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sexta-feira, 12 de agosto de 2011

MAIS UM GRANDE EFEITO DE MARKETING...

★★★★
Título: Super 8
Ano: 2011
Gênero: Fantasia, Ação, Ficção
Classificação: 12 anos
Direção: J.J. Abrams
Elenco: Joel Courtney, Zach Mills, Rolley Griffiths, Elle Faning, Kyle Chandler
País: Estados Unidos
Duração: 112 min.

SOBRE O QUE É O FILME?
Um grupo de amigos resolve fazer um vídeo caseiro e durante os takes realizados em uma antiga estação de trem, presenciam e sobrevivem a um enorme desastre sobre trilhos que revelará surpreendentes acontecimentos a todos eles.

O QUE TENHO A DIZER...
Sinceramente não gostei desse filme e ninguém pode me culpar por isso.

Estava muito interessado em assistí-lo, por conta do trailer e de todo o mistério envolvido em cima da produção, algo bastante similar com o que J.J. Abrams instruiu ser feito com o material de promoção de Cloverfield (2008), já que ele foi o produtor. E para quem assistiu e gostou de Cloverfield, acreditou que Super 8 pudesse seguir uma premissa similar. O trailer fez o que era suposto, acendendo o fogo da curiosidade em uma campanha maciça, como sempre deve ser feito em circunstâncias como essa. Então ele foi lançado e recebeu dezenas de críticas positivas não apenas pela mída especializada como também do público leigo, mas as pessoas nunca contavam sobre o que era o filme para não estragar as surpresas, como se realmente houvesse algo de muito interessante para esconder.

Ter J.J. Abrams como diretor, roteirista e produtor era um atrativo muito grande, já que ele foi o criador de seriados televisivos que não fizeram estrondoso sucesso, mas que mudaram algumas estruturas narrativas que estavam muito batidas na televisão norte-americana e que ficaram no boca-a-boca da mídia por muito tempo como os seriados Felicity, Alias, Lost e o atual Fringe, dentre outros projetos que fracassaram apenas pela falta de audiência, mas com boas idéias. Depois que ele migrou para o cinema, vem construindo um legado sólido com sua produtora Bad Robot, e tem sido muito bom naquilo que tem se comprometido, chamando atenção de diretores como Spielberg, que também é o produtor deste filme e que garante alguma qualidade. É por isso que penso que este filme foi mais sobrevalorizado por conta dos nomes que estavam contidos nele do que pelo seu potencial, pois há o fato de existir um senso comum de que só porque há o nome de Spielberg, o produto é bom, o que não é verdade. Um filme ter qualidade é uma coisa, um filme ser bom, é outra. E este é uma dessas ocasiões em que o produto tem qualidade, mas não é bom, e no fim foi uma grande decepção e uma perda de tempo comparando com o que eu estava esperando.

Obviamente que há alguns fatores que chamam bastante a atenção e nos remetem a grandes clássicos do gênero, como E.T. (1982), por exemplo. A direção de arte é belíssima, reproduzindo o fim dos anos 70 da melhor maneira possível. Claro que alguns anacronismos existem, mas são esquecíveis e passam despercebido no olhar mais leigo e imediato. Além disso, a direção de Abrams é muito similar a algumas das características que fizeram de Spielberg uma referência na época, como o uso abusivo de travellings, panorâmicas e a grua. Os travelllings, principalmente na hora de fechar uma cena em um determinado personagem durante um momento de perigo, tensão ou fuga, para aumentar a dramaticidade da situação, é algo que Spielberg usa insistentemente em todos seus filmes e que de certa forma já virou uma piada, pois quem já conhece o seu estilo conseguem antecipar esses momentos tanto quanto o zoom dado em momentos de extremo drama em novelas mexicanas. Talvez Abrams tenha feito isso propositalmente, já que ele mesmo chegou a dizer que ele é um grande fã de Spielberg e o filme é uma homenagem aos primeiros filmes do diretor. Os atores jovens, muito convincentes nos papéis, tem uma química muito perfeita, o que dá aquela sensação-Goonies de nostalgia que não sentimos há muito tempo no cinema. Referências a clássicos estão lá o tempo todo. De Romero a Spielberg, de Ridley Scott a James Cameron, todos complementando as intenções. Logo, tecnicamente, o filme é ótimo.

Mas então ocorre o acidente de trem, e se você não assistiu o filme, não tem problema, porque vou contar detalhes mesmo assim. Primeiro, me desculpe, mas é impossível uma simples caminhonete destruir um trem inteiro daquela forma e transformar tudo em uma grande catástrofe sem precedentes, a física consegue explicar isso melhor do que eu. Segundo, como é possível alguém dirigir um carro diretamente contra um trem e bater contra ele, fazer o trem de 20 vagões explodir, tirá-lo inteiramente do trilho, jogar vagões pelo ar e destruir tudo a sua volta, mas continuar vivo e com apenas alguns arranhões no rosto? Sem sentido. Isso não aconteceria nem mesmo em Indiana Jones de tão inverossímel, forçado e absurdo.

Além do acidente também há o desenvolvimento da história. Demora horas para algo interessante acontecer, mantendo um tédio infinito naquela velha fórmula de suspense de nunca revelar a ameaça por inteiro, apenas por partes, como era feito em Alien (1979), o que é um vício do cinema que não funciona mais tão bem. Depois de uma hora fiquei com sono e desinteressado, as sequências de ação e tensão acabavam tão rápido quanto começavam e o fim foi algo muito decepcionante. Existe esse monstro que faz cachorros desaparecerem, mata e come pessoas e tudo que estiver à sua frente como um o Taz Mania, até o garoto de nobre coração dizer palavras mágicas que vêm de seu mais ingênuo espírito sem precisar de tradutor porque estes sentimentos são universais (???) e esse monstro finalmente para de criar o caos e decide voltar para seu planeta.

O que é isso?

CONCLUSÃO...
Sem dúvida eu esperava algo muito melhor, e isso não é culpa minha, é culpa do material promocional que divulgou o filme como um gênero que ele não tem, com uma narrativa que ele em momento algum faz, e com uma dinâmica que em momento algum acontece, tanto é que quase dormi várias vezes. Talvez se nada disso tivesse sido feito eu teria apreciado de maneira diferente. É um filme para adolescentes, e isso é o ponto positivo dele, mas até mesmo esse público sai do cinema sentindo que algo está faltando e não engolindo muito bem os absurdos porque, embora o filme seja também uma fantasia, ele não é tratado como tal como acontece no clássico incopiável e incomparável Goonies (1982).

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