inferior, muito pelo contrário. Embora essa visão subjetiva da câmera seja por vezes cansativa e um tanto absurda a idéia de "salve a câmera custe o que custar", como é dito em Cloverfield, esse formato conseguiu dar um tom de realidade a uma fantasia que se desenvolve com naturalidade, prendendo a atenção e sendo até bastante convincente ao mostrar toda a tragetória do surgimento de um super herói, não parecendo tão plástico e artificial como são as adaptações de quadrinhos.

O que mais achei interessante de tudo é o desenvolvimento dos personagens, que é bastante rico, e os acontecimentos envolvendo cada um deles, além da falsa impressão do que cada um deles poderia fazer com o poder, como o personagem Steve (Michael B. Jordan), por exemplo, que é presidente do grêmio estudantil e sonha construir carreira política. A partir deste cliché imaginamos que ele poderia usar o novo dom para se promover e garantir seus objetivos, mas ele é o personagem mais sensato e que menos usa seus poderes. Ou o personagem Matt (Alex Russell), o mais bonitão da turma, que poderia se tornar exibicionista e arrogante, o que não acontece.

O único personagem cliché que acaba fazendo exatamente o que se espera é o personagem Andrew (Dane DeHaan), mas vejo o personagem mais como uma homenagem e uma referência à personagem Carrie, de Stepehen King. Aliás, foi uma bela e bem feita referência e não simplesmente uma cópia mal feita e preguiçosa. Mas até aí, só quem leu o livro ou assistiu ao filme de Brian De Palma, de 1976, para compreender o que estou querendo dizer.

Os efeitos visuais muitas vezes impressionam, mas ao mesmo tempo o excesso de chroma key é nítido, mas nada atrapalha, e fazia tempo que não assistia uma fantasia tão convincente. Vi na tela aquilo que sempre quis que acontecesse comigo quando era adolescente, vivia no mundo da fantasia e que sonhava ser alguém importante e poderoso, o que de certa forma fez do filme algo bastante nostálgico e emocionante, talvez tenha sido por isso que gostei tanto.

CONCLUSÃO...
Vai agradar em cheio aos fãs de histórias fantásticas envolvendo poderes e o processo auto conhecimento que segue a partir daí. Pra mim é atualmente o melhor filme do gênero, conseguindo ser muitas vezes melhor do que qualquer adaptação de super-herói feita até o momento quando analisamos pelo ponto de vista de desenvolvimento de história. Como disse antes, dá um tom realista a uma fantasia, mostrando de forma natural o processo e o surgimento de um super-herói de maneira muito mais realista, convincente e efetiva do que todos os outros filmes de grande orçamento já tentaram fazer.

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